O depoimento de uma testemunha revela o funcionamento do tráfico no Morro do Vidigal, na Zona Sul do Rio.
A favela é controlada de forma indireta pelo criminoso “Johnny Bravo, que também domina as comunidades de Cruzada São Sebastião, na favela Vila das Canoas e Parque da Cidade.
Morto em 2022, o traficante Garcia era um dos chefes e os frentes do momento seriam Bilan ou Cara Torta e Bruninho , que ainda sob o seu controle algumas bocas de fumo no Município de Angra dos Reis que também está em grande parte sob o jugo do Comando
Vermelho.
Bilan seria responsável pela parte alta e Júlio pela parte baixa.
Segundo as informações, o Vidigal é uma favela centenas de vezes menor que a Rocinha, possuindo atualmente cerca de cinno bocas de fumo espalhadas pela comunidade.
Elas são a Boca do 14; a Boca da Rua 03; a Boca do Largo do Santinho; a Boca da Pedra do Seu Vitor; e a Boca do Alto, cujo acesso se dá por uma localidade conhecida como “Biroscão”.
As bocas que mais movimentam dinheiro são as bocas do 14 e da Rua 03 e tal fato se justifica porque são as bocas de fumo geograficamente mais próximas da Av. Niemeyer e estão localizadas em partes mais baixas do morro.
Estima cerca de 50 indivíduos ligados ao tráfico atuam no morro e destes, pelo menos uns 15 portam fuzis de grande poder de
destruição.
Marcha Lenta, B1, Renê, Sapo da Lagoa, Cheba, 2K ou Cuca, Manuel Aleluia, Code do Vidigal e Sapão do Vidigal eram “gerentes de preço” dentro do Vidigal, o que significa que são os responsáveis pela arrecadação do dinheiro obtido com a venda de determinada droga a determinada
preço, por exemplo: toda o dinheiro obtido com a venda de maconha a R$ 10,00 (dez reais);
As gerências do tráfico muitas vezes são divididas deste modo, com indivíduos responsáveis por diferentes faixas de preço das drogas vendidas.
Todos estes indivíduos possuem grande respeitabilidade no interior da favela, estando logo abaixo dos criminosos que são os “frentes” da favela, que em outras palavras, são os indivíduos que representam o tráfico na favela como um todo. Tanto os “frentes”, como os “gerentes de preço” possuem diversos seguranças fortemente armados para protegê-los, visto que movimentam grande quantia de dinheiro e por serem criminosos que já ocupam postos elevados dentro da hierarquia do tráfico, a sua prisão ou morte representariam uma
considerável perda para a organização criminosa.
A testemunha apontou Rascu como segurança do falecido Garcia Já já e Tchoquinho como seguranças de Bilan.
Além destes, destacam-se ainda na hierarquia do tráfico de drogas do Morro do Vidigal os criminosos Fernando, que é segurança também, mas não de um traficante, mas de uma boca de fumo, sendo portanto responsável por garantir o funcionamento da Boca do Alto sem maiores
intercorrências que possam prejudicar as vendas e Yago, que é “cria” da região, conhecendo muito bem os acessos e as rotas de fuga
que ligam a comunidade ao seu entorno.
Por este motivo, Yago ajudou de forma determinante os criminosos do Comando Vermelho a tomarem o Vidigal em 2017.
Ele tem livre trânsito entre a Rocinha e o Vidigal, sendo visto ora em uma comunidade, ora em outra e, no Vidigal costuma ficar nas proximidades da Boca do Largo do Santinho;
A testemunha apontou ainda a participação dos traficantes Taradão Taradão, que é motoboy e costuma ser acionado para “fazer umas missões” para o tráfico, dentre os quais cita a entrega de drogas nas imediações do morro – em serviço conhecido como Disque-Droga”.
Alan era um dos indivíduos que abastece o Morro de Vidigal de drogas após transportá-las da Rocinha para lá.
Dois irmãos atuam como “vapor”, isto é, atuam diretamente na venda de drogas na Boca da 14, são eles Pitoco e Bené.
Também é vapor o vulgo Kaiquinho.
Os bandidos circulam fortemente armados em atividade amplamente organizada e hierarquizada.
O traficante Bené costuma frequentar a comunidade da Rocinha e é sempre é visto portando e exibindo armas de fogo.
Igor também seria um dos seguranças do morro. Ele sempre portava um fuzil AK-47 e costumava a atuar na parte baixa da comunidade do Vidigal.
Sagaz é outro segurança da boca de fumo que fica localizada na parte baixa da comunidade do Vidigal.
Nike é mais um gerente de preço. Além do tráfico, costuma praticar roubos e furtos.
Pitoquinho é mais um vapor responsável pela venda direta das drogas aos consumidores.
Cocô é conhecido por portar uma AK47 e faz a segurança de uma das bocas.
Tramita desde 2021 um processo contra 23 traficantes do Vidigal que foram denunciados pelo Ministério Público.