Um relatório da Justiça fluminense revela um pouco do histórico de uma das maiores facções criminosas do Estado: o Terceiro Comando Puro (TCP).
O início: a formação do antigo TC e o começo com a rivalidade com o CV
Para fazer oposição às organizações criminosas já existentes no sistema carcerário fluminense que apareceram no final da década de 1970,
nasceu o grupo criminoso que ficou conhecido Terceiro Comando (TC).
A ocupação territorial em favelas do Rio foi a estratégia adotada pelo antigo TC para ter pontos de venda de drogas garantindo um mercado consumidor aos arredores.
No entanto, a existência de outras facções, como Comando Vermelho (CV), geraram concorrência.
Essa disputa por mercado consumidor transformou-se em disputa bélica entre as facções criminosas.
A ocupação das comunidades era essencial para a obtenção de lucros e foi o estopim de uma série de disputas violentas de áreas de influência, que persiste em todo o Estado do Rio de Janeiro até os dias de hoje
A união com a ADA
O traficante Ernaldo Pinto de Medeiros, conhecido como “Uê”, era um dos criminosos mais influentes nos anos 90 e integrava o CV.
Em 1994, “Uê” tramou a morte de Orlando da Conceição, criminoso conhecido como “Orlando Jogador”, liderança do CV no Complexo do Alemão.
Com a descoberta da autoria do assassinato, “Uê” foi expulso do CV.
O bandido criou, então, uma nova facção, a Amigos dos Amigos (ADA).
“Uê” se aproximou do Terceiro Comando (TC) e articulou uma união, que ficou conhecida TC/ADA.
A morte de Uê e o fim da parceria com a ADA criou o TCP
Com o assassinato de Ernaldo, em 2002, dentro da peniten ciária Bangu 1, a união TC/ADA não durou muito.
Aqueles, oriundos do TC, e outros simpatizantes que se desgarram do ADA passaram a compor a nova facção Terceiro Comando Puro (TCP).
A união com o PCC, milícias e o ingresso de poderosos chefões
Atualmente, o TCP teria firmado aliança com maior organização criminosa do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Houve um grande fortalecimento do TCP impulsionado por, entre outros fatores, o ingresso de lideranças dissidentes do grupo criminoso rival, denominado Amigos dos Amigos, como Antônio Francisco Bonfim Lopes, conhecido como “Nem da Rocinha”, Sandro Luís de Paula Amorim, alcunhado de “Peixe”, “Foca” ou “Lindinho”, e Carlos José da Silva Fernandes, de vulgo “Arafat”.
Além desses ingressos, uma aliança entre o TCP e um grupo de milicianos já foi percebida no território fluminense.
Expansão
Com todo esse fortalecimento, estima-se que as áreas de influências do TCP tenha aumentado.
O TCP mantém uma estrutura definida, com cargos específicos e hierarquia. Ela tem como fonte de recursos diversas atividades ilícitas, sendo o tráfico de drogas, o tráfico de armas e o roubo de carga as principais, tendo como suporte os processos de lavagem de dinheiro.
A intenção do TCP é3 continuar crescendo. mesmo que as consequências sejam a execução de civis e de agentes do Estado, de todos os escalões, ou mesmo ataque deliberado à paz pública e ordem social.
Os principais redutos
Hoje, os principais redutos do TCP são o Complexo da Maré (Vila do João, Vila dos Pinheiros, Baixa do Sapateiro, Timbau), Complexo de Israel (Vigário Geral, Parada de Lucas, Cinco Bocas, Cidade Alta e Beira Pica Pau), Morro do Dendê, Complexo de São Carlos, Complexo de Senador Camará, Vla Aliança, Favela do Para Pedro, Complexo da Serrinha, Complexo da Pedreira, Favela de Acari, Complexo do Caju, Morro dos Macacos, Chapéu Mangueira, Muquiço, Fubá e Campinho, entre outros.