Veja como era o modus operandi de uma quadrilha lliderada por dois irmãos, roubou cerca de 28 caminhões, entre janeiro e dezembro de 2023, na BR-493, na Rodovia Raphael de Almeida Magalhães e na Rua Luís Alberto Villas Boas Nascimento, todas em Magé.
O objetivo era o roubo de caminhões tipo Munck 1 , geralmente conduzidos por motoristas contratados, os quais eram privados da liberdade apenas por tempo suficiente para que o caminhão fosse levado para outro local e tivesse eventual rastreador desativado, evitando-se assim, que a comunicação do roubo à polícia ou a seus patrões abalasse o sucesso da empreitada criminosa.
Os motoristas não eram desapossados de seus pertences pessoais, o que evidencia que o interesse dos criminosos era exclusivamente nos caminhões, de alto valor e geralmente segurados.
Apurou-se, então, pela análise conjunta dos elementos de prova angariados, que o chefe da quadrilha era o dono de uma borracharia em Caxias. Ele era o mentor das ações, e proprietário dos veículos que eram usados nas abordagens, constantemente trocados para dificultar a identificação.
O irmão do chefe participava das abordagens aos motoristas, geralmente com emprego de arma de fogo.
Um terceiro integrante, por sua vez, era a pessoa que conduzia o veículo no qual os motoristas rendidos embarcavam. Era ele o encarregado de manter os motoristas em seu poder, sem levantar desconfianças, até receber a ordem para liberá- los.
Um quarto membro era o responsável por desativar os rastreadores e era ainda quem, em pelo menos duas oportunidades, valendo-se da mesma” história cobertura “, alugou o galpão em Magé e o sítio em Mauá, locais isolados, para onde os caminhões roubados eram levados para serem provavelmente adulterados e revendidos a terceiros.
Pelo que se constatou, alguns integrantes do grupo revezavam-se na abordagem aos motoristas, provavelmente para dificultar o reconhecimento e uma eventual vinculação entre os crimes praticados, permitindo assim a reiteração da conduta delitiva às margens da atuação policial
Os criminosos desativavam sistemas de buscas e, em seguida, os adulteravam, os veículos eram levados para outros estados, como Minas Gerais e Espírito Santo, e alguns deles chegaram a ter partes removidas, as quais eram vendidas.
Os criminosos faziam os chamados fretes, que”consistiam em pegar os motoristas e eventuais ajudantes dos caminhões abordados e colocá-los em seu carro e ficar rodando com eles por aproximadamente 40 (quarenta) minutos
Em um dos roubos, um dos criminosos chegou a dizer para a vítima. “É um assalto, se você não reagir vai ficar tudo bem. Não faça movimentos bruscos e siga o carro da frente”.
Uma das vítimas foi ameaçada a não fazer o registro policial:. O bandido disse que “não ia pegar leve da próxima vez que o encontrassem”
Um outro integranfe do bando chegou a dizer em um outro caso. “Eu quero só o caminhão, não quero nada seu”.