Uma investigação antiga revela que o traficante Rei, que foi preso hoje pela Polícia Civil do Rio, era matuto (comprador e vendedor) de drogas da quadrilha de Rodrigo da Silva Caetano, o Motoboy, que comandou a comunidade da Nova Holanda, no Complexo da Maré.
Durante o monitoramento foi evidenciado que este era o responsável por idas ao centro oeste do pais (Mato grosso e Mato grosso do Sul), para comprar e transportar drogas visando o abastecimento da comunidade da Nova Holanda.
Quando da prisão de um traficante pela Polícia Federal, onde era efetuado um carregamento de drogas (160 kg de maconha), o monitoramento revelou que Rei estava como “batedor” e conseguiu fugir.
Rei foi flagrado em escutas falando com o próprio Motoboy sobre um carregamento de drogas que estaria vindo para o Rio. Disse que já estava no meio do caminho, mas teve um problema com o carro. Motoboy, então, perguntou sobre “o bagulho”, “o produto” e Rei informou que “tá tudo certo”, “já ta aqui em Sampa”, “to indo junto, eu to indo na frente, batendo pista.
Em outra interceptação, Rei falava acerca do transporte de outro carregamento de drogas do Mato Grosso do Sul para o Rio de Janeiro. Disse que ia precisar de uns mil e quinhentos pra chegar”. Falou que “tem uma conta da caixa que ia dar pros moleques retirar amanhã” “no caixa eletrônico”.
Rei transportava grandes quantidades de droga para a quadrilha. Em uma mensagem fala-se em 100 quilos de maconha e no outro diálogo em 500 quilos de material entorpecente.
Detalhes da prisão
Rei foi preso por policiais civis da Delegacia do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (Dairj). O acusado foi localizado em um apartamento de luxo, no bairro de Ipanema, na Zona Sul do Rio, após cerca de um mês e meio de diligências sigilosas. Durante a abordagem dos agentes, ele chegou a arremessar um telefone celular e um caderno com anotações pela janela.
De acordo com as investigações da Dairj, o preso operava também uma rota aérea, com pequenas aeronaves, vindo até Mato Grosso do Sul e, de lá, por via terrestre, passando por Limeira e Nova Odessa, em São Paulo, até chegar a comunidades cariocas, como Parque União, Nova Holanda e Manguinhos, na Zona Norte do Rio.
Os agentes apuraram ainda que o acusado operava uma organização criminosa a mando de um paranaense, conhecido como “Don Carlos”, piloto de avião que fugiu do Brasil nos anos 1990 em busca de refúgio no Paraguai. A quadrilha foi alvo do Drug Enforcement Administration (DEA), órgão do governo dos Estados Unidos de repressão a entorpecentes.
O homem preso nesta quarta possui diversas passagens pela polícia e se encontrava evadido do sistema penitenciário desde 2018, após ser condenado a uma pena de mais de 23 anos de reclusão em regime fechado por tráfico e associação ao tráfico. Na época, parte de sua quadrilha foi presa transportando 300 kg de maconha.