Traficante do Complexo da Maré resgatado de uma UPA da comunidade dentro de uma ambulância em 2017 foi condenado em agosto a 10 anos e seis meses de prisão. A ação terminou com sequestro de um médico.
Renan Henrique Barbosa Campos, o RN, está preso desde outubro do ano passado quando foi capturado por policiais federais.
Segundo investigações, ele atuava como um dos gerentes do tráfico na Maré sendo homem de confiança de TH.
Renan foi flagrado em 2018 por câmeras do Globocop durante um baile funk na Vila dos Pinheiros portando um fuzil, estando no meio de outros traficantes armados.
Na ocasião, ele atirou para o alto com um fuzil auxiliado por Antônio Eugênio de Souza Freitas, vulgo Batoré, morto em confronto em 2019, tendo ao lado também o traficante Fernandinho Guarabu, chefe do Morro do Dendê, na Ilha do Governador, também morto no mesmo embate.
Em 15 de outubro de 2017, possivelmente após uma troca de tiros com policiais militares, RN foi levado à UPA da Maré, de onde foi resgatado por um grupo composto por cerca de 50 traficantes fortemente armados.
Os bandidos privaram um médico e um segurança da UPA de suas liberdades fazendo com que os mesmos entrassem, juntamente com diversos traficantes, em uma ambulância da UPA, dirigida por um dos criminosos para fazer a remoção de”RN”, gravemente ferido em provável confronto policial, para local indevido, previamente determinado.
Segundo consta dos autos, o médico, que estava fazendo o atendimento de Renan o “RN”, alertou que, pela gravidade dos ferimentos, ele teria que ser removido para uni hospital de grande porte, como o Souza Aguiar ou Getúlio Vargas, decisão com a qual os traficantes que invadiram a UPA portando fuzis, não concordaram, não aceitando a transferência para nenhum hospital da rede pública, exigindo, todavia, depois de discutirem a questão entre si, que Renan fosse removido da UPA para um lugar “deles” e que o médico o acompanhasse até ser retirado da ambulância.
Prosseguindo, quando a ambulância chegou, constrangeram o motorista da ambulância, mediante grave ameaça consistente no uso de armas de fogo, a retirar o seu macacão e as suas botas, entregando-os a um homem não identificado que fazia parte do grupo de traficantes armados.
Logo após, o homem não identificado que recebeu as roupas do motorista assumiu a direção da ambulância, enquanto “RN”, era transportado para dentro do veículo, momento em que o médico e o segurança foram obrigados a ingressar na ambulância, que saiu da UPA escoltada por um outro veículo ocupado por integrantes do grupo armado, sendo certo que rodaram por um longo período, até um local não identificado pelas vítimas, onde “RN” foi retirado e as vítimas, tiveram que entrar em um outro automóvel, no qual foram obrigadas a permanecer, durante todo o percurso, de cabeça baixa e olhos fechados, até chegarem nos fundos da UPA, onde foram libertados.
A detenção sofrida pelas vítimas que foram sequestradas ameaçados por inúmeros homens portando fuzis, resultou em grave sofrimento moral…”.