MARIO HUGO MONKEN
Processo na Justiça conta como o traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, se consolidou como chefão do crime na comunidade Cidade Alta, em Cordovil.
Em 2016, Peixão liderou uma invasão na localidade, que era controlada pela facção criminosa Comando Vermelho. Dominou a favela e, com apoio bélico e financeiro dos traficantes oriundos de Parada de Lucas e Vigário Geral, se consolidou no poder.
Para se fortalecer ainda mais, tomou conta da associação de moradores cujo presidente passou a ter com ele uma estreita relação.
A associação virou um instrumento de consolidação do poder de fato da organização criminosa sobre pessoas da comunidade.
O líder comunitário passou a avisar os criminosos sobre a movimentação das forças policiais e o filho dele atuava diretamente no comércio ilegal de substâncias entorpecentes, monitorando a movimentação de policiais na Cidade Alta.
Indicou uma mulher para a solução de conflitos entre moradores da comunidade.
Moradores passaram a ser revistados e constantes ordens para “toque de recolher” na comunidade. Alguns eram intimidados e até expulsos.
Além disso, pagava propinas a PMs para deixarem de reprimir o tráfico e, inclusive, facilitar a liberação de traficantes presos em flagrante delito.
Passou a ter negócios ilícitos fora da favela como a criação de esticas para revendendo drogas aos usuários fora dos limites da comunidade.
Também expandiu seus negócios para as regiões Serrana, Sul Fluminense e dos Lagos.
Peixão também passou a distribuir cestas básicas provindas de empresários constrangidos a contribuírem por medo de represálias.
Além disso, sua quadrilha buscava dar aparente juridicidade em ações de interesse da organização criminosa.
Integrantes participavam de reuniões como representantes da comunidade do batalhão da área.
Criou um substancioso e violento esquema de contenção armada, inclusive com montagem de barricadas pelas ruas da comunidade.
Anos depois, dominou também as localidades de Cinco Bocas e Pica-Pau, formando, nos dias de hoje, o autodenominado “Complexo de Israel”.