A Justiça levantou o sigilo do processo que vai julgar os assassinos de Fábio Romualdo Mendes, morto em 2021, em Jacarepaguá e confirmou que o crime seria fruto da disputa pelo domínio na exploração de máquinas “caça-níqueis” em regiões controladas pelo nacional Rogério de Andrade, tendo ocorrido uma desavença dentro da própria organização criminosa – ao que se denomina, vulgarmente, como “racha”-, onde o grupo a que pertencem os ora denunciados (supostos controladores da área que abrange o bairro de Bangu) pretendia tomar para si os postos ocupados por Márcio Araújo, vulgo “Araújo”, que, por sua vez, é apontado como a liderança que domina os bairros de Vargem Grande e Recreio, e para quem a vítima destes autos, Fábio Romualdo Mendes, trabalhava.
Conforme restou apurado pela equipe à frente das investigações, no dia dos fatos, por volta das 9h40min, Fábio foi executado com inúmeros disparos de arma de fogo, enquanto se encontrava no interior de seu veículo Corolla, aguardando que sua esposa fosse atendida no Centro Municipal de Saúde Cecília Donnagelo, em Vargem Pequena.
Tais disparos teriam sido efetuados por dois indivíduos que se encontravam numa motocicleta vermelho, os quais, segundo narram os autos, teriam sido contratados pelos denunciados, mediante prévia encomenda financeira remunerada, para a prática do delito.
Uma testemunha relatou que uma parte do grupo de Rogério Andrade tinha como chefe Flávio da Silva dos Santos, presidente da Mocidade preso essa semana, seguido pelo ex-PM Batata que era seu braço-direito, além do PM Bruno Marques, também preso, Papa, Muniz e Vitinho.
Através de rodas de conversas que ocorriam na Praça na Caixa D’agua, local de encontro para reuniões, base de saída para as atividades criminosas e entrega de armamentos, o declarante obteve informações sobre a empreitada que culminou no homicídio.
Uma semana antes do crime ouviu uma conversa entre Bruno e Muniz sobre a tentativa de matar Fábio a mando de Batata.
Ambos falavam sobre a dificuldade de executar o crime, tendo em vista que a vítima andava de veículo blindado, e, por isso, seria preciso usar um fuzil de calibre 7,62 e que na Estrada dos Bandeirantes passava muita viatura da Polícia Civil.
Conversando com um amigo, que estava envolvido na morte do contraventor Fernando Iggnácio, soube que o alvo da empreitada era Fábio, que trabalhava para Araújo.
Araújo e esse amigo trabalhavam para Rogério Andrade, mas controlavam outra região.
Soube por esse amigo, que os autores utilizaram uma moto e que havia um veículo dando cobertura.
Disse acreditar que os responsáveis pela execução do crime foram Papa, Muniz, Vitinho e Bruno que, após o fato, ficou sumido por um tempo.
Quando Bruno retornou o ouviu comentando que ele, Papa, Muniz e Vitinho tinham ‘pego o cara’.
Além disso antes, do crime, Bruno estava sem dinheiro e, depois, apareceu com muita grana.
Sabe que todas as mortes que ocorrem a mando de Batata são realizadas por estes quatro indivíduos.
Disse que Papa é o mais cruel e geralmente executa. Falou acreditar que ele tenha sido responsável pelos disparos que mataram Fábio.
Bruno geralmente dirigia os veículos utilizados, pois, como policial militar, em caso de algum contratempo, pode dar carteirada.
O grupo teria duas pistolas Glock, calibre 9 mm, com kit rajada. As armas não ficam uma pessoa específica, mas circulam entre todos os integrantes do grupo. Possivelmente essas armas foram utilizadas na morte de Fábio”.
Os acusados Batata, Rodriguinho e Bruno, atualmente, encontram-se recolhidos em estabelecimento penal por fatos alheios aos aqui tratados, enquanto o corréu Anderson (foragido), segundo consulta junto ao banco nacional de mandados de prisão, possui em seu desfavor diversos mandados de prisão em aberto,