Relembre agora como foi o assassinato do bicheiro Fernando Iggnácio, cujo principal suspeito de ser o mandante foi Rogério Andrade, preso hoje pelo crime.
No dia 10 de novembro de 2020, por volta das 13h15min, através de um terreno baldio ao lado do estacionamento do heliporto da empresa “Heli-Rio Táxi Aéreo”, situado na Avenida das Américas, nº 13.750, no bairro Recreio dos Bandeirantes, nesta comarca, quatro criminosos efetuaram disparos de arma de fogo contra Iggnácio.
O delito foi cometido por motivo torpe, eis que decorrente de disputa entre contraventores pelo controle de pontos de exploração do jogo do bicho, videopôquer e máquinas caça-níquel.
Os assassinos usaram armas de alta energia cinética (fuzis calibre 7,62 mm), revelando uma brutalidade desnecessária para a consumação do crime e, ainda, colocando em risco as demais pessoas que se encontravam no local.
O crime foi cometido através de emboscada e adoção de outros meios que impossibilitaram a defesa da vítima, em razão de os denunciados terem se colocado em tocaia, de maneira camuflada com a extensa vegetação que ladeava o muro do heliporto, e escolhido de modo preciso o local e o momento em que ela estaria desprotegida.
O crime consistiu em mais um capítulo da disputa entre antigos contraventores do Rio de Janeiro, que, sendo familiares e herdeiros do falecido contraventor Castor de Andrade, passaram a travar uma guerra pelo espólio deixado por este em relação a pontos de exploração do jogo do bicho, videopôquer e máquinas caça-níquel.
Fernando Iggnácio e Rogério são, respectivamente, genro e sobrinho do falecido contraventor Castor de Andrade, que foi chefe máximo do jogo do bicho no Estado do Rio de Janeiro.
Desde o falecimento de Castor de Andrade (ano 1997), houve uma cisão na sua família, decorrente da disputa entre os seus filhos e o seu sobrinho Rogério de Andrade pelo controle dos negócios ilícitos deixados, provocando diversos homicídios ao longo dos últimos 23 (vinte e três) anos, como o de Paulinho de Andrade (filho de Castor) e o de Diogo de Andrade (filho de Rogério).
Conforme restou apurado, o PM Araújo é um dos responsáveis pela segurança pessoal de Andrade (a quem se referia como “chefe” ou “01”), tendo sido responsável por contratar, a mando deste, os demais denunciados para executarem o crime.
Rodrigo Silva das Neves (preso) e Ygor Rodrigues Santos da Cruz, o Farofa (morto), já trabalharam como seguranças da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel, cujo patrono é o denunciado Rogério de Andrade.
No dia do fato, por volta das 09h, conforme previamente ajustados entre si e seguindo as ordens de “Araújo” e de Rogério de Andrade, enquanto um dos executores aguardava no automóvel utilizado por eles (VW Fox Connect, cor branca, placa clonada – LTA-8778), os outros três invadiam o terreno baldio que faz divisa com o heliporto da empresa “Heli-Rio Táxi Aéreo”, munidos de, pelo menos, duas armas de fogo de alta energia cinética (fuzis Parafal e AK-47, ambos de calibre 7,62 mm).
Após aguardarem, por cerca de 4h, Fernando Ignacio retornar de Angra dos Reis, em seu helicóptero, três dos executores posicionaram suas armas em cima do muro contíguo ao do estacionamento do heliporto e a uma distância de, aproximadamente, 4m (quatro metros) do local onde estava estacionado o automóvel dele (Land Rover/Range Rover, blindada, ano 2007, cor preta, placa KQN-6831).
Assim que a vítima se colocou ao lado de seu veículo, pelo menos, dois dos matadores denunciados efetuaram diversos disparos de arma de fogo, tendo 3 (três) deles a alvejado, sendo que um foi na região da sua cabeça, entre o nariz e o olho esquerdo, fazendo com que o projétil adentrasse a caixa craniana e explodisse em seu interior, espargindo massa encefálica…
OPelo assassinato de Fernando Ignácio, foram pronunciados e serão levados ao Tribunal do Júri da 1ª Vara Criminal, os PMs e ex-PMs Rodrigo Silva das Neves, Pedro Emanuel d’Onofre Andrade Silva Cordeiro e Otto Samuel d”Onofre Andrade Silva Cordeiro. Durante o decorrer do processo, morreu Ygor Rodrigues Santos da Cruz, que também tinha sido denunciado pelo crime.