O homem preso suspeito de extoquir motociclistas de aplicativos na Ilha do Governador revelou à Justiça como funciona o esquema.
COMO FOI A PRISÃO
Policiais militares do Serviço de Inteligência (P2) e policiais civis da 37ª Delegacia de Polícia realizaram operação conjunta para apurar denúncias de que traficantes locais, vinculados à facção criminosa TCP, estariam exigindo uma quantia de mototaxistas para atuação como motoristas dos aplicativos de viagens “Uber” e “99” na Ilha do Governador.
De acordo com as denúncias recebidas, caso o motorista de aplicativo não efetue o pagamento da taxa e seja flagrado conduzindo sua motocicleta na Ilha do Governador, sofre represálias.
Os agentes receberam a informação de que um elemento responsável pelo recolhimento desta taxa estaria no ponto de mototáxi atrás do Shopping Ilha Plaza.
Ato contínuo, se dirigiram ao local e, tão logo chegaram, encontraram o suspeito, que trajava um colete de mototáxi e era o responsável pelo ponto.
O ESQUEMA
O indiciado admitiu aos policiais ser o responsável pela distribuição de “selos” utilizados pelos mototaxistas que trabalham através do aplicativo de viagens “99”.
Esclareceu que também é o responsável por arrecadar, semanalmente, sempre às sextas-feiras, uma taxa no valor de R$ 50,00 de cada motociclista que atua pelo aplicativo.
Afirmou que realiza o recolhimento desta taxa a mando dos traficantes da localidade. Informou que para utilizar os aplicativos de viagens, os motociclistas realizam o pagamento em espécie ou transferem via Pix a taxa para uma conta em seu nome e que, posteriormente, saca o valor arrecadado e entrega na Boca da Pedreira, em Guarabú, a um traficante que não sabe o nome.
Disse que os motociclistas efetuam o pagamento da taxa por medo de sofrer represálias dos traficantes, que atuam na região com o emprego de armas de fogo de grosso calibre.
O preso portava uma bolsa preta, que continha R$ 1.000,00 em seu interior, em notas de R$ 20,00 e R$ 50,00.
Em sede policial, o conduzido não apenas confirmou a confissão informal feita aos policiais no local da abordagem, como confessou que o dinheiro apreendido era proveniente das cobranças feitas aos mototaxistas e deu maiores detalhes sobre o funcionamento do esquema.
Asseverou que o controle dos pagamentos é feito por meio de um adesivo de cor amarela com a logomarca do aplicativo “99”. Relatou que após o pagamento da taxa semanal o motociclista é inserido em um grupo do aplicativo de mensagens WhatsApp, denominado “UBER/99”. Indicou que existem cerca de 240 mototaxistas cadastrados, que realizam os pagamentos semanais e estão inseridos no referido grupo de mensagens.
Negou, contudo, ter cometido qualquer tipo de ameaça ou violência contra os motociclistas.
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Vale destacar que, conforme acima mencionado, existem cerca de 240 mototaxistas que realizam o pagamento semanal da taxa de R$ 50,00 (cinquenta reais) ao indiciado. A partir de uma simples multiplicação, tem-se que semanalmente a quadrilha obtém a quantia de R$ 12.000,00 (doze mil reais) apenas em razão da exploração dos mototaxistas.