Policiais militares e um policial civil participaram um sequestro em agosto. O agente da Civil acabou preso.
ENTENDA TODA A TRAMA.
A vítima relatou que no dia 01 de agosto de 2023, por volta das 14h30min, estava na sua casa, localizada na Rua Lino Teixeira, no Jacaré, quando três homens (entre eles dois PMs) entraram pelo portão da vila onde mora e foram até a sua residência.
Segundo o alvo, os indivíduos forçaram a entrada na vila e todos portavam armas de fogo.
Ao entrarem na casa, os suspeitos disseram que “a casa havia caído”, que teria “perdido e que tudo estaria “dado” por algum informante.
Os bandidos disseram que levariam a vítima para a facção rival, na favela do Pinheiro, para “vendê-lo” e que caso houvesse alguma denúncia à polícia, iriam atrás da família do alvo.
Inicialmente exigiram a quantia de R$100.000,00 para que libertassem a vítima, que foi colocada dentro de um carro Nissan Sentra, de cor branca.
A vítima foi constantemente ameaçada de agressões e morte.
Os indivíduos exigiram que a vítima entregasse todos os pertences em ouro que tivesse, bem como mostraram uma foto em que ela usava um cordão de ouro para que também fosse entregue.
De acordo com a vítima, a foto havia sido tirada dentro de sua casa e não havia sido postada em rede social.
A vítima disse aos indivíduos que havia vendido o cordão, mas na verdade o objeto foi levado para casa de seu amigo e posteriormente guardado em um cofre de uma casa lotérica.
A todo momento, os indivíduos diziam que a vítima era rica e perguntavam se gostaria de ser preso ou preferia pagar pela sua liberdade, bem como disseram que iam “foder” a vítima de algum jeito.
Disseram, inclusive, que iriam forjar um porte ilegal de arma de fogo a vítima e sua esposa. Os indivíduos acessaram todas as contas bancárias do vítima para saber o seu saldo, mas não havia dinheiro nas contas.
A vítima usava dois cordões de ouro, com cerca de 20g de ouro, que foram subtraídos pelos indivíduos. Os roubadores também subtraíram cerca de R$ 2.350,00 que estava em cima da mesa de casa, além de um BOX Series X de 1TB .
Após saírem com a vítima de sua residência, os indivíduos ficaram circulando com a vítima dentro do carro. A vítima ficou sentada no banco de trás com um dos indivíduos, que dizia que, caso tentasse algo, seria morto ou agredido. Os dois outros indivíduos estavam sentados no banco do motorista e do carona.
Primeiramente, a vítima foi levada para uma padaria localizada em frente a 21ª DP, onde ficaram for cerca de 30 minutos. Os indivíduos foram cumprimentados por outros policiais militares.
Na padaria, aguardaram o pagamento de R$50.000,00 pelo resgate da vítima, valor esse aceito em substituição aos R$100.000,00 pedidos.
Posteriormente, os indivíduos levaram a vítima para a Praça das Nações e, depois, para a Avenida Brasil, próximo da Comunidade do Pinheiro, Nova Holanda e Parque União.
Após passarem pelo Parque União fizeram o retorno na Avenida Brasil e ficaram circulando por trás do Shopping Nova América e pararam o veículo novamente próximo à 21ª DP.
Por volta de 19 horas, os indivíduos pararam o carro no Morro do Alemão e entraram em um acordo.
Os indivíduos subtraíram um telefone iPhone 14 pro max, R$ 2350,00 em dinheiro, e 3 cordões totalizando aproximadamente 20 gramas de ouro e libertaram a vítima, sob a condição de que fosse pago o valor de R$10.000,00 até 1:30h após sua libertação.
A vítima foi deixada próximo a uma cabine da UPP, na localidade conhecida como rabo do rato, na Comunidade do Rato Molhado, perto de onde reside.
Pouco antes de libertarem a vítima, os indivíduos comentaram que queriam sua moto, uma BMW 310, avaliada em R$30.000,00.
O local combinado para pagamento dos R$10.000,00 era o bar da amendoeira, no bairro do jacaré, atrás do campo do AGE, indo em direção ao B2 (outra comunidade).
Os contatos feitos com familiares e amigos para conseguir a quantia exigida pelos criminosos eram realizados com aparelho da vítima, que estava em poder dos criminosos.
Ouvido em sede policial, o irmão da vítima disse que a quantia exigida para libertação do seu irmão deveria ser entregue à esposa do alvo, por pix, que estava fazendo a negociação com os criminosos.
O irmão do alvo relatou ter recebido diversas ligações, realizadas no telefone da vítima pelos indivíduos, exigindo o pagamento.
Ainda segundo o irmão da vítima, ele ligou para os indivíduos dizendo que tinha o valor de R$5.000,00.
Os criminosos, então, disseram que o restante deveria ser entregue à esposa, solicitou que a moto da vítima, e toda a documentação, fosse entregue aos criminosos.
Os irmãos da vítima se dirigiram à DAS. Ao saberem dos fatos, os policiais civis foram à Rua Darke de Mattos, próximo ao número 11, onde visualizou o automóvel da marca Nissan, cor branca, viatura descaracterizada da Polícia Civil estacionada na calçada.
De acordo com as informações da DAS, o veículo estava sendo utilizado por um policial civikl.
O delegado determinou que as equipes permanecessem até identificação e captura do agente suspeito já que a ocorrência ainda estava em andamento e o pedido de resgate ainda estava sendo exigido através de contato telefônico com a vítima.
Por volta das 18h o policial suspeito apareceu na localidade e foi abordado pela equipe.
Em sede policial, o acusado relatou ter recebido, no dia 01/08/2023, por volta das 11:00, um telefonema via whatsapp de um policial militar, conhecido como o vulgo ‘Leoi, que disse que queria conversar pessoalmente.
Lepo informou que tinha uma informação de que havia um indivíduo na comunidade do Rato molhado que realizava desbloqueio com acesso ilegal à contas de celulares roubados, fazendo desvio de dinheiro das vítimas, inclusive, conseguia acessar via icloud os cartões bancários cadastrados.
Lepo ligou para um outro policial militar, de vulgo “Zóio”, que foi ao encontro deles, e resolveram ir com a viatura descaracterizada até o endereço do alvo.
De acordo com o policial civil preso, Lepo e Zóio procuraram os aparelhos telefônicos e depois todos saíram da casa com a vítima e que tentariam fazer contato com o receptador dos telefones.
Segundo ele, o único motivo por ter ficado tempo com a vítima dentro do carro foi por conta da espera do retorno de mensagens que havia mandado para o receptador.
O policial civil, ao ser questionado, sobre o x-box e cordões de ouro, disse que sequer viu x-box ou a vítima usando cordões de ouro.
O policial civil foi identificado no vídeo fornecido pela vítima.
Consta ainda do APF que o telefone do agente é o mesmo fornecido pelo policial civil como sendo o do indivíduo identificado como “Lepo”.