A reportagem teve acesso também a trechos de negociações de um grande esquema criminoso de policiais militares com funcionários de empresas recuperadoras de veículos.
Tais empresas buscavam localizar carros furtados e roubados, e, em seguida, os PMs conseguissem recuperar o carro, recebiam da seguradora um determinado valor.
Assim, verificou-se que funcionários de tais empresas possuíam conluio com diversos policiais militares, repassando a eles a geolocalização de carros roubados/furtados (através de rastreador) que estejam em comunidades dominadas por facções criminosas.
Tais funcionários ofereciam aos policiais militares, em contrapartida, uma promessa de recompensa pela recuperação dos veículos, denominando a propina de“prêmio”.
Com isso, tais policiais passavam a procurar tais veículos com a clara finalidade de lucrar de forma criminosa.
Havia uma verdadeira “caça ao tesouro” quando os agentes policiais eram informados sobre a geolocalização de algum veículo roubado/furtado.
Nessa busca incessante por veículos roubados/furtados, policiais militares chegavam a fazer acordos escusos com criminosos.
Em uma escuta, um terceiro sargento foi flagrado dizendo que iria “cair um dinheirinho na conta” dele, na ordem de “400 reais”, referente a “umcarrinho que recuperamos aí”.
O PM, então, disse que o valor correto é “500, mais 100 do reboque”.
Neste caso, os policiais foram acionados por algum funcionário de empresa recuperadora de veículo e conseguiram recuperar um carro não identificado, recebendo propina em contrapartida.
Os PMs chegaram a receber R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) realizado por funcionários de recuperadoras de veículos após recuperarem o veículo Fiat Pálio, cor preta, Placa KRL 93 para a firma.
Um contato enviou uma mensagem a um cabo PM contendo informações do veículo Fiat Pálio, cor preta, Placa KRL 93, bem como a geolocalização do mesmo, além da informação do “prêmio” no valor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), que, como dito acima, nada mais é do que a propina paga por recuperadoras de veículos a policias militares.
O contato ainda fez um pedido ao cabo: “pega para a gente, meu amigo”:
No dia seguinte, o terceiro sargento encaminhou o comprovante de PIX para o cabo no valor de R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais), confirmando que o valor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) da propina foi pago pelo contato” após a recuperação do veículo, já que a dupla de policiais dividiu ao meio o valor da propina paga.
Ressalte-se que foi verificada a existência de Registro de Ocorrência de recuperação do citado veículo (RO n. 908-13150/2019), no qual o terceiro sargento figura como testemunha, apenas confirmando a prática delitiva.
Em outro caso, os PMs receberam pagamento de R$ 1.800,00 realizados por funcionários de recuperadoras de veículos após recuperarem um veículo modelo Uno e outro modelo Astra para a firma.
Um terceiro sargento pediu ao cabo que enviasse sua conta Bradesco para ele transferir os R$ 100,00.
Em seguida, o terceiro sargento mencionou os valores pagos pela recuperadora de veículos em relação a 2 carros: Uno e Astra.
Ele disse que era que é “800” reais do “Uno” e “1000” reais do “Astra”, além de deixar claro a divisão da propina e a participação de 2 guarnições ao dizer:
“1800 ÷ 2 guarnições = 900$”. […]