Narcomilicianos ligados à facção criminosa Comando Vermelho (CV) estão explorando serviços ilegais de internet, sinais de TV, distribuição de água e gás de cozinha em diversos bairros de Itaboraí. A estimativa é de que a organização lucre cerca de R$ 15 milhões por mês.
A Polícia Civil está fazendo operação que pretende cumprir 72 mandados de busca e apreensão nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, Maricá, Cabo Frio, Arraial do Cabo e, principalmente, em Itaboraí.
A Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) investigou o grupo durante 11 meses. Além de sedes de empresas associadas aos narcomilicianos e seus sócios, os agentes cumprirão mandados em presidios de Bangu.
De dentro da cadeia, lideranças desses grupos passam ordens e fecham “acertos”, principalmente, com empresas de provedores de internet, que terão exclusividade na oferta de serviço na região.
De acordo com as investigações, após acerto com os narcomilicianos, as empresas passam a atuar com exclusividade nas comunidades, mediante o pagamento de 50% do valor arrecadado com a prestação dos serviços de baixa qualidade para os clientes.
Com isso, a população fica sem a opção de contratar serviços de qualidade superior de outras firmas, especialmente as concessionárias mais conhecidas no mercado, já que as mesmas acabam sendo impedidas de acessarem os locais.
Segundo as investigações, a quadrilha se apropria de equipamentos e materiais utilizados nas redes de dados instalados nas comunidades e de moradores e repassa às empresas associadas aos narcomilicianos, que se comprometem a fazer pagamentos mensais aos criminosos.
O dinheiro é revertido para comprar armamento e na lavagem de dinheiro na aquisição de estabelecimentos comerciais, investindo em empresas e serviços que tenham aparência de legalidade.
O objetivo dos agentes é arrecadar armas de fogo, munições, telefones, computadores, dispositivos eletrônicos, cabeamentos e demais materiais relacionados às empresas prestadoras de serviço, além de anotações, depósitos bancários, contratos e documentos relacionados à atividade criminosa.
Os envolvidos responderão pelos crimes de interrupção de serviço essencial, receptação qualificada, associação criminosa. Os agentes também apuram o envolvimento da facção nos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.