A denúncia do Ministério Público Estadual contra traficantes da Ilha do Governador que extorquem motoristas de aplicativo aponta que Júlio César Lopes dos Santos foi executado por ordem do chefe do tráfico do Morro do Dendê pois a vítima trabalhava como mototaxista e se recusou a realizar o pagamento da “taxa” exigida pelos criminosos para trabalhar no bairro.
Um motorista de aplicativo ao se dirigir para atender uma corrida com origem na Rua Tenente Cleto Campelo, na Comunidade do Guarabu, na llha do Governador, foi surpreendido com a presença de barricadas na Rua Grana, altura do número 520, e, ao tentar manobrar para retornar, foi abordado por dois criminosos não identificados, que armados com um fuzil e uma pistola.
Eles determinaram que o trabalhador após ele se identificar como motorista de aplicativo, os acompanhasse até a praça localizada na Rua Grana,
esquina com a Rua Baviera.
Ao chegar na praça, a vítima encontrou um suspeito sentado em um banco com vários papéis e anotações em cima de uma mesa que lhe informou que naquela localidade funciona uma cooperativa de motoristas de aplicativo, sendo necessário fazer um cadastro e pagar a taxa de R$ 150,00 por semana para trabalhar na Ilha do Governador, de acordo com
O bandido, então, efetuou a cobrança do valor de R$ 400,00 pois o alvo já vinha trabalhando como motorista de aplicativo sem efetuar qualquer pagamento.
Após a vítima informar que não possuía aquela quantia, apenas um cartão de crédito, um outro criminoso não identificado, que portava um fuzil, dirigiu-se ao estabelecimento comercial situado na Rua Grana, nº Rua Grana, nº 172 e retornou com uma máquina de cartão, quando a vítima foi constrangida a pagar, via cartão de crédito, a importância de R$ 450,00 em razão dos juros da máquina de cartão.
A.D.P.L também foi constrangido a pagar a taxa aos traficantes após receber grave ameaça de morte e com emprego de armas de fogo (fuzis e pistola).
Os bandidos exigiram dele o pagamento de R$ 100,00 (cem reais) semanais e o cadastramento na cooperativa para permitir adentrar e trabalhar
como motorista de aplicativo no bairro da Ilha do Governador.
De fato, enquanto realizava uma corrida de transporte de passageiros na Rua Magno Martins, a vítima foi abordada por cerca de 15 indivíduos armados, quando um elemento não identificado de cor negra, portando fuzil, determinou que estacionasse o automóvel e descesse do carro,
falando com um bandido vulgo Dogão que empunhava uma pistola, para que levasse a vítima para a “reunião”, ocasião em que percebeu que havia, aproximadamente, 20 motoristas de aplicativos na escadaria da Praça Magno Martins, onde um elemento de vulgo “Jonnhy eriu as
seguintes frases e ameaças: “A Ilha tem dono! Motoristas de aplicativos que não pagassem a taxa semanal seriam pegos pelos motociclistas do tráfico, que tacaria fogo, quebraria o carro ou parabrisas, furaria os pneus dos carros”.
Um outro bandido, vulgo Marreco ou ML, que aparentava ter voz de comando no grupo criminoso no momento, realizou a filmagem da vítima e dos demais motoristas, alertando que quem não pagasse teria o carro danificado e poderia ser morto, enquanto um comparsa, vulgo Valoroso ou Pavora, e outro chamado Anderson portavam fuzis, fazendo a segurança do grupo criminoso, dando cobertura à ação e liberando a vítima e os demais motoristas, que estavam subjugados, somente por volta da meia-noite.
A denúncia descreve que o bando de Neves exerce o modus operandi repetido perpetrado na Ilha do Governador pela facção Terceiro
Comando Puro (TCP), que durante muitos anos foi comandada no bairro por Fernandinho Guarabu e Gil, que eram os líderes do tráfico de drogas do Morro do Dendê do Dendê e de inúmeras comunidades na região e se associaram com o miliciano Batoré para explorarem, juntos, a
extorsão contra motoristas de transporte alternativo na região.
No entanto, depois de mais de uma década de domínio foram mortos na mesma operação policial, fazendo com que o controle do tráfico de drogas e da exploração ilegal de transporte alternativo na Ilha do Governador, entre outras atividades ilícitas, passasse para Neves.