O relatório da PF sobre o caso Marielle também descreve que hoje em dia as milícias se alastraram para o tráfico de entorpecentes, onde atualmente é possível perceber a movimentação de fusão entre milícias e traficantes, de modo que, hoje, estamos diante de um cenário narcomiliciano no Estado do Rio de Janeiro.
Esse movimento de aproximação se mostrou do interesse dos líderes das facções do tráfico pela constatação de que as milícias no Rio de Janeiro sempre foram tratadas como um mal menor.
A principal diferença entre os grupos de milicianos e as facções criminais já não reside tanto nos mercados que fornecem as bases econômicas para a sua reprodução – visto que eles são cada vez mais próximos – e sim nos tipos de atores que integram essas organizações.
O que caracteriza uma milícia enquanto tal é sobretudo a participação de agentes públicos – como membros do Judiciário,
parlamentares e policiais civis e militares da ativa e reserva – em seus quadros, algo que muito dificilmente ocorre nos comandos do tráfico.
As alianças entre milicianos, policiais, parlamentares, bicheiros e traficantes que contribuiu para o fortalecimento dos grupos paramilitares nos últimos anos.
A participação de agentes públicos em grupos criminais milicianos constitui uma vantagem em relação aos demais grupos criminais
armados e um dos maiores empecilhos no combate às milícias. Investigações conduzidas pela Polícia Civil frequentemente chegam a incriminar policiais e parlamentares e não raro esbarram em interferências políticas, como o afastamento de delegados, trocas de chefia e demais formas de obstrução de investigação.
Apesar de abranger uma extensão territorial maior do que os demais grupos criminosos, incluindo as áreas sob disputa, o número de
operações policiais destinadas à desarticulação dos grupos paramilitares é consideravelmente menor do que os do tráfico.