MARIO HUGO MONKEN
A Auditoria da Justiça Militar do TJ-RJ arquivou um processo sigiloso que tramitava desde 2021 contra cinco policiais militares acusados de sequestrar dois homens na Linha Amarela. Eles teriam pedido R$ 1 milhão de resgate, segundo a denúncia.
Segundo os autos, o fato teria ocorrido no dia 10 de fevereiro de 2021, entre 11h30min e 13h:30min.
Os PMs foram acusados de subtrair um telefone celular de uma das vítimas depois de havê-la reduzido à impossibilidade de resistência, mediante algemação e uso ostensivo de arma de fogo.
Na ocasião, dois dos agentes investigados abordaram um veículo na Linha Amarela, sentido Ilha do Governador. Os alvos foram sido retirados do automóvel, revistados e fotografados.
Dois dos denunciados de posse das fotografias e através de contato telefônico com elemento não identificado, obtiveram a informação de que uma das vítimas era filho do traficante de drogas “Sardinha”, momento em que apoderaram-se do telefone celular da vítima e enviaram ao tio da vítima, uma fotografia dos alvos, exigindo o valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), a título de resgate, sob pena de imputarem às vítimas a posse de dois quilos de cannabis sativa (maconha).
Em seguida, os denunciados , os PMs mantendo as vítimas algemadas, colocaram-nas no banco traseiro da viatura e dirigiram-se à base do BPVE, localizada sob o viaduto de Bonsucesso, local em que os outros três agentes envolvidos, aderindo à conduta já iniciada pelos demais denunciados transferiram as vítimas para o interior do carro particular, Kia Sportage SPORTAGE, cor preta, de propriedade de um dos PMs.
Os policiais ainda mantendo as vítimas algemadas e privadas se suas liberdades, com emprego de violência e grave ameaça, dirigiram-se até a Vila do João.
Como os denunciados não conseguiam fazer os familiares pagarem o valor exigido, passaram a ameaçar as vítimas e os familiares de entregar estas ao grupo criminoso daquela comunidade, qual seja o Terceiro Comando Puro.
As vítimas, ao longo de todo o período de negociação, ou seja, mais de três horas, permaneceram privadas de suas liberdades, algemadas, sem possibilidade de resistência, ressalte-se, percorrendo pelos lugares acima descritos até serem deslocadas, por último, para o estacionamento do piscinão de Ramos, ocasião em que os denunciados lograram êxito em acertar o pagamento da quantia de R$ 10.000,00 com a mãe de um deles.
Contudo, os denunciados, antes de auferirem o valor exigido e após desconfiarem que os familiares haviam feito contato com advogados, liberaram as vítimas, por volta das 13h30min, próximo à passarela de acesso à Linha Amarela, na comunidade Nova Holanda, permanecendo, entretanto, com a posse do aparelho de celular da vítima.
Não foi possível obter informações sobre o desfecho da história porque a ação corria sob sigilo.
O Ministério Público Estadual solicitou a prisão preventiva dos acusados mas a Justiça negou. Houve recurso, que foi negado e o processo consta no site do TJ-RJ como arquivado desde o dia 13 de julho de 2023.
Como o processo estava em segredo, não foi possível saber pela página do Tribunal o motivo para o arquivamento.