Investigação iniciada anos atrás revelou a a existência de quatro organizações criminosas destinadas ao roubo de cargas, atuando de forma isolada, utilizando, principalmente, as comunidades Dique, Furquim Mendes e Beira Rio como base para descarregar e alienar os produtos subtraídos. No entanto, em algumas ocasiões, atuavam em conjunto.
Parte dos lucros obtidos com as vendas das mercadorias subtraídas era destinado aos chefes do tráfico de drogas.
Os roubadores precisavam da permissão do tráfico para praticarem esses delitos.
Os ladrões faziam a abordagem e levavam para dentro da comunidade; que nas comunidades eles se sentiam mais seguros para fazerem o transbordo da carga.
O trabalho inicialmente foi deflagrado para apurar tráfico de drogas relativo à facção Comando Vermelho; que seria na região de Bangu; que policiais estavam em deslocamento pela Av. Brasil; que três pessoas, ao perceberem a presença policial, correram; que deixaram cair uma mochila; que dentro dessa mochila tinha drogas e um caderno; que o caderno tinha contabilidade rudimentar e alguns números de telefone; que investigaram; que não havia como realizar diligências convencionais; que isso foi porque as comunidades Vila Kennedy e Metral haviam predomínio de traficantes armados; que foi feita a representação pela interceptação telefônica; que dessas interceptações foi verificada a existência do tráfico; que também verificaram roubadores; que haviam quatro grupos de roubados; que esses grupos pertenciam a comunidades que rodeiam a Av. Brasil.
Os roubos eram feitos na Dutra e na Av. Brasil; que na Av. Brasil eram realizados na altura da Penha até a entrada da Dutra; que segundo os informes colhidos o Complexo do Chapadão tinha proibido a entrada de roubos de carga na comunidade; que os roubadores passaram a usar como base as favelas Furquim Mendes, Ficap, Dique e Beira-Rio; que são comunidades em Jardim América e Vigário Geral; que todas essas favelas são do Comando Vermelho.
Os roubadores saíam todos os dias do Complexo do Chapadão; que eles iam fazendo conversação por telefone; que as vezes tinham cinco ou seis pessoas em uma ligação; que falavam desde a saída da favela até a Dutra; que os roubadores iam monitorando os caminhões; que escolhiam os caminhões que estavam cheios; que descobriu com as escutas que o caminhão quando está vazio faz muito barulho; que os roubadores também observaram a suspensão dos caminhões; que eles roubavam aleatoriamente um caminhão; que conduziam os caminhões para algumas das favelas já mencionadas.
Foram identificados de 30 a 40 roubos de uma das quadrilhas; que esse bando tinha um grupo maior; que as vezes também roubavam em grupos menores; que pelo que foi captado as favelas cobravam 40% do roubo; que eles pagavam 40% para as favelas para poderem entrar com o caminhão roubado; que o restante era dividido entre as pessoas que efetivamente participaram do roubo
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A maioria dos compradores das cargas roubadas eram os camelôs; ambulantes do Centro da Cidade e da Barreira do Vasco; que no entanto a maioria dos receptadores eram da Pavuna; que se a carga fosse do gênero alimentício ia parar na feirinha da Pavuna.
O sistema de roubo da quadrilha não era de cargas específicas; que a quadrilha roubava cargas aleatórias; que conforme era roubado eles entravam na comunidade; que depois procuravam fazer contato com os receptadores de acordo com a especialidade de receptação.; que eles não tinham um comprador certo.
Os roubadores tinham o controle de tudo que era vendido; que teve um roubo de carga que era de móveis de banheiro; que a carga ficou encalhada dentro da favela; que eles tiveram que dar as mercadorias para morador, pois não teve saída; que as mercadorias que tinham saída rápida eram a de produtos alimentícios; que teve uma outra situação em que a quadrilha roubou uma carreta de Fanta Laranja; que o dono da carreta foi na comunidade e pagou o resgate da carga; que o dono da carga pagou o resgate direto aos roubadores; que bebida era algo que saía rápido também; que várias vezes eles conseguiam carga de cerveja; que tinha um grupo de camelôs no whatsapp; que conforme chegavam as mercadorias eles divulgavam no grupo; que quem tinha interesse se manifestava; que teve um roubo feito por outro grupo que era uma carreta de whisky; que começaram a divulgar nos grupos; que os integrantes dessa quadrilha em questão fizeram contato para comprar a carga para revender;
Em um outro roubo, o caminhão assim que saiu da rota foi travado; que um dos roubadores ligou para a firma mandando desbloquear se não ia matar o motorista;
Vários caminhões possuem esse sistema de trava quando saem da rota; que sempre que isso acontecia eles ameaçavam; que falavam que iriam matar e cortar em pedaços; que usavam esse artifício para conseguirem levar os caminhões para dentro das favelas; que os caminhões geralmente iam para o interior das favelas com o motorista dentro; que vários veículos cercavam os caminhões; que mandavam o motorista ir seguindo até dentro da favela.
Durante os roubos, geralmente alguns elementos iam na frente comunicando “pode vir, não tem polícia”; Havia áudios que pegaram os bandidos xingando o motorista