Investigação revela a hierarquia e como funciona o tráfico na Favela Parque União, no Complexo da Maré, dominada pelo Comando Vermelho.
O chefão, como todo mundo sabe, é Alvarenga, denominou sua gestão a frente da favela como ‘Gestão Inteligente’, em razão de nunca ter sido capturado pelas forças do Estado durante toda sua jornada criminosa que já perdura por mais de uma década.
Seus principais homens de confiança são os vulgos Naldo, Zé Louco e Carlão dedicados integralmente à manutenção e o bom andamento do tráfico de entorpecentes no Parque União.
Ele contava também com Ninho para atuar no roubo de cargas. O roubo de cargas é uma atividade que é explorada pelos traficantes do Parque União uma vez que a posição geográfica da comunidade favorece esse tipo de crime por ser localizada às margens da Avenida Brasil e Próximo à Av. Washington Luís e da Via Dutra, sendo um local que pode ser considerado de fácil acesso para quem vem dessas famosas vias pelas quais circulam diariamente milhões de reais em mercadorias em veículos de carga.
Ninho é um dos maiores ladões de carga da atualidade e encontrava-se homiziado no Parque União, uma vez que sabe estar cercado de homens fortemente armados e que nessa comunidade pode circular livremente pois destina parte do que subtrai para que “Alvarenga” dê o aval de sua permanência na comunidade,.
GB e Tubinha, que foram presos, atuavam como seguranças armados das bocas de fumo e como uma contenção armada para deter o acesso das forças do Estado bem como o acesso de facções rivais na comunidade.
Tubinha disse quea ordem dada pelo” chefe do tráfico “é para evitar atirar na polícia, mas caso seja preciso defender as cargas da boca de fumo ou alguém que tenha status de chefe, os atividades devem ser o primeiro contato e possuem liberdade para atirar o quanto for necessário para conter a entrada das forças policiais e dos inimigos.
Tubinha disse que exercia a atividade em regime de plantão sendo 12h de trabalho e 12h de descanso, recebendo por isso a quantia de R$ 400,00 (quatrocentos reais) por semana. A arma normalmente deve ser usada para revidar ataques de facções rivais.
Disse que o gerente da comunidade era Mário Bigode, que foi morto e após seu falecimentonão foi colocado outro” frente.
Falou que não presta contas por não trabalhar com dinheiro, mas o fuzil que estava no dia da prisão é da atividade, ou seja, quando a pessoa assume o plantão, deixa o fuzil para o próximo que vai assumir o plantão.
Contou ainda que no Parque União só há três bocas de fumo, sendo na Rua Ary Leão, Darcy Vargas e Roberto Silveira mas não soube dizer quanto cada uma fatura.
Falou ainda que sempre sai da favela em operações.
Alvarenga lucra demasiadamente com a venda de entorpecentes além de outras práticas criminosas que são viabilizadas por exercer o comando e domínio territorial naquela parte do conjunto de favelas da Maré.
Para a manutenção do seu domínio, Alvarenga conta com um arsenal de armas de grosso calibre a fim de impedir o ingresso de forças do Estado e eventuais ataques de outras facções, frisando a iminência de conflito em razão de outra parte do conjunto de favelas da maré ser dominado pela facção TCP.
Entre as atividades que geram receita para Alvarenga e mantém seu domínio está o depósito de drogas que chegam através da Av. Brasil e depois são distribuídas a outras comunidades da mesma facção, a receptação de cargas roubadas, o abrigo de outros traficantes foragidos de outros Estados e até do próprio Rio de Janeiro.
Alvarenga necessita de homens de confiança que são escalonados de maneira hierárquica a fim de que possam gerir cada um o seu campo de atuação determinado pelo líder
O tráfico local obstrui vias públicas com barricadas e impõe resistência fortemente armada com trincheiras e seteiras distribuídas em pontos estratégicos da comunidade para impedir o acesso às forças policiais do Estado e em razão disso, há a imperiosa necessidade de atuação especializada em progressão e confronto armado