Investigação feita no ano passado revela detalhes do funcionamento da quadrilha de Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, que comanda o Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio.
O bando. além de atuar no tráfico de drogas, atua em serviços, tais como fornecimento TV a cabo, internet e cobrança de taxas de funcionamento de comércio e serviços na região por eles denominada de Complexo de Israel (Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Pica-pau e Cinco Bocas)
O grupo adotou práticas por vezes assemelhadas às típicas atividades de milícia privada, o que comumente vem sendo denominado de “Narcomilícia”.
A organização visa a ampliação do domínio territorial por meio de verdadeiras guerras sangrentas ora contra os agentes do Estado, ora contra grupos criminosos rivais,
Peixão é o principal líder, exercendo comando individual, sendo apontado de maneira uníssona, em diversos procedimentos, como o mandante de homicídios, torturas, invasões armadas à imóveis e regiões dominadas por facções rivais, além de montar e administrar toda a sistemática das arrecadações dos alugueres e taxas de funcionamento de comércio e serviços no denominado Complexo de Israel.
Ressalta-se que foi sob o comando de Peixão que o Complexo de Israel se expandiu de forma significativa nos últimos anos, sendo hoje um dos criminosos mais temidos e procurados no Estado do Rio de Janeiro, com destaque não só para as práticas criminosas extremamente violentas, mas também para imposição da fé cristã aos moradores dos locais por ele dominados.
Sardinha, irmão de Peixão, é seu braço-direito, sendo sua principal função na estrutura da organização atuar como liderança do tráfico de drogas na Comunidade de Parada de Lucas. Sardinha foi reconhecido por testemunha como uma das principais lideranças no Complexo de Israel.
Noventinha, embora recluso exerce função de prestígio na hierarquia do Terceiro Comando Puro. Tal fato é corroborado por interceptações de mensagens de criminosos que pediam autorização para Noventinha de como proceder em questões de invasão a outras comunidades.
Dessa maneira, mesmo de dentro da prisão, Noventinha mantinha contato com seus subordinados e coordenava ações de grande relevo da organização.
Sombrão, da mesma maneira que Noventinha, atua de dentro do cárcere na coordenação de invasões a comunidades rivais e na execução de desafetos de Peixão. Ele exerce grande influência também na Comunidade Parque Paulista, em Duque de Caxias.
Gaspar tem como incumbência gerenciar as bocas de fumo na Comunidade Cinco Bocas. . Além disso, foi identificado em imagens de rede social ostentando armas de grosso calibre, caderno de anotações do tráfico e gestos em alusão à facção TCP.
Davi exerce a função de liderança do tráfico em uma das comunidades dominadas por Peixão fora do município do Rio de Janeiro, qual seja, a região conhecida como “Buraco do Boi” em Nova Iguaçu.
Davi é titular do perfil no Twitter (atual X) “dvz_57” – twitter.com/davidduarte33, onde é possível vê-lo em pontos de vendas de drogas, no meio de outros narcomilicianos, ostentando armas de grosso calibre.
Maridão MeteFilho ou Terror do Corolla atua como braço armado, de maneira mais recorrente, na Comunidade Cidade Alta. Ele aparece em rede social autointitulando-se justiceiro comunitário e comemorando morte de traficante rival, além de ostentar armas de fogo com a legenda
“Os predinhos de cordovil nunca mais vai ter comando. Tamo em casa defendendo o projeto do homem contra tudo e contra todos” Além, disso antes da prisão de Sombrão, ele atuava como seu segurança, sendo reconhecido por testemunha nos presentes autos.
Farinha tem como incumbência gerenciar as bocas de fumo da comunidade “Cidade Alta”, sendo um dos principais homens de confiança de Peixão, contando, inclusive, com segurança própria.
Alan atua na estrutura da organização como segurança de boca de fumo, responsável por conter eventuais invasões de rivais e de operações policiais. Alan, em uma ocasião, foi responsável por fazer disparos contra guarnição da polícia militar que, por tentar fugir do trânsito, adentrou na Comunidade (IP nº 038-05771/2023).
Josenildo exerce a atividade de cobrança de “taxas” para exploração de serviços de telecomunicações, distribuição de sinais de internet e transportes alternativos, de modo a angariar vultosa quantia mensal nos interesses do bando.
Rogério. por sua vez, faz segurança armada nos interesses da facção atuante no Complexo de Israel, notadamente, na Comunidade da Cidade Alta. Ademais Rogério se autointitula um dos “frentes” do grupo criminoso.
Jean Axl atua na função de “vapor do tráfico” sendo designado pelas lideranças da presente organização delinquencial para comercializar entorpecentes no interior da Comunidade da Cidade Alta, sendo lá encontrado com grande frequência.
Geleia, Camarão e Jacó servem à organização criminosa como seguranças armados, sendo o primeiro descrito no incluso caderno investigativo como um dos mais violentos.
Ressalta-se que por não ostentarem postos de maior prestígio no grupo possuem passagens pelo sistema carcerário mais breves, porém suas fichas criminais extensas reforçam o envolvimento destes com a traficância local.
“Jacó”, no dia 02 de maio de 2022, acionou uma ambulância do SAMU para uma emergência no interior da comunidade, porém ao chegar no local abordou a técnica de enfermagem e o motorista do SAMU, exigindo-lhes que o retirassem do local porque estaria ocorrendo uma operação policial naquele momento Importante destacar que, por vezes, os popularmente conhecidos como “Soldados do Tráfico” exercem a função de segurança de criminosos de hierarquia superior dentro da quadrilha, sempre ostentando armas de fogo e outros utensílios bélicos Outrossim, foram identificadas a presença de menores de idade, integrantes da organização criminosa liderada por Peixão e que participam ativamente nos interesses desta,
Atual braço armado da quadrilha, o traficante Nem Malucão não foi citado nesta investigação.