A análise do conteúdo extraído do aparelho celular de um dos 13 PMs presos hoje (Júlio César Ferreira dos Santos) pelo MPRJ e Polícia Civil revelou, em outro processo a qual respondia, contato dele via aplicativo Whatssap com Domerice dos Santos José, apontado como líder da milícia nos bairros de Nova Aurora e Babi, tendo sido este último bairro o local onde foram encontrados os corpos das vítimas do homicídio da qual o policial é responde a ação.
Houve ligação telefônica efetuada pelo PM horas depois da abordagem às vítimas, para um outro policial que, segundo informado pela Promotoria, seria o responsável por fornecer armas de fogo à quadrilha.
. Consta do auto de prisão em flagrante que, na tarde de 12 de dezembro de 2020, policiais militares entraram em contato com a DHBF relatando o encontro de dois cadáveres no endereço sito à Estrada Xerém, s/n, Babi, Belford Roxo/RJ, sendo certo que a DHBF, através do Grupo Especializado de Crime (GELC), compareceu no local a fim de realizar as diligências iniciais.
Durante as oitivas iniciais de familiares dos mortos, ainda no local, foi relatado que as vítimas foram abordadas por policiais militares durante a madrugada do dia 12 de dezembro, no endereço sito à Rua Margem Esquerda, próximo ao número 384, Vila Medeiros, Belford Roxo/RJ quando estavam em uma motocicleta e, desde então, desapareceram.
Segundo as informações do inquérito, os familiares mostraram o vídeo, em um aparelho celular, em que os policiais militares abordam as vítimas, aparentemente com um disparo de arma de fogo, instante em que a motocicleta tomba com as mesmas.
Ato contínuo, os policiais realizam a prisão, inclusive mediante a colocação de algemas, e encaminham as vítimas para viatura, uma das quais parece estar lesionada pelo citado disparo, sendo certo que um dos policiais passa a conduzir a aludida motocicleta, enquanto o outro conduz a viatura com as vítimas dentro.
Tal ocorrência não foi registrada em nenhuma delegacia, tampouco encaminhada a outro órgão, tendo os policiais deixado o plantão respectivo sem nada relatar a seus superiores.
Após parentes das vítimas comparecem ao 39ºBPM, Belford Roxo, apresentando o referido vídeo, superiores hierárquicos fizeram com que os policiais militares envolvidos na ocorrência retornassem ao batalhão para prestarem depoimento sobre o episódio, tendo, após, apresentando-os na DHBF, ocasião em que lhes foi dada voz de prisão em flagrante.
Realizada a perícia no local do crime, o expert relatou ter encontrado o que parecia ser sangue no solo do local dos fatos, bem como nos tapetes da viatura.
Além disso, foi apresentado, por corregedores da PM, o livro de controle de armamento do dia de serviço dos policiais, o qual dá conta que nenhum disparo teria sido realizado pelos mesmos, o que contrasta cabalmente com as imagens do vídeo citado, em que há um clarão durante a abordagem, a indicar tal disparo.