Depois de quase seis anos, a Justiça decidiu levar a júri popular os traficantes Pai da Alma e Macumbinha por um homicídio cometido no ‘tribunal do tráfico’ em 30 de agosto de 2018 na Favela da Candosa, em São Gonçalo.
O crime foi cometido na Avenida Professora Aída de Souza, nº 650, bairro Jóquei Clube.
Oito elementos não identificados, privaram a vítima Marcos Vitor Onório além de mais quatro pessoas não identificadas, sendo uma delas mencionadas apenas pelo vulgo “Gigante”, de suas liberdades, mediante sequestro.
As vítimas foram obrigadas a caminhar perfiladas até o local denominado “Tribunal do Tráfico”, situado na localidade conhecida como “Represa”, no bairro Candosa.
As vítimas passaram por uma espécie de julgamento com punições que variaram entre agressões e mortes. Pai da Alma que autorizou os sequestros já que possuía posição de chefia no tráfico de drogas.
Posteriormente, em outro endereço, os criminosos mataram Marcos Vítor copm disparos de arma de fogo
Os bandidops acreditaram que a vítima integrava o tráfico de drogas dominada pelo grupo rival dos denunciados, por nítida guerra entre as facções autodenominadas Comando Vermelho e Terceiro Comando Puro.
A vítima foi mantida sob a mira de homens armados que agiam violentamente, inclusive contra as demais pessoas que foram encaminhadas ao denominado ‘Tribunal do Tráfico”.
A mãe do rapaz morto disse o seguinte:. Ela chegou a ajoelhar pedindo para Pai não matar seu filho.,
“no dia dos fatos, 30 de agosto de 2018, por volta do meio-dia, cerca de 08 elementos da facção TCP entraram no condomínio e pegaram o seu filho que a vizinha viu e foi avisá-la; ela foi atrás e viu o filho junto com outros rapazes passando em fila indiana, indo pro local do tribunal do tráfico¿; que os traficantes portavam fuzis e pistolas; que o HG estava portando um fuzil e o apontava para as costas de Marcos Vitor; que o
tribunal do júri¿ ficava na Candosa; que seu filho foi pego no condomínio do Jóquei; que na época, a facção criminosa que comandava o Jóquei era o Comando Vermelho; que no dia, o filho estava no condomínio, mas lá em baixo, fumando cigarro, juntamente com outras 05 pessoas; que o filho não era usuário de drogas; que os traficantes que pegaram a vítima eram da facção TCP; que Marcos Vitor foi levado juntamente com outros 04 ou 05 rapazes do Jóquei; que quando ela foi avisada pela vizinha, logo desceu, a tempo de ver os traficantes levando os rapazes; que os reconheceu, porque já os conhecia, já que aqueles traficantes do TCP já tinham atuado antes na favela do Jóquei; que os traficantes do TCP e os reféns, incluindo seu filho, foram para o tribunal do tráfico¿ à pé; que depois, quando levaram o filho para matar, é que o colocaram em um carro, um Prisma branco; que a declarante foi até o
tribunal do tráfico¿, na Candosa; que foi pedir pela vida de seu filho; que no local viu o HG, quem já conhecia, o Macumbinha, o Pochete, este que também já foi do Comando Vermelho, e o Pai da Alma, quem deu a ordem pra passar¿; que a declarante se ajoelhou diante do
Pai¿ e pediu pela vida do filho; que ele bateu no ombro da declarante e disse pode ficar calma, porque aqui a gente não mata ninguém assim não; que a declarante continuou pedindo pela vida do filho, dizendo que ele não era do tráfico; que, no entanto, o HG tinha rixa com o Marcos Vitor, desde a época que ele atuava no Comando Vermelho; que quando o HG pulou de facção, foi o prato cheio para ele fazer isso com o Marcos Vitor; que a declarante reitera que estavam no tribunal do tráfico¿ o HG, Pochete, Macumbinha e o Pai da Alma; que o Macumbinha e o Pai da Alma são os dois que estão presos; que a declarete foiduas vezes no
tribunal do tráfico¿; que da primeira vez, falaram para a declarante que ninguém mata assim aqui não; que a declarante saiu de lá desesperada e foi atrás do seu irmão, para chamar alguém pra ajudar; que nesse meio tempo o Pai¿ deu a ordem de matar; que depois, quando a declarante voltou no local, ele disse agora já mandei liberar; que para a declarante esse liberar seria liberar o Marcos Vitor para voltar pra casa; que, no entanto, esse
liberar¿ era a ordem pra matar; que na primeira vez que a declarante foi no tribunal do tráfico¿, o
Pai¿ não estava ali, no meio do tribunal do tráfico¿, ele estava lá em cima, no posto dele, no alto; que nesse primeiro momento a declarante não teve contato direto com o
Pai¿; que a declarante viu o Marcos Vitor sentado; que a declarante desceu e foi procurar ajuda, procurar alguém que pudesse tentar a interceder pela vida do Marcos Vitor junto com a mesma; que a declarante chamou Timael, que no passado chegou a treinar o Pai¿ no time de futebol, quando ele ainda era criança.; que a declarante voltou pela segunda vez no
tribunal do tráfico¿; que nessa segunda vez, o Marcos Vitor não estava lá, e o Pai¿ falou
agora já liberei¿; que isso a declarante ouviu o Pai¿ falar pelo radinho com os subordinados dele; que a declarante, então, viu o carro Prisma passando, com os traficantes e o filho da declarante dentro; que fizeram a covardia com o filho da declarante em outro local; que todos os traficantes tinham radinho, o Pochete, o Macumbinha, um tal de Olho de Gato, todos eles estavam ali reunidos, esperando a ordem; que na inocência, a declarante acreditou que, quando o
Pai¿ falou que liberou¿, era liberar para ir pra casa, e não liberar para matar; que num primeiro momento não viu o
Pai¿ no local, mas no segundo momento ele estava presente; que a declarante morou no Jóquei, que era comandada pelo Comando Vermelho, durante cinco anos; que alguns desses traficantes, antes de passar para o TCP, atuaram pelo CV nos predinhos do Jóquei; que por isso a declarante os reconheceu facilmente; que o Pai¿ também já foi do CV e depois pulou pro TCP; que o filho da declarante ficou cerca uma hora sob o poderio dos traficantes; que a declarante estava falando muito e agitando muito a favela; que então os traficantes queriam tirar a declarante dali, por isso acabou demorando mais para executaram o Marcos Vitor; que eles queriam fazer o ato logo, mas não podiam fazer na frente da declarante; que, tanto é assim, que teve um traficante lá, que chegou a apontar a arma para a cara da declarante, enquanto gritava mandando que tirassem a declarante de lá; que esse traficante já morreu [...] que a declarante viu quando colocaram o Marcos Vitor e o Gigante dentro do carro; que bateram muito no Gigante; que é um dos outros meninos que foram levados junto com o Marcos Vitor, mas o soltaram; que o Gigante sobreviveu, mas a avó dele, a família dele, ninguém reagiu, porque todo mundo tem medo; que só quem reagiu foi a declarante; que a declarante viu seu filho entrando, com a mão para trás, dentro do carro; que levaram o Marcos Vitor; que foi levado pro Bichinho, no Sacramento; que mandaram ele descer do carro e correr; que atiraram nas costas dele; que um tiro pegou na perna da vítima e foi quando ela caiu; que cada um fez sua
salva¿ e tiros contra a vítima; que, por fim, o HG foi o que deu o tiro de misericordia, no rosto da vítima; que a declarante não viu o momento que o filho foi executado; que depois os próprios traficantes ficaram contando como tudo aconteceu na comunidade, além de espalharem fotos e vídeos; que a declarante chegou a receber, através de grupos, as fotos e vídeos da morte de Marcos Vitor; que essa morte foi como se fosse um troféu para eles; que então tinha foto do Marcos Vitor vivo, vídeo da execução e depois uma foto dele morto; que era mostrando o antes, durante e depois; que a comunidade do Bichinho era dominada pelo Comando Vermelho; que era comum eles deixarem os mortos na favela da facção oposta, para atrair a polícia para aquela favela.
Depois destes fatos, a mãe fez acompanhamento psicológico durante anos e se mudou do Jóquei; ela precisou de tratamento porque praticamente presenciou a execução do filho [
…] que pegaram o Marcos Vitor por volta de meio dia; que ele ficou cerca de 1h no local do tribunal do tráfico¿; que por volta das 15h já estava morto; ue o Gigante era um dos rapazes que foi sequestraram junto com o Marcos Vitor, dentre aquelas 05 vítimas; que bateram muito no Gigante; que ele ficou deformado; que o levaram para o hospital, mas a mãe dele, a avó, ninguém vai depor; que a por conta disso tudo, a declarante perdeu a amizade das pessoas que convivia; que ninguém ficava perto da declarante por medo; que achavam que a declarante ia sofrer represálias e sobrar pra elas, pelo fato de a declarante ter presenciado e saber de tudo; que a vizinha que chamou a declarante, não aceita depor, nem um homem que falou pessoalmente com o
Pai¿; que só quem aceita prestar depoimento é a declarante; que Marcos Vitor morreu com 20 anos; que quando o HG ainda traficava para o Comando Vermelho, ele teve uma rixa com o Marcos Vitor, por uma briga de moto, mas ele não podia fazer nada porque ele estava lá na favela do Jóquei; que assim que o HG pulou pro TCP, a primeira coisa que ele fez foi ir no Jóquei pra sequestrar o Marcos Vitor; que o Marcos Vitor não tinha ligação com o tráfico; que o tribunal do tráfico¿ fica no Candosa; que na época era comandado pelo TCP; que HG, Pochete, Macumbinha e Pai, já eram do tráfico há muitos anos; que eles ficavam pulando de facção; que eram do Comando Vermelho, depois passaram pro TCP, inclusive, agora, o HG já voltou pro Comando Vermelho do Jóquei de novo; [...] A mãe de Marcos disse que sabe é que o
Pai¿ era o chefe, ele quem dava as ordens, quem mandava mesmo, nada acontecia sem a ordem dele; que tanto é assim que foi o Pai¿ quem deu a ordem para a execução do Marcos Vitor; que no
tribunal do crime¿, a declarante viu o André Pai¿ dando a ordem, pois ele estava lá, de corpo presente, muito embora ele tenha passado a ordem por rádio para os subordinados; que a favela tem becos, obstáculos, mas do lugar que o
Pai¿ estava, ele era visto por quem estava no tribunal do crime¿, bem como quem estava no
tribunal do crime¿ via o Pai¿ no local mais acima; que a declarante viu o André
Pai¿, assim como ele viu a declarante e sabe quem ela