A PM remeteu para o Ministério Público Estadual denúncia feita por dois homens que teriam sido agredidos por eles em Angra dos Reis em 2019.
Ao todo, cinco policiais são suspeitos de praticar o crime.
O primeiro denunciante foi até a 5ª DPJM e disse que foi agredido fisicamente pelos policiais no dia 19Set19 e um outro relatou ter sido vítima dos militares no dia 23Set19.
O primeiro falou que teria sido abordado por policiais militares do 33o BPM, em frente ao apartamento que residia, localizado no residencial conhecido popularmente como “prediozinhos da minha casa minha vida”, situado no Bairro Parque Mambucaba e que os agentes estaduais teriam lhe ordenado que fosse para o interior de sua residência, onde, em tese, os PMs também teriam adentrado.
De acordo com a suposta vítima, os policiais o indagaram sobre carga de drogas e pagamento de vantagem indevida, mas com sua negativa quanto a possível envolvimento com o tráfico de drogas, a vítima teria sido agredida por cerca de 30 minutos.
Afirmando, na ocasião, que seriam em média dez policiais, os quais estariam com o rosto coberto usando toucas tipo ninja, mas, ainda assim, afirmou que teria condições de identificá-los. Contudo, conforme consta no Termo de Reconhecimento Indireto realizado por fotografias
dos policiais militares que estariam de serviço na data questionada, não reconheceu nenhum possível agressor.
Fotos mostraram lesões, em tese, relacionadas ao evento questionado.
O noticiante foi encaminhado para Exame de Corpo de Delito na Seção de Perícias Médico Legal da CGPM, não comparecendo na data aprazada e não sendo mais encontrado, desde então.
Ressalta-se que, em diligência, foi feito contato com uma pessoa conhecida dele que disse não saber o seu paradeiro.
Sobre o outro denunciante, este procedeu, no dia 25Set19 na 5ª DPJM, relatando que na data de 19Set19 havia conduzido, em seu veículo, o primeiro reclamante agindo naquele momento como motorista e recebendo por aquele trabalho, a quantia de R$ 250,000
Contudo, segundo ele, após o episódio, foi abordado por quatro policiais, supostamente, do Patamo, no dia 23Set19, por volta das 20h30min, quando encontrava-se em frente à sua
residência.
De acordo com as declarações dele na suposta abor-dagem, um policial, o qual era chamado pelos demais de “Papel” pegou o aparelho celular da vítima e encontrou uma conversa, no aplicativo de mensagens Whatsapp, entre ele e um suposto traficante de drogas daquela localidade, conhecido como “Bicheiro” e que no diálogo, o motorista dizia sobre sua ida à 5a DPJM no dia 19SET19 para levar o primeiro denunciante,
e ainda fazia comentários e acusações ao cabo Araújo verbalizando, inclusive, sobre sua vontade de que o policial fosse expulso da Corporação, dizendo ao interlocutor que teriam que “levantar o balão” do dito militar, gíria no meio criminoso que indica a morte de alguém.
Assim, ao ouvir o áudio, o policial “Papel” começou a agredi-lo e chamou os demais policiais da guarnição.
Momento em que um dos agentes chamou todos para subirem ao apartamento da vítima, localizado no bloco 11, 3o andar, e que já no interior da residência, um dos militares fez contato telefônico com outro policial, o qual mesmo estando de folga, teria comparecido ao local.
O notificante alega que permaneceu algemado das 21h até as 00h, sempre sofrendo agressões, as quais cessaram no deslocamento à 116a DP.
Sobre a identificação dos agressores, o segundo denunciante reconheceu cinco indiciados.
Consta, ainda, nas declarações do segundo denunciante que, na ocasião, as chaves de seu apartamento, do veículo e seu aparelho celular foram subtraídos pelos policiais militares.
Questionado sobre os fatos, os PMs suspeitos negaram a autoria daquilo que lhes foi atribuído afirmando, de forma unânime, que não conhecem nenhum dos dois acusadores.
O cabo Araújo que foi citado no áudio afirmou ser morador da localidade Mambucaba há mais de 20 (vinte) anos e que, recentemente, vinha sofrendo de-núncias caluniosas, injúrias e ameaças de traficantes daquela região. Disponibilizou, inclusive, o áudio do segundo denunciante, segundo ele de vulgo “Fusquinha”, que fazia transporte tipo “Uber para o tráfico de drogas, o qual fez algumas ameaças à integridade física do graduado.
O segundo denunciante apresentou áudio de um policial conhecido como “Papel” que teria dito:
Áudio 1: “Ih, tô ligado quem é p… tô ligado quem é… dei uma coça nele… tem uma Fiat
Uno…tô até com a chave da Fiat Uno… Maluco é safado p… ele que foi denunciar o Diego p… na Corregedoria…”
Áudio 2: “P… tô ligado… tô ligado…p…pegamos ele e levamos para a delegacia, e ele falou p… que o Bicheiro tava no Perequê… só que a gente não conseguiu achar ele…”
A PM considerou haver indícios de infração penal militar contra os agentes e remeteu o caso para a Promotoria que atua junto à Auditoria da Justiça Militar.