Além da acusação de obstrução das investigações do caso Marielle Franco, o relatório da PF traz muitas denúncias contra o delegado Rivaldo Barbosa.
O documento cita o relato do miliciano Orlando Curicica qie disse que ele e sua esposa teriam sofrido uma extorsão da Delegacia de Homicídios, na época que Rivaldo era chefe da DH, para que um crime de porte de arma de fogo não fosse a ela imputado.
A quantia de R$20.000,00 teria sido entregue a um subordinado de Rivaldo. Curicica explanou que existia um sistema de pagamento mensal realizado pelas milícias para as delegacias.
A DH, por exemplo, recebia mensalmente em torno de R$60.000,00/R$80.000,00, isso quando não auferia uma remessa adicional em razão dos crimes que deixavam
provas/rastros.
O miliciano citou os exemplos das investigações envolvendo os assassinatos do policial militar Pereira e do contraventor Haylton Escafura.
O documento da PF cita que Curicica relatou que a DH teria recebido de pessoa ligada ao contraventor Rogério Andrade cerca de R$300.000,00 para
não “perturbar” os prováveis envolvidos na execução de Pereira.
A filha de Marcos Falcon, que foi assassinado pelo Escritório do Crime, ,revelou que o delegado responsável pelo caso do assassinato de seu pai, Brenno Carnevale, externou certo descontentamento com as ingerências praticadas por Rivaldo Barbosa na investigação, sendo certo que ele teria lhe dito que, diante de novas descobertas sobre o caso, era para “não mexer em nada e passar diretamente para ele”. Carnevale teria revelado a moça o sumiço repentino dos procedimentos apuratórios atrelados a Falcon e Pereira que estavam em sua carga de inquéritos.
A filha de Falcon ressaltou que todos com quem conversava sobre a morte de seu pai, sobretudo policiais, desestimulavam-na a procurar a DH, pois esta delegacia
estaria “comprada” e de nada adiantaria o seu empenho.
A DH chefiada por Rivaldo, além de ser conivente com os homicídios envolvendo a participação de milicianos e contraventores, dos quais recebia
vantagens indevidas, alertava alvos de investigação quando da menção de seus nomes em procedimentos criminais ou quando da existência de medidas restritivas em desfavor deles, como ocorreu com Falcon.
Brenno Carnevale narrou sumiço de outros inquéritos, de materiais apreendidos, excesso de exigências burocráticas que inviabilizavam diligências
importantes, e súbitas trocas de presidências de inquéritos.
Um desses casos de troca inopinada de presidente de inquérito foi a retirada de sua carga, sem quaisquer explicações, do apuratório envolvendo a morte de Escafura, filho do contraventor conhecido como Piruinha.