Investigação revela que bandidos aplicavam golpes que consistiam em ameaçar comerciantes de locais cujo domínio local estivesse sob o julgo da facção Comando Vermelho.

Em um primeiro momento se acreditou que tal golpe seria avalizado pela facção e seus líderes, no entanto ao longo das interceptações, a polícia que os criminosos se utilizam de várias facções criminosas distintas, de diversas regiões do Estado e até de outros Estados da federação, muito embora muito provavelmente tenham relações com traficantes, já que sabem as lideranças de cada local.

Foi possível constatar que os golpes eram aplicados dentro de uma cela de um presídio, e é possível ouvir nas ligações, ao fundo, que vários presos estavam aplicando o mesmo golpe simultaneamente contra outras vítimas.

A história usada para extorsão é sempre a mesma: o indivíduo é lider da facção local e estaria cobrando do comércio um valor para pagar propina a polícia para que possam soltar alguns de seus soldados do tráfico

Percebeu-se ainda que sempre que um dos envolvidos tinha dificuldade de convencer a vítima, ou enfrentava a resistência da mesma, ele passa o telefone para outro.

Os bandidos passavam a ligação para um comparsa que por ter a voz mais grave, consegue intimidar mais as vítimas principalmente para pedir mais dinheiro ou até forçar a vítima a concordar com o pagamento.

Segundo as investigações, havia uma verdadeira central de telemarketing do crime instalado no presídio de Japeri, Penitenciária Milton Dias Moreira, no qual participam nessa empreitada ao menos dois internos já identificados e outros não.

Tudo leva a crer que os criminosos pesquisam na internet, muito provavelmente no google maps, regiões que sofrem influência de facções criminosas, buscam estabelecimentos comerciais na localidade e, através dos contatos informados, entram em contato com os funcionários e/ou responsáveis, se dizendo integrante da facção criminosa, informam nomes de outros estabelecimentos vizinhos (para dar credibilidade), realizam diversas ameaças (de morte, de fechar ou explodir o estabelecimento) e exigem valores para colaborar com a facção criminosa.

Nessa abordagem utilizam os nomes de diversos traficantes de drogas de facções como Comando Vermelho, TCP, ADA, sendo certo que eles sabem quem é o líder de cada região para qual entram em contato. Ou seja, escolhem uma localidade, e sabendo quem são os chefes e traficantes da mesma, ameaçam as vítimas afirmando trabalharem para aquele.

Os criminosos ao longo das investigações realizaram dezenas de ligações para inúmeras pessoas tentando aplicar o golpe criminoso. Soma-se ainda diversos registros de ocorrência confeccionados em outras delegacias do estado, como os já citados neste relatório, onde os criminosos se utilizam do mesmo modus operandi.

VEJA ALGUMAS TENTATIVAS DE GOLPE:

Em 18/01/2023, um comerciante recebeu ligação e um elemento disse que era da Comunidade do Borel e disse” “Nós aqui do Borel e da Formiga nunca pedimos dinheiro para vocês moradores e comerciantes da região”.

O suspeito perguntou se poderia”e se poderia contar com o declarante para dar” aquela força “.

Informou que o elemento cobrou um mínimo de cinco mil reais.

O declarante disse que não tinha esse dinheiro e o elemento então exigiu um mínimo de mil reais.

Comunicou que continuou dizendo que não tinha esse valor e o elemento o ameaçou de mandar um moto- boy passar em frente de sua academia para matar o declarante com tiros e falou que iria fazer isso com outros moradores e comerciantes.

A vítima foi até a DP para comunicar o fato. Relatou que na ligação existia outras vozes, de muitas pessoas, no fundo falando coisas parecidas, como por exemplo extorquir comerciantes. Declarou que o elemento citou outras academia que estavam contribuindo com eles.

Um outro caso ocorreu com um comerciante que foi até a delegacia para dizer que em 23 de janeiro do ano passado retornou a ligação para um número que havia lhe ligado.

O elemento disse que era o traficante Bola, dono da comunidade Parada Angélica e precisava falar com proprietária. O suspeito exigiu uma quantia em dinheiro alegando que, no dia anterior, vários irmãos tinham sido presos e por seu comércio, situado na Estrada Normal da Estrela ficar na área dele teriam que colaborar com os irmãos para pagar advogado a fim de conseguir liberdade dos mesmos.

A vítima ficou conversando 23min com ele e dizendo não ter dinheiro, então ele disse para não desligar pois estava indo para lá;

Neste momento desligou e fez a transferência para um Pix.

Assim que completou a transferência ouviu no fundo eles discutindo e se mostrando raivosos por ter transferido menos do que eles queriam.
Eles então fizeram ameaças;.

“Vou aí boto fogo nisso aí tudo. Vou aí, vou te matar. Você quer que eu vá aí, vou te fazer uma visita

A vítima fechou seu comercio e saiu rapidamente dali.”.

Em ligação de 11 de abril de 2023 uma mulher afirmou estar presa e informou que quando sair da prisão irá trabalhar no Complexo da Pedreira para o traficante Arafat