Relatório de inteligência confirma que um dos antigos donos das bocas de fumo do Morro do Dezoito, Alexandre Bandeira de Mello, que era da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA) pulou para o Comando Vermelho.
Ele ingressou no sistema prisional federal em 06/02/2014, na Penitenciária em Catanduvas – PR, em 25/05/2015 foi transferido para a Penitenciária Federal de Porto Velho – RO e novamente retornado para a penitenciária de Catanduvas / PR em 23/12/2022, onde se encontra custodiado até o momento.
A transferência do penitente se deu sob o fundamento de ser um dos integrantes da ORCRIM, autodenominada ‘Amigos dos Amigos – ADA’, em que exerceria papel de liderança, em especial da Comunidade ‘Morro do 18’. Em 2019, segundo aponta o relatório da Diretoria do Sistema Penitenciário Federal (seq. 143.1), o apenado passou a integrar a alta cúpula da organização criminosa ‘Comando Vermelho – CV’, onde possui forte atuação, prestígio e poder de mando, exercendo papel fundamental em disputas de domínio nas comunidades, merecendo destaque o crime que vitimou fatalmente um policial militar e uma criança, além de outros feridos, em uma tentativa frustrada de resgate em que criminosos fortemente armados invadiram o Fórum da Comarca de Bangu com a finalidade de resgatá-lo.
O preso possui extensa ficha criminal, onde constam a prática de crimes como roubo, sequestro, homicídio, tráfico de drogas e associação para o tráfico, porte ilegal de armas de fogo de uso restrito, formação de quadrilha, posse e uso de entorpecentes, constrangimento ilegal, ameaça e crimes de tortura.
…
Em âmbito federal há informações de Inteligência que apontam para a permanência do poder de liderança exercido pelo preso, bem como para uma constante busca por ainda mais poder e expansão dos seus intentos criminosos.
… Por oportuno, cumpre assinalar que no último ano o preso recebeu 29 (vinte e nove) atendimentos jurídicos e 25 (vinte e cinco) visitas sociais, das quais 23 (vinte e três) se deram em parlatório.
… Desta forma… acredita-se que um eventual retorno do preso ao estado do Rio de Janeiro, ensejaria grande risco de conflitos entre traficantes pela busca e tomada de regiões anteriormente ocupadas pelo preso em questão, bem como acredita-se que uma eventual volta do preso ao sistema penitenciário fluminense,
promoveria um expressivo ganho de força para o custodiado, ensejando assim em riscos para a população e para os órgãos de segurança pública e seus agentes. É válido considerar a situação atual do preso, onde o mesmo ainda registra elevada periculosidade e influência sobre a massa carcerária, possuindo assim, relevante
potencial para desestabilizar o Sistema Penitenciário do Rio de Janeiro.
HISTÓRICO
Piolho ossui seus primeiros registros de comando de atividade criminosa na área de Quintino Bacaiúva, zona norte do Rio de Janeiro e que, após sua fuga do sistema
prisional fluminense, teria iniciado uma estratégia para retomada de pontos de vendas de drogas no morro do Saçu, passando a comandar diversos homicídios, enterrando os corpos das vítimas no alto do morro, em um cemitério clandestino, culminando na expansão de influência e pontos de venda de drogas, em todo o ‘Morro do Dezoito’ e adjacências, tornando-se, ainda, segurança particular de Celso Luiz Rodrigues, vulgo Celsinho da Vila Vintém’.
Em 25 de abril de 2012, Alexandre Bandeira de Melo foi recapturado, planejando seu próprio resgate, como aduz a autoridade administrativa, em seu relatório, vejamos: ‘… 3. Alexandre, mesmo preso junto a outros criminosos, planejou seu próprio resgaste e o de Vanderlan Ramos da Silva, também conhecido como ‘Chocolate’.
O fato ocorreu no dia 30 de outubro de 2013. No ato, que foi confessado por ‘Piolho’, um policial que trabalhava no fórum e uma criança foram assassinados.
‘Piolho’ disse ainda que haveria um plano para o assassinato de um Juiz, ou, no mínimo, de um de seus seguranças.
. Alexandre, mesmo preso junto a outros criminosos, planejou seu próprio resgaste e o de Vanderlan Ramos da Silva, também conhecido como ‘Chocolate’. O fato ocorreu no dia 30 de outubro de 2013. No ato, que foi confessado por ‘Piolho’, um policial que trabalhava no fórum e uma criança foram assassinados.
‘Piolho’ disse ainda que haveria um plano para o assassinato de um Juiz, ou, no mínimo, de um de seus seguranças
No dia 01 de novembro de 2013, foram colhidas pela Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP/RJ) as declarações de Alexandre Bandeira de Melo, Vanderlan Ramos da Silva, vulgarmente conhecido como ‘Chocolate’ e Luiz Armando Lopes Tavares Amadeu Vieira. Alexandre e Vanderlan foram arrolados pela
advogada Adriana Godoy como testemunhas no processo de Luiz Armando, contudo, este alega não ter contato com os outros e nem mesmo conhecer a advogada.
Alexandre Bandeira de Melo e Sandro Luís de Paula Amorim, alcunhando de ‘Foca’ ou ‘Lindinho’ teriam nomeado Messias Gomes Teixeira, cujo apelido é ‘Feio do 18’, para administrar as atividades criminosas no morro do Dezoito e adjacências, e teriam estendido o poder de ‘Feio’ até as comunidades de Macaé.
Em dezembro de 2017, foi descoberto por criminosos ligados a ‘Piolho’ que Messias Gomes Teixeira, conhecido como ‘Feio do Dezoito’, durante sua administração das atividades criminosas do Morro do Dezoito, estava desviando dinheiro pertencente à organização criminosa ADA, fraudando sua contabilidade.
Feio’ teve que fugir da comunidade e ‘Piolho’, através de um familiar, nomeou outra liderança para o local.
Conhecimentos revelam que Alexandre Bandeira de Melo passou a manter na liderança das atividades criminosas do Morro do Dezoito, em Água Santa, zona norte carioca, o criminoso Genilson Madson Dias Pereira, conhecido como ‘Gegê’, quem seria o responsável por fazer cumprir as ordens emanadas por ‘Piolho’.
Conhecimentos de Inteligência apontam que no final do ano de 2019 Alexandre Bandeira de Melo passou a integrar a Organização Criminosa Comando Vermelho, tendo pedido transferência para o convívio com presos do sistema federal pertencentes a esta OrCrim.
Conhecimentos de inteligência apontam para um posicionamento de ‘Piolho’ na OrCrim rival a fim de estabelecer bases sólidas para a retomada e manutenção
de seu antigo reduto, o Morro do Dezoito, perdido para a OrCrim Terceiro Comando Puro, TCP, utilizando-se para seu intento o apoio da Comunidade da Fazendinha.
O recebimento de ‘Piolho’ na OrCrim CV teria envolvimento dos internos Rogério Avelino da Silva, o ‘Rogerinho 157’, principal liderança do CV na Comunidade da Rocinha, e Edmilson Ferreira dos Santos, o ‘Sassá’, que foi aliado a OrCrim Primeiro Comando da Capital (PCC), e considerado uma importante liderança criminosa. Ambos se encontram custodiados em presídio federal.
Ressalta-se que para a transferência de ‘Piolho’ para a OrCrim rival CV, Alexandre precisou ontar com o consentimento de Celso Luiz Rodrigues, pois Alexandre sempre foi segurança pessoal de ‘Celsinho da Vila Vintém’, e este teria uma ligação de afinidade com membros da OrCrim rival.
O a braço direito, e homem de confiança de ‘Piolho’, seria Honório Pereira de Jesus, conhecido como HO’, também ex-integrante da OrCrim ADA, e atual pertencente ao CV. “Piolho” estava contando com “HO para ajudar na manutenção de suas bases e a retomada do controle no Morro do Dezoito.
Após a transferência de Alexandre Bandeira de Melo para a OrCrim CV, deu-se início a tentativas d retomada do domínio de seu antigo reduto, o Morro do Dezoito. Contando com o apoio da atual OrCrim CV,
Conhecimentos de inteligência dão conta de que “Piolho” teria recebido armamento, dinheiro, pessoal e apoi de outras comunidades para dar início ao seu principal objetivo: a retomada da comunidade Morro do Dezoito considerada seu antigo reduto.
Atualmente Alexandre Bandeira de Melo responde a diversos procedimentos policiais que apuram diversa práticas criminosas pelo interno, como latrocínio, homicídio, organização criminosa, associação para o tráfico tráfico de drogas, roubo, roubo majorado, receptação, homicídio qualificado (diversas vezes) e ocultação de adáver
Destaca-se, dentre os mais de 90 (noventa) Registros de Ocorrência em desfavor de Alexandre, o Inquérito Policial 901- 00579/2020, que apura as mortes de Daniel Tavares, Flávio Martins da Silva e Marcell Pinheiro Coutinho, que teriam decorrido de uma invasão à Comunidade do Fubá por criminosos oriundos do Morro do 18, sob liderança de “Piolho.
Alexandre, juntamente com outras lideranças criminosas oriundas do Complexo da Penha e Complexo do Chapadão, teriam orquestrado a invasão à comunidade do Fubá, sob o domínio de milicianos, a fim de retomar pontos de controle da venda de entorpecentes.
Os criminosos pertencentes ao Morro do 18 são liderados por Alexandre Bandeira de Melo e chefiados por Honório Pereira de Jesus, o “HO”, Rafael Cardoso do Valle e André Luiz Araújo Teixeira, principais homens de confiança de Alexandre.
Segundo relatório de Inquérito, e representação por prisão cautelar, Alexandre é a principal liderança do Morro do 18, e mesmo acautelado em presídio federal continua a comandar as ações ilícitas na localidade, a qual historicamente encontra-se sob sua influência, tendo sua participação nas mortes acima descritas de forma clara, uma vez que ataques, invasões, e guerras entre orcrim rivais só ocorrem com a autorização e anuência da principal liderança do morro.
Em outro Inquérito Policial sob número 024-01354/2020, Alexandre Bandeira de Melo é investigado pela participação no tráfico de drogas e delitos correlatos na Comunidade do Morro do 18. Segundo o Relatório, “Piolho” continua a exercer a principal liderança da comunidade em referência, sendo o responsável pelas atividades ilícitas perpetradas por seu bando, que age somente sob suas ordens ou nuência. Segundo depoimento prestado por um dos integrantes do bando de Alexandre, preso em decorrência de mandado de prisão, a principal liderança atualmente no Morro do 18 é exercida por Alexandre
- Bandeira de Melo, o “Piolho”, o que corrobora com as informações apuradas sobre o interno
O principal reduto sob a influência de Alexandre Bandeira de Melo, vulgo “Piolho” é o Morro do Dezoito, que possui ligação direta com o Complexo da Praça Seca, sendo apontado também como um dos principais redutos de apoio para as investidas do CV na zona oeste. Tendo em vista sua proximidade com regiões como Praça Seca e Campinho, a organização criminosa CV vale-se do apoio para armazenamento de armas de guerra, fornecimento de material bélico, humano e sobretudo logístico, já que muitas vias da comunidade do Morro do Dezoito possuem ligações com as citadas zonas conflagradas.
Tal fato alerta para o perigo de um possível retorno de Alexandre para o estado do Rio de Janeiro, já que, sendo o principal líder da região, poderia intervir diretamente no conflito na região, facilitando as investidas do CV em confrontos com organizações criminosas rivais. Dessa forma, há a possibilidade de um significativo aumento da violência, dos conflitos armados e do cometimento de ilícitos penais, já que sua presença facilitaria a comunicação entre lideranças e celerados extramuros pertencentes a seu bando, aumentando a facilidade de comunicação entre internos e membros extracárcere, facilitando a transmissão de ordens, dando agilidade à prática criminosa,
dificultando, e muitas vezes impossibilitando, ações preventivas estatais.
O Comando Vermelho conta com a disposição de efetivo criminoso oriundo de suas mais diversas áreas de influência. Recursos financeiros e apoio logístico também são fornecidos por essa rede. A disputa territorial na Praça Seca e adjacências está sendo diretamente financiada por criminosos do Complexo da Penha, Complexo
do Lins e com apoio de outras comunidades sob influência do CV, como o Morro do Dezoito, de onde partem o apoio bélico, efetivo e estratégico para combate armado.
O Morro do Dezoito localiza-se ao lado da comunidade do Morro do Fubá, esta sob o domínio de um grupo criminoso de milicianos. O CV, tendo como expoente Alexandre Bandeira de Melo, vem diversificando ataques na região com o intuito de tomar o controle da comunidade do Morro do Fubá, gerando conflitos armados.
Tais conflitos colocam em risco direto a população do Rio de Janeiro, em especial os moradores das citadas localidades, bem como membros da segurança pública. O possível retorno de Alexandre Bandeira de Melo, principal liderança criminosa da localidade, para o Rio de Janeiro, poderia agravar tais conflitos, já que a
proximidade com seus redutos facilitaria a transmissão de ordens, bem como a velocidade de ações ilícitas, o que dificultaria ações preventivas estatais.