Condenado a 18 anos de prisão, traficante do bando de Peixão (TCP) que aterrorizou por engano um casal em Duque de Caxias. Bandido estava na verdade atrás do vizinho das vítimas, que era CAC, que vendo a situação, reagiu a tiros e baleou o suspeito

Foi condenado a 18 anos de prisão um integrante da quadrilha do traficante Peixão que foi acusado de no ano passado invadir uma casa no bairro Pilar, em Duque de Caxias, quando manteve um casal de refém, o ameaçou e ainda roubou1 (um) cordão de ouro, 1 (um) relógio e 3 (três) aparelhos celulares. O acusado agiu por engano porque na verdade estava atrás do vizinho das vítimas.


O bandido e comparsas acabaram surpreendidos pela ação do próprio vizinho das vítimas, que era CAC (Caçador, Atirador e Colecionador) e o condenado acabou alvejado. 

O criminoso e três comparsas , invadiram a residências das vítimas enquanto estas dormiam. Após subjuga-las, passaram a exigir dinheiro, telefone, relógios e joias, dizendo o tempo todo que o serviço era “dado” e que “eram a tropa do Peixão e tropa do Noventa”, em alusão a dois traficantes da facção que se autodenomina “TCP”, perguntando se uma das vítimas seria uma pessoa conhecida pelo apelido de “Rei Leão”, ao que foi negado negou e, assustado, disse ser seu vizinho.

Em seguida, um dos indivíduos tirou uma foto da vítima , enviando-a para terceiros comparsas e, de imediato, constataram que ela não era a pessoa conhecida pelo vulgo “Rei Leão.

As vítimas ficaram sob ameaça e vigilância de dois indivíduos, fazendo com que tivessem as suas liberdades restringidas, enquanto o terceiro indivíduo vasculhava o interior da residência e, simultaneamente, o quarto indivíduo permaneceu na porta da referida residência. 

Desta feita, os roubadores inconformados porque não lograram êxito em encontrar dinheiro no interior da residência supramencionada, ofenderam a integridade física da vítima Alan, desferindo-lhe socos. Além disso, os roubadores tentaram realizar transações bancárias, mas não lograram êxito na empreitada criminosa em razão de não haver saldo suficiente.

Logo após, a testemunha e vizinho das vítimas, Leandro Cesar Soares, ao acordar com o barulho advindo da residência das vítimas, dirigiu-se à janela de sua casa, ocasião em que visualizou o denunciado e os demais indivíduos, os quais portavam armas de fogo com apoio de dois veículos (sem identificação).

Imediatamente, a testemunha pegou sua arma de fogo (pistola calibre 380, número de série KLP01121, número SIGMA 1004398) e foi até a varanda, momento em que o denunciado efetuou um disparo em sua direção, falando: “Vai Morrer Rei Leão”. Logo, os outros três roubadores saíram da casa das vítimas.

Em seguida, o vizinho efetuou um disparo de arma de fogo na direção do denunciado, havendo troca de tiros entre a testemunha e os roubadores. Por fim, os quatro roubadores fugiram em um veículo modelo Prisma, cor preta.

Policiais civis foram informados pelo vizinho de que o réu foi atingido e, de imediato, iniciaram buscas a fim de localizálo nos hospitais da localidade, logrando êxito em encontrá-lo em uma UPA aguardando transferência para realizar uma cirurgia em um hospital.

Por derradeiro, as vítimas reconheceram o denunciado como o indivíduo que participou do roubo e efetuou disparo de arma de fogo em direção a uma das vítimas.”

A vítima T.F.S dos Santos, narrou em juízo: ““que os fatos ocorreram na minha residência; que, neste dia, estava dormindo no meu quarto, e meu esposo dormindo no quarto das crianças, quando escutei meu esposo falando “não, não é aqui não; é a casa errada”; que a casa estava muito escura, por isso resolvi acender a luz, para eles verem que não era a casa procurada por eles; que meu esposo estava entre a porta do banheiro; que, mesmo assim, eles arrombaram a porta e entraram armados; que nos colocaram no quarto, juntamente com as crianças; que entraram dois elementos no quarto onde nós estávamos; que outro elemento entrou em outro quarto e começou a bater no meu esposo e dizer: “tá dado, tá dado; você não é o Rei Leão?; tá dado!; cadê o dinheiro?; cadê a pistola?” que eu dizia a todo momento que não era meu esposo; que pegaram meu telefone e começaram a vasculhar os dados; que um elemento branco e magro, com um pano no rosto disse que tudo ficaria bem, mas deu a ordem para entrar no aplicativo do banco; que o pano que cobria o rosto deste elemento caiu; que acessei o aplicativo, mas tinha apenas 40 reais; que o elemento reclamou da quantia existente; que um dos elementos ficava mexendo na arma e dizendo “tá pensando que isso aqui é de brinquedo?; não é de brinquedo, não; que este elemento estava todo de preto e ficava agredindo meu esposo; que este elemento tinha cavanhaque e estava com tornozeleira eletrônica; que puxei minha filha menor para ficar comigo, quando um dos elementos pegou a arma e colocou na cabeça da criança, dizendo: “se você não falar, vou começar por sua filha; que eu tampava o rosto da criança; que um dos elementos dizia: “você não trabalha na REDUC?; a gente sabe tudo; que bagunçaram o quarto todo; que pegaram o celular do meu esposo e da minha filha; que os elementos queriam uma arma, dinheiro e uma pessoa conhecida por Rei Leão; que disse que meu esposo trabalha na REDUC, mas não seria a pessoa por eles procurada; que os elementos estavam em ligação com uma terceira pessoa, que pediu para encaminhar uma foto do meu esposo; que tiraram a foto do meu esposo e mandaram por telefone para este terceiro elemento; que esta terceira pessoa disse que meu esposo, de fato, não seria o Rei Leão, mas disse: “finaliza agora”; que pediram a chave da casa, mas disse que tinha um cachorro na residência; que fui junto com um dos elementos armado para prender o cachorro; que este elemento disse: “se você fizer uma gracinha, você já sabe, né?; que prendi o cachorro na parte de trás da área, quando Leandro viu a luz acessa; que voltei para o quarto; que perguntaram novamente sobre a chave da casa; que pegaram minha carteira, notebook; que, quando entregamos a chave, ouvimos um tiro; que os elementos foram para trás da casa e voltaram, depois, pelo interior da residência; que temos duas filhas, uma de 14 e outra de 09 anos; que presenciaram tudo o que ocorreu; que elas não chegaram a fazer acompanhamento psicológico, mas não querem mais voltar para aquela residência, que é da sogra; que não estava grávida àquela época; que o acusado foi reconhecido por foto, o qual estava com a mesma blusa no hospital; que vi uma foto do acusado com a mesma roupa vestida por ele no dia dos fatos; que conseguiram descobrir que o acusado deu entrada no hospital; que o acusado levou celular, relógio e minha aliança; que, por conta da localização do meu celular, é que ligaram para os hospitais da região, mas acharam o acusado, que tinha sido baleado e que estava no hospital da região do último acesso do meu telefone; que os policiais tiraram uma foto e consegui identificar o acusado como sendo o roubador; que tenho certeza absoluta que o acusado era o roubador; que o acusado não estava com o rosto encoberto; que somente um dos elementos estava com o rosto coberto; que a ordem de matar somente não ocorreu por causa da intervenção do vizinho; que, quando ouviram os disparos, os elementos ficaram doidos, sem saber o que tinha acontecido; que não consegui ver se tinha mais de uma arma; que tinham dois elementos no quarto com a gente, além de outros dois elementos; que, no aplicativo do banco, nada foi subtraído; que minha sogra retornou à residência; que o Rei Leão é o vizinho , que também trabalha na REDUC; que Leandro mudou-se da localidade; que me preocupo com a foto do meu esposo que tiraram e que pode estar circulando por aí; que tenho condição de reconhecer os acusados; que o acusado é moreno (escuro), rosto furado de espinha; que a roupa que o acusado estava no hospital é a mesma roupa ostentada por ele no dia dos fatos.”

A vítima a A.O.C.S narrou em juízo: “que era uma segunda para terça-feira, por volta das 03h30min.; que eu estava dormindo no quarto juntamente com minhas filhas, enquanto minha esposa estava dormindo em outro quarto; que acordei com um estrondo; que me levantei e deparei-me com os elementos na minha sala e armados; que minha esposa, logo em seguida, levantou-se para ver o que estava ocorrendo; que tentaram arrombar a fechadura da porta, mas arrombaram uma parte de vidro da porta; que os elementos diziam que estava “tudo dado” e me levaram para um dos quartos; que os elementos diziam que não adiantava dizer nada, pois estava tudo dado, e queriam uma pistola; que eu disse que não tinha nada disso; que os elementos disseram que iam procurar pela residência; que perguntaram se eu trabalhava na REDUC, e respondi que sim, mostrando, inclusive, meu crachá da empresa; que os elementos disseram que sabiam que eu estaria juntando um dinheiro para montar um “negócio”; que eu dizia que eles estavam na casa errada; que começaram a me agredir; que não vi o rosto, mas sabia que tinham outras pessoas vasculhando a minha casa; que os elementos desbloquearam os telefones e viram que não tinha dinheiro nas contas bancárias; que não acharam dinheiro, nem arma; que os elementos disseram “a gente sabe que você é o Rei Leão”; que respondi: “vocês entraram na casa errada”; que um dos elementos saiu e depois retornou em uma ligação telefônica com um terceiro elemento, oportunidade em que perguntou: “é ele ou não é?”; que mandaram eu virar o rosto, tiraram um foto minha, momento em que ouvi um disparo; que acharam que era um dos comparsas que teria efetuado o disparo; que, logo depois, os elementos entraram em desespero, pois um dos comparsas teria sido baleado; que tentei abrir a porta da cozinha, mas o cachorro estava atrás da porta; que tive que prender o cachorro no corredor de trás da casa, momento em que houve mais disparos; que corri para ver minha família; que tinham dois elementos comigo e pelo menos outros dois comparsas vasculhando a casa; que não sei dizer se haviam outros elementos na parte de fora da residência; que fui agredido com chutes e tapas no rosto; que o elemento que estava com a arma em punho e no quarto comigo, é da minha cor, estava com tornozeleira eletrônica, de boné; que outro elemento era bem novo, branco e baixo, com a camisa tentando esconder o rosto, sendo que essa camisa chegou a cair do rosto; que fiz o reconhecimento de um dos elementos na delegacia; que mostraram umas fotos no telefone para eu fazer o reconhecimento, oportunidade em que tive condição de reconhecer duas pessoas; que fiquei sabendo que uma pessoa se feriu, mas não sei dizer se essa pessoa foi a que eu reconheci; que fique sabendo que uma pessoa foi localizada no hospital, sendo ela o acusado; que essa localização se deu através do rastreador do telefone da minha esposa; que foram roubados três telefones (meu, da minha esposa e da minha filha mais velha), relógio, cordão, aliança da minha esposa; que estes objetos não foram recuperados; que não consigo recordar se ficaram cápsulas deflagradas na residência; que meus pais moram atualmente na residência; que conhecia o REI LEÃO; que Rei leão é um conhecido meu e que ainda trabalha da REDUC como soldador; que Rei Leão é meu vizinho e não tem semelhança física alguma; que não sei dizer se o REI LEÃO (Leandro Cesar Soares) foi quem efetuou o primeiro disparo; que Rei Leão trabalha de segunda a sexta em horário normal; que Leandro não mora mais no local dos fatos; que trabalhamos em uma empresa terceirizada, chamada que trabalhamos em um canteiro de obras chamado paipshop; que tenho o contato telefônico de Leandro  que um dos elementos era da minha, mais alto que eu, magro, com tornozeleira eletrônica; que tenho condições de reconhecê-lo; que o reconhecimento em delegacia ocorreu no dia seguinte aos fatos.”

 O vizinho, Rei Leão, disse o seguinte

 que estava dormindo, quando quebraram a porta de vidro e alumínio do meu vizinho; que eu tomo remédio para dormir, quando fui acordado por minha esposa; que abri a porta e efetuaram um disparo de arma de fogo contra mim; que peguei minha arma e reagi ao ataque; que vi o atirador; que atingi o elemento que estava desferindo disparos contra mim; que confrontei com um dos roubadores; que, quando o elemento desferiu disparo contra mim, os outros elementos que estavam fazendo Alan de refém correram para a parte de fora da residência; que, antes de saírem os comparsas, eu já havia efetuado os disparos de arma de fogo; que os elementos entraram em um carro, eu me abriguei, e depois efetuei disparos em direção do veículo; que sou conhecido como Rei Leão que, quando eu era criança, tinha o cabelo cheio e parecia uma juba; que tenho uma boa condição financeira, pois trabalho há 21 anos na REDUC; que sou soldador industrial; que ia abrir uma loja de pastel e caldo de cana para tentar ajudar a família da minha esposa; que o parente da minha esposa sabia que estava com uma boa condição financeira, e ele é envolvido com essa Tropa do Peixão; que, quando disse que ia abrir um negócio, dois dias depois houve o ataque; que tenho uma arma regulamentada; que sou CAC (colecionador e atirador); que tem um que é meio russinho, de cabelo arrepiado; que o elemento que atingi com o disparo parece meio índio (moreno igual a mim, com o cabelo parecido com o meu); que outro elemento é negro e estava com tornozeleira eletrônica; que minha residência tem três andares e a do Alan tem dois andares; que, quando fui fazer o registro de ocorrência, disse para os policiais que um dos elementos teria sido alvejado por mim e que poderia estar em algum hospital; que um policial disse que um elemento teria sido hospitalizado em Belford Roxo; que os elementos empreenderam fuga até pela contramão de direção; que consigo reconhecer os quatro elementos que estavam na residência; que não resido mais no local; que moro em um apartamento; que tomo remédio para dormir; que não tenho como mais ficar naquele local e que construí em 2015; que Alan é meu irmão de criação; que Alan foi agredido com socos e chutes; que tive que vender meu veículo para mudar de residência; que minha casa está avaliada em R$ 400.000,00, mas não consigo vender, por conta da periculosidade do local; que minha casa está alugada atualmente; que fiz o reconhecimento na delegacia, através de uma foto do acusado sendo atendido no hospital; que sofri ameaças por causa desses fatos; que, desde o ocorrido, eu não tenho paz; que eu promovo eventos; que toda hora chega mensagem no meu telefone dizendo que eu vou morrer; que recebo fotos com armamentos; que as ameaças sofridas são referentes a este fato; que apresento prints de conversas no meu telefone dizendo que eu “não passei batido”; que ainda trabalho na Refinaria de Duque de Caxias, mas vivo acuado .”

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