Após a implementação da ADPF 635, que impôs restrições à atuação policial em comunidades fluminenses durante a pandemia da Covid-19, o Comando Vermelho, conseguiu expandir seus territórios, aponta relatório do Conselho Nacional de Justiça.
A facção tem provocado guerras por territoriais em toda a Zona Oeste, buscando assumir o controle total de áreas como Gardênia Azul, Rio das Pedras, Muzema, Tijuquinha, Morro do Banco, César Maia e Terreirão, o que causou grande tensão em toda a região da Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Itanhangá, Jacarepaguá e Vargens, aumentando significativamente a sensação de insegurança da população.
A seguir figuram algumas regiões que estão atualmente envolvidas em conflitos
1 – Grande Jacarepaguá: Água Santa (Morro do Dezoito), Campinho (Bica e Fubá), Praça Seca (Barão, Baronesa, Chácara Flora, Chacrinha e São José Operário), Quintino (Saçu), Tanque (Covanca) e Taquara (Jordão).
O Comando Vermelho tomou o controle dessas comunidades que anteriormente estavam sob o domínio da milícia. Agora, os paramilitares estão empenhados em retomar esses territórios, concentrando seus contra-ataques em Água Santa e na Praça Seca.
2 – Grande Penha: Brás de Pina (Cinco Bocas, Guaporé, Quitungo), Cordovil (Cidade Alta e Pica-pau), Parada de Lucas, Penha Circular e Vigário Geral
O CV iniciou uma série de ataques contra o QG (Quartel General) do Terceiro Comando Puro, conhecido como Complexo de Israel, situado em Parada de Lucas e Vigário Geral. Essas invasões tinham como objetivo o controle sobre as favelas da Cidade Alta e Pica-Pau, as quais estavam sob seu domínio até novembro de 2016.
3 – Centro do Rio: Estácio, Catumbi e Santa Teresa (Complexo de São Carlos: Morro de São Carlos, Mineira, Zinco, Querosene; Complexo do Fallet-Fogueteiro-Turano).
Essa área tem sido cenário de disputas territoriais entre o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro ao longo de décadas. A partir de 2022, essa rivalidade se intensificou com o aumento das tentativas do Comando Vermelho de invadir o Complexo de São Carlos.
4 – Baixada Fluminense: Nova Iguaçu (Km 32) e Queimados (São Simão e Torre).
Em Nova Iguaçu, o tráfico passou a atacar áreas adjacentes à antiga rodovia Rio-São Paulo, como o Km 32, conhecido como reduto de milicianos. Em Queimados, a linha do trem funciona como uma fronteira entre as áreas controladas pelo Comando Vermelho e pelo Terceiro Comando Puro. Os ataques do Comando Vermelho partem de São Simão, de um lado da linha férrea, com o intuito de conquistar o Morro da Torre, do outro lado da linha.
5 – Grande Bangu: Vila Kennedy (CV), Complexo de Vila Aliança (TCP) e Catiri (Milícia)
As principais organizações criminosas do Estado estão envolvidas em uma guerra sangrenta, impulsionada pela busca de expansão territorial e aumento dos lucros provenientes de diversas atividades ilícitas. Vila Kennedy e Vila Aliança são cenários de confrontos violentos, os quais têm se intensificado nos últimos anos. Atualmente, o Comando Vermelho está concentrando seus esforços na região do Catiri, antes dominada pela milícia.
6- Pedreira x Chapadão Historicamente o complexo do Chapadão é dominado territorialmente pela facção criminosa auto intitulada Comando Vermelho (CV).
Ao mesmo tempo o complexo de favelas da Pedreira, Quitanda e Lagartixa é dominado por outra facção do tráfico de drogas, o Terceiro Comando Puro (TCP). Atualmente, tendo em vista as várias restrições às operações policiais, traficantes de drogas do Comando Vermelho estão expandindo seus domínios ilícitos, alcançando áreas que antes não eram favelas. Além disso, ambas as facções delinquentes (CV e TCP) vêm travando verdadeiras guerras sangrentas por territórios, expondo as vidas dos cidadãos da região.
Segundo o CNJ, desde o advento da ADPF 635, disputas entre criminosos transformaram bairros inteiros em zonas de guerra.
Migração de bandidos de outros Estados para o RJ.
Antes da ADPF 635, já havia criminosos do Rio de Janeiro atuando em outros estados, e vice-versa. No entanto, após a implementação dessa medida, houve significativa migração das lideranças do tráfico de drogas de diversas regiões do Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste para o Rio de Janeiro.
Levantamento realizado pela Polícia Civil indica que, até o presente momento, 99 (noventa e nove) criminosos oriundos de outros estados foram presos, ou faleceram em confronto com as forças de segurança, no estado do Rio de Janeiro desde o ano de 2021.
Um exemplo marcante ocorreu no Pará, envolvendo o criminoso conhecido como Leo 41, que estava escondido no Rio de Janeiro. Ele foi neutralizado em uma operação conjunta, junto com seu grupo, e durante a ação, 13 fuzis foram apreendidos em São Gonçalo.
Segundo a Polícia Civil do Pará, Leo 41 era acusado de estar envolvido em dezenas de homicídios naquele estado. Sua sensação de impunidade o levou a ordenar ataques contra as forças de segurança pública no Pará, resultando na trágica morte de mais de 40 policiais.
Após a implementação da ADPF 635, lideranças de facções oriundas de outros estados, associadas às facções existentes no Rio de Janeiro, passaram a priorizar o estado com intuito de homizio.
Dentre esses criminosos, os originários do estado do Pará, Amazonas e Ceará pertencentes à organização criminosa (ORCRIM) Comando Vermelho de seus estados, são os que mais têm se deslocado para o estado do Rio de Janeiro, para comandarem daqui as atividades criminosas de seu estado de origem, bem como para praticarem crimes em território fluminense, de forma a conseguir até um protagonismo junto à ORCRIM Comando Vermelho fluminense
Levantamento da Subsecretaria de Inteligência (SSINTE), com base na produção de inteligência policial, conduziu ao número médio de 70 criminosos atuando no tráfico de drogas e milícias de cada comunidade, utilizando arma de fogo, seja fuzil ou pistola, geralmente portando ambos. É dizer: na área urbana do Estado do Rio de Janeiro circulam, ao menos, 56.520 indivíduos portando fuzis e pistolas.