O Ministério Público Estadual decidiu arquivar um inquérito instaurado na Corregedoria da Polícia Civil para apurar o envol,vimento de agentes da corporação, inclusive um delegado, com milicianos que agiam em Itaboraí, anos atrás.
Uma das suspeitas surgiu depois que um miliciano que foi preso falou que o sobrinho do chefe da delegacia de Itaboraí, após ter participado de uma reunião com a milíkcia para abrir uma casa de prostituição , afirmou que falaria com seu tio, responsável pelos mandados de prisão da 71a DP, para acertar um pagamento de propina , a fim de que a milícia pudesse atuar sem repressão
Segundo relato, esse mesmo policial teria se encontrado com os milicianos e acertado o pagamento de uma quantia semanal, bem como a “entrega de uma ocorrência por mês”, de armas e carros clonados, garantindo a produtividade da delegacia. Esse acordo teria ocorrido no Bar Armazém e divulgado entre os milicianos que deveriam evitar a avenida principal, a fim de não gerar problema para os policiais.
Em outra situação, o miliciano Joaninha, morto semana passada em Rio Bonito, tomou um “bote” dos policiais da 71a DP, os quais pegaram um Range Rover e levaram para a delegacia, exigindo pagamento para liberação.
Houve também denúncia de que um dos lideres da milícia teria se reunido na cidade de Saquarema, no dia 19 de junho de 2019 , com um delegado da 71ª DP, em Saquarema, fato que foi negado pelo policial citado,
A Corregedoria representou pelo afastamento do sigilo de dados das linhas utilizadas pelo delegado não tendo sido identificados o uso de quaisquer das linhas na cidade de Saquarema, na data mencionada .
ARGUMENTOS PARA PARAR O INQUÉRITO
“Neste contexto, o que se verifica é que, decorridos já mais 5 (cinco) anos desde a data dos fatos, as investigações em nada avançaram para indicar concretamente o envolvimento dos policiais civis. Pelo contrário, o que se tem são informações e ilações não corroboradas pelos meios de prova já disponibilizados na grandiosa operação que resultou no desmantelamento de uma milícia que atuava em Itaboraí, onde mais de 40 pessoas foram denunciadas”, disseram os autos.
“Os dados extraídos dos celulares apreendidos sugerem o envolvimento de policiais, mas não revelam prova substancial. Ademais, as tentativas de comprovação de que de fato havia um acordo da milícia com o delegado e seu principal subordinado restaram frustradas. Não se comprovou o mencionado encontro em Saquarema, a despeito dos esforços empreendidos, nem foi possível extrair depoimentos dos criminosos neste sentido”
De outra banda, o evento envolvendo uma apreensão supostamente forjada de arma que na verdade teria sido apreendida em poder de outros milicianos igualmente não se confirmou. Não há como inferir tratar-se da mesma arma única e exclusivamente a partir de uma foto divulgada na imprensa, foto esta que revelaria apenas modelo e marca como de tantas outras.
Dessa forma, não vislumbra o Ministério Público chance de êxito nas investigações. As linhas investigativas parecem esgotadas, de modo que não há sentido no prosseguimento do inquérito policial, até porque não há elementos que apontem ao seu sucesso. A procrastinação desnecessária do procedimento investigatório importará, tão- somente, na sobrecarga de trabalho da polícia.