O delegado Ginilton Lages, que terá que andar com tornozeleira eletrônica por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) por conta de sua participação no caso Marielle, foi um dos nomes mais citados no relatório da Polícia Federal sobre os homicídios.
Logo que Rivaldo Barbosa assumiu a chefia da Polícia Civil do Rio, um dia antes da morte da vereadora, ele nomeou Lages como titular da Delegacia de Homicídios da Capital.
Lages ficou responsável pela investigação do crime. E a partir daí começou a praticar os atos tendentes a obstruir as investigações.
Escalado para obstruir os trabalhos investigativos e o fez com esmero.
Ambos já possuíam uma prévia relação de confiança. Ou seja, os trabalhos de sabotagem se iniciaram no momento mais sensível da apuração do crime, as horas de ouro, o que ensejou a perda de elementos de convicção importantes para a sua resolução a contento como, por exemplo, a captação das imagens dos circuitos internos de televisão dos imóveis adjacentes ao local do crime.
O relatório final do inquérito sobre as mortes de Marielle e Anderson. datado de 07 de março de 2019, foi lavrado por Giniton. Ele trazia as conclusões da Delegacia de Homicídios da Capital/RJ acerca da autoria imediata do delito, sendo certo que a apuração sobre eventuais autores intelectuais e demais circunstâncias foi desmembrada para continuação nos autos do Inquérito Policial n.º 901-00266/2019, cuja conclusão permanece pendente até os dias atuais.
Lages apontou a participação de Ronnie Lessa no caso e lhe imputou a motivação torpe, em razão das pesquisas odiosas realizadas pelo agente em relação a políticos de esquerda, tais como: Dilma Rousseff, Marcelo Freixo e familiares, Presidente Lula, Flávio
Serafini etc.
O homicídio de Vereadores na Região Metropolitana do Rio de Janeiro não era qualquer novidade quando remontamos à época dos fatos.
]A partir de 2016 mais de 30 pessoas ligadas à política foram assassinadas no Rio de Janeiro, sobretudo na Baixada Fluminense, área na qual o titular responsável pela Delegacia de Homicídios era Giniton Lages, outro personagem importante nessa equação, uma vez que fora o escolhido por Rivaldo para capitanear as investigações do Caso Marielle e Anderson a partir do dia seguinte ao crime.
Todos os crimes envolvendo pessoas da política no Rio de Janeiro foram investigados pelas Delegacias de Homicídios da Baixada e da Capital, mas poucos casos foram concluídos.
A “negligência” de investigações envolvendo figuras políticas naquela oportunidade era trivial para a dupla de delegados, de modo que o
aporte da demanda pela garantia da impunidade em torno do homicídio de Marielle Franco seria apenas mais uma que apareceu no espúrio balcão de negócios da DH naquela gestão.
Rivaldo manteve que manteve o esquema criminoso, enquanto chefe da DHC.
Houve esforço dispendido na montagem da equipe investigativa do caso Marielle (ocasião em que escolheu seu “homem de confiança –
Giniton Lages – e transferiu dezenas de servidores da DHBF para a DHC”): “Enquanto chefe de polícia, vê sua influência aumentar e pode escolher os delegados que ficariam à frente de delegacias estratégicas, expandindo sua área de influência”.
Ginilton Lages esteve no complexo prisional de Bangu afim de obter a confissão de Orlando Curicica sobre o assassinato de Marielle.
Como Curicica negou, tal equipe teria o ameaçado de lhe atribuir outros homicídios como meio de coerção (ou coação) a confessar aquela hipótese prémoldada.
Acerca do fato de o planejamento do crime contra Marielle remontar a 2017, Giniton não o mencionou em seu relatório, embora soubesse o que de fato acontecera.
Lages foi devidamente recompensado por Rivaldo Barbosa por sua atuação. No dia 27 de dezembro de 2018, o Interventor Federal editou o Decreto que determinou, por merecimento, a promoção funcional de Lages para a 1ª classe, a contar de 29 de setembro de 2018.
Para Ronnie Lessa, a promoção ganha por Lages foi em razão da sua atuação no Caso Marielle, mais especificamente, no seu auxílio no redirecionamento das investigações para a dupla Marcelo Siciliano e Orlando Curicica.
Não há indícios, porém, de que ele tenha participado do crime.