O miliciano conhecido como Sardinha, que comandou a comunidade Km 32, em Nova Iguaçu e, mesmo preso, vem sendo apontado ainda como executor de crimes na localidade vai a júri popular pela tortura e assassinato de dois adolescentes, fato ocorrido em 2020.
Segundo consta dos autos, entre os dias 01 de março de 2020 às 19h00min e 02 de março de 2020 às 05h00min, em via pública, na cidade de Queimados – RJ, Sardinha, comparsa Jackson, PTK e outros não identificados efetuaram disparos de arma de fogo contra as vítimas Marlon Douglas Alves da Silva e Pedro Lucas Lemos Salsa, causando-lhe lesões corporais, que foram à causa eficaz de sua morte.
Consta nos autos que no dia dos fatos, os adolescentes Pedro e Marlon estavam junto de PTK na porta da residência de Pedro, quando um grupo de milicianos ocupando o veículo GM/Prisma na cor prata e Renault/Duster na cor branca, ordenou que as vítimas adentrassem na mala do veículo prisma e os conduziu até um local conhecido como Guaxa, local próximo ao um Brizolão.
Neste local os adolescentes Marlon e Pedro foram torturados e mortos.
O crime foi praticado por motivo torpe, em razão de os adolescentes terem sidos mortos em razão de envolvimento com entorpecentes e prática de atos infracionais por parte de Pedro.
O crime foi cometido mediante emboscada, uma vez que a o denunciado PTK, amigos da vítima e previamente acordados com os milicianos, atraiu as para rua local onde seriam raptados e mortos.
No mesmo dia, hora e local, os criminosos ocultaram os cadáveres das vítimas Marlon e Pedro, colocando os corpos em local incerto e não sabido.
Poucos dias após a pratica do crime de homicídio, em frente à residência da mãe de Pedro fizeram ameaças contra ela e teriam dito.
“Para de fazer barulho. Você deveria ter medo da gente”, tudo no afã de incutir temor na vítima para que esta desistisse e desacreditasse o registro policial.
Depoimentos de testemunha e acusados
A mãe de Marlon falou que ele iria denunciar o ex-marido dela por ter estuprado a sua outra filha mas a milícia não deixou dizendo que ia resolver.
Ela soube que pegaram o filho. Em conversa com uma outra mulher, ela mostrou a foto de Marlon e a outra disse que ele estava muito machucado e teve o rosto desfigurado.
Tentou procurar os milicianos porque queria o filho vivo ou morto e os paramilitares mandaram ela parar de fazer escândalo. O corpo nunca foi encontrado.
Sardinha foi à sua casa, com cerca de dez homens e falou que era para a depoente calar sua boca e não ficar falando nada,
Sardinha disse ainda que se a depoente continuasse, este voltaria lá para matar todo mundo, e não pouparia nem as crianças; que depois disso saiu de lá e não voltou;
Sardinha chegou a mostrar em seu celular as pessoas que havia matado.
A mãe de Marlon chegou a falar que a milícia matou seu filho a pedido de seu ex-marido que iria ser denunciado por estupro;.
Contou ainda que seu filho não tinha nenhum envolvimento com nada ilícito.
Disse também que os milicianos falam que matam e depois o corpo vai para o açougueiro.
Contou ainda que os milicianos costumavam cometer seus crimes em um curral, onde também acredita que fica o tal açougueiro.
Revelou que as vítimas teriam sido pegas em uma padaria; que o local tem câmeras de segurança, mas o dono não cedeu as imagens.
Sardinha afirmou que está sendo imputado pelo crime em razão de seu passado; que não lidava com esse tipo de crime, só trabalhando com cobrança do comércio; que trabalhava para a milicia fazendo cobrança de comerciantes; que não cometia outros crimes para a milícia; que na época trabalhava para a milícia do trinta e dois, que era comandada por Bibi; que depois foi preso e cumpriu pena; que parou com tudo; que depois que foi solto parou com tudo; que tinha um mototáxi e um lava-jato; que era cobrado pela milícia para trabalhar; que na época o miliciano já era o Tandera; que pagava trinta reais; que não ficava muito no local porque havia uma guerra entre milicianos, e ficava com medo; que a milicia da qual participou no 32 era rival da milicia comandada por Zinho; que acredita que está sendo imputado pois era conhecido na localidade, em razão das cobranças que efetuava; que tudo que faziam ali era imputado ao depoente; que estava morando há dez meses no trinta e dois; que não resistiu à prisã; que no dia do crime estava com sua família; que era aniversário de sua sobrinha e estava em uma festa; que não sabe onde as vítimas moravam; que não procurou as famílias das vítimas depois do crime; que não sabia onde as vítimas moravam; que trabalhou cobrando os comerciantes; que recebia trezentos reais por semana; que na época o responsável era Bibi; que Danilo, vulgo Tandera, estava preso; que só podia matar alguém por ordem da milícia; que os cobradores não matavam ninguém; que se fosse para matar, mataria a pessoa que estuprou alguém; que não sabe quem é Francisco; que se tivesse matado alguém sem ordem da milicia, estaria morto.
Jackson falou que sabe que está sendo acusado de um homicídio; que não tem problemas na localidade; que não tem conhecimento do motivo pelo qual o crime lhe está sendo imputado; que não conhecia as vítimas; que conhece Denys de vista; que nunca teve envolvimento com a milícia; que é ajudante de mecânico; que trabalhava em um comércio no km 32; que o comércio pagava para a milicia uma taxa de cinquenta reais; que não sabe dizer por que está sendo apontado como integrante da milícia.