Preso hoje junto com Cara de Ferro e apontado como o segundo na hierarquia da milícia em Curicica, Andinho fez parte há alguns anos da agremiação criminosa Comando Vermelho na função de vapor na Cidade de Deus.
Ele era associado aos traficantes Sam, Deco, Ligeirinho, Julinho e Naíba atuando em nome e por conta dos líderes do grupo, como ‘vapor’ vendendo drogas que recebera de terceiro não identificado e repassando os lucros para os gerentes e chefes do tráfico.
Quando foi preso em 2014, com drogas e armas, chegou a dizer que era comando vermelho ‘a vera’, que já tinha avermelhado tudo na Praça Seca. Veio falando isso e se exaltando no caminho, falava isso na viatura.
Chegou a ameaçar de morte na época um subcomandante e um policial militar uma vez que a vez que a PM estava reprimindo o tráfico na comunidade.
Falou ainda que era o responsável por toda a retomada de território das comunidades da Praça Seca, sob o comando da facção
Veja o depoimento dele:
O depoente gostaria de deixar bem claro que vem sofrendo muito na vida, foi preso muito novo, ficou 8 anos preso. Chegou recentemente à rua, de forma ilegal. Passou na cadeia conhecida como Bangu 5, depois foi para a Bangu 3, de onde foi para o regime semiaberto no Piragibe. Quando chegou lá, a condicional do depoente estava vencendo, e venciam também a pulseirinha do depoente, a VPL e todos os benefícios do depoente. O depoente sempre procurou trabalhar na cadeia, sempre assinou suas planilhas, sempre procurou trabalhar e estudar, nunca teve falta grave ao longo da caminhada do depoente no cárcere. O depoente passava por problema familiar muito sério. Todos diziam para o depoente que sua mulher o traía, a que visitou o depoente nesses 8 anos. O depoente trabalhava no espaço da limpeza no Vicente Piragibe. Chegando lá, para efetuar o trabalho de todos os dias, no pátio de visita, que tinha que limpar para as visitas da família, o depoente encontrou umas pessoa fugindo da cadeia. Atribulado com isso na mente, de que a esposa estava traindo o depoente, este acabou – com medo também de sofrer represália, vez que os elementos viram que o depoente tinha visto que estavam fugindo, sendo que, se algo desse errado em sua fuga, o depoente poderia sofrer represália na cadeia. O depoente queria também ver se a esposa estava realmente traindo o depoente, sendo que estava se acabando nas drogas, usava muito. O depoente foi embora na fuga e, quando chegou na rua, a esposa do depoente não estava fazendo nada daquilo que tinham falando, mas estava trabalhando, estava doente e se tratando. Quando viu que estava tudo bem com a esposa, o depoente não voltou para se entregar. A esposa do depoente não o aceitou mais, em razão de ter o depoente duvidado da mesma e não ter acreditado na sua palavra. Isso atordoou mais ainda o depoente, que estava caindo nas drogas. O depoente não tinha mais nenhuma perspectiva de vida. Quando foi preso agora, foi direto para o Bangu 1. Muitas pessoas dizem que o Bangu 1 é um lugar ruim, mas o depoente pode dizer com todas as palavras que ali foi o melhor lugar em que depoente esteve na vida. Foi no Bangu 1 que o depoente teve verdadeiramente um encontro com Deus, conseguiu se afastar das drogas, está engordando, está forte, com a saúde boa, nunca se sentiu como se sente hoje, tão saudável. O depoente escreveu umas cartas para a esposa, que perdoou o depoente e fez a carteirinha, a qual demorou 6 meses para ser entregue. Agora, a esposa foi ver o depoente. O depoente chegou à Cidade de Deus para poder comprar a droga. Lá, apareceu a polícia. Os traficantes que estavam lá na hora e que vendiam a droga correram, e o depoente ficou no bar. Abordaram o depoente no bar e perguntaram se devia cadeia. O depoente não aguentava mais viver foragido, na suportava mais aquela vida, e falou para os policiais que devia, sim. Estava foragido havia alguns meses, não sabendo o depoente lembrar ao certo quanto. O depoente falou a verdade, que realmente devia cadeia. Os policiais vieram com mais dois elementos que prenderam, os quais colocaram ao lado do depoente. Ali, estavam negociando e querendo soltar esses elementos em troca de dinheiro, pedindo dinheiro para soltar, não lembrando o depoente o valor exato da negociação. Esses mesmos elementos pegaram a droga em cima do telhado. Não havia droga nenhuma até o momento, os dois elementos foram trazidos sem nenhuma droga. Trouxeram a droga que estava em cima do telhado. O depoente estava com 5 papéis de pó de 10 no bolso. O depoente está sendo sincero, sendo homem de verdade, já sofreu muito na vida e sabe que tudo quanto está falando está decidindo a vida do depoente de uma vez por todas. O depoente nunca teve vínculo com o tráfico. A droga não era do depoente. O depoente não anda armado, mal tinha dinheiro para comprar a droga, ainda mais para comprar arma. Não era do depoente a quantidade de droga mencionada, somente a pequena quantidade a que se referiu, para uso próprio. O depoente está falando realmente o que aconteceu, sem tirar ou colocar palavra alguma. Está tentando ser o mais claro possível, para ser entendido. Depois que acharam a droga em cima do telhado, vieram e começaram a negociação. Isso não foi no horário mencionado, 15h, mas às 9h da manhã. Mandaram dinheiro para soltar os dois traficantes, que foram soltos. Falaram para o depoente que, se seu dinheiro não viesse, a droga recolhida em cima do telhado – o depoente viu os policiais pegando a droga em cima do telhado, não pegaram nem com o traficante – seria do depoente. O depoente falou que nem se quisesse dar dinheiro teria condição, vez que ficou muito tempo preso, não tem condição de pagar advogado, não tem condição de dar dinheiro para os policiais, não tem condição de nada. Agora, está sendo uma surpresa para o depoente ser informado que é acusado de porte de munições, associação ao tráfico e tráfico de drogas. O depoente desconhece tais acusações. O depoente foi preso por um porte de arma. Depois, acusaram o depoente de ter cometido esses assaltos, que o depoente não sabe nem onde ocorreu, sendo que o depoente foi condenado por isso. (…