Investigação revela como a quadrilha de Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, tomou o controle da comunidade Cinco Bocas, em Brás de Pina, fato que propiciou a formação do Complexo de Israel, que inclui ainda Parada de Lucas, Vigário Geral, Cidade Alta e Pica Pau.
Uma testemunha relatou que o bando de Peixão invadiu a comunidade em 2019.
Chegou a haver uma pequena troca de tiros mas logo os criminosos ligados ao Comando Vermelho deixaram a localidade.
A testemunha disse que estava havendo um baile funk no local mas os invasores jogaram granadas e efetuaram disparos.
Participaram da invasão os traficantes Índio, Gordinho, Bebel (falecido), Ninho, Pirâmide, Lulão, Dino, Marrom (falecido), Betinho, Bebelzinho e Tiago Macaco.
Após a invasão, os moradores foram até Parada de Lucas procurar o segundo homem na hierarquia do bando, vulgo Mia, para saber sobre o paradeiro das pessoas desaparecidas na ação criminosa.
Mia, na ocasião, falou que queria acabar com a bagunça e que a Cinco Bocas agora era Terceiro Comando Puro (TCP).
A testemunha falou que ouviu dizer que os corpos dos desaparecidos foram picotados e dados para porcos selvagens comerem.
Uma outra testemunha falou que os invasores entraram na comunidade atirando para tudo quanto é lado e que as pessoas saíram correndo.
Segundo o seu relato, os marginais estavam de preto e usavam coletes, portando várias armas de fogo.
No início, o declarante pensou que fosse a polícia mas depois soube que eram traficantes do TCP.
Ele disse que se escondeu no banheiro mas ele e outras pessoas foram obrigadas a sair pelos invasores. Todos foram ameaçados de morte e agredidos menos uma moça que seria parente de algum bandido.
A testemunha relatou momentos de tortura e disse que participaram Lulão, Ninho, Pirâmide, Índio, Betinho, Bebel, Marrom e Dino.
A testemunha disse que quase foi levada para dentro de um porta malas de um carro mas acabou liberada, ao contrário do seu amigo chamado Darlan.
Uma parente dos invasores disse que 20 minutos após os disparos, a moça que escapou de ser agredida pelos traficantes apareceu em sua casa junto com alguns amigos e todos estavam muito assustados com o ocorrido.
Foi citada uma fotografia em que o traficante Dino, que ninguém sabe se está morto, aparecia com a inscrição Caça Rato e portando uma arma longa que parecia ser um fuzil HK G3. Rato seria um dos chefes do Comando Vermelho.
A jovem que escapou das agressões disse que estava no bar e ouviram muitos tiros.
Os traficantes entraram e exigiram que todos saíssem e ficassem no meio-fio.
Segundo ela, os bandidos fizeram vários disparos para o interior do estabelecimento, além de granadas.
Falou ainda que os criminosos agrediram seus amigos.
Uma outra jovem falou que viu um veículo semelhante ao caveirão da PM e várias pessoas vestidas de preto saindo do mesmo. Que os suspeitos teriam se identificado como policiais inicialmente.
Mais uma mulher falou que no dia seguinte ao ataque disseram que Peixão, Jeremias também participaram do ataque.
Ela contou que Dino viu uma amiga no bar e perguntou o que ela estava fazendo ali e a mandou para casa.
Revelou ainda que os líderes do tráfico do CV na Cinco Bocas na época eram os irmãos Jefinho e Jardel.
Um militar contou que, no dia da invasão, disse que ao redor do bar haviam traficantes do CV.
Disse que viu vários elementos portando fuzis invadindo a favela e correu para dentro do bar mas os bandidos exigiram que todos saíssem. Falou ainda que os criminosos se identificaram como policiais inicialmente.
Disse também que havia uma bandeira de Israel em um dos coletes usados pelos invasores. E revelou que levou socos e chutes e diziam que ele era integrante do CV. Após ser castigado, foi liberado.
Ele comentou ainda que Jefinho e Jardel, além de Gordinho e Gominho, estavam no local no momento da invasão.
Um traficantes do CV foi ouvido. Um deles disse que 20 criminosos do TCP participaram da invasão na Cinco Bocas partindo em carros. Não soube informar sobre o sequestro de pessoas.
Um dos invasores contou que no dia da invasão foi dar um passeio na Cinco Bocas portando um fuzil porque sabia que a comunidade havia sido tomada pelo TCP. Disse que era morador da Cidade Alta e passou a integrar o tráfico ganhando R$ 2 mil por semana.
Contou ainda que participou da invasão na vizinha Favela do Pica Pau em 2016, fato que teve repercussão por causa de um vídeo que circulou mostrando traficantes entrando no local com fuzis.
Disse que todas as pessoas sequestradas na invasão eram bandidos ligados ao CV. Todas foram executadas e jogadas em local.
desconhecido. Disse que o local onde foram jogados os corpos não foi revelado nem para os traficantes que participaram da invasão por ser uma coisa sigilosa e para evitar operações policiais.
Falou ainda ter certeza de que nenhum inocente foi executado porque os chefes da Cidade Alta, Parada de Lucas e Vigário Geral, Peixão e Rei do Fumo, não admitiam covardia e que se matassem inocentes. Negou ainda que PMs tivessem facilitado a invasão.
Um outro participante do ataque disse que o grupo de 16 bandidos se dividiu em quatro carros e que todos os desaparecidos seriam criminosos.
PMs afirmaram que a equipe do GAT foi acionada para incursionar na Cinco Bocas no dia do fato por conta de denúncia de invasão por parte de traficantes do TCP. Viram marcas de sangue mas não encontraram nenhum traficante.
Foram até Parada de Lucas após receberem informes de que pessoas sequestradas eram mantidas na comunidade e não encontraram nada.
Chegou a ser apreendido um fuzil e carregadores no dia, mas o material pertencia aos traficantes do CV.
Posteriormente, houve um confronto na localidade e traficantes foram presos e com eles, dois fuzis apreendidos. Todos eram do CV.