Um traficante contou para a polícia como se deu a tomada do Morro do Estado, em Niterói, pela facção criminosa Comando Vermelho no final de 2020.
Chegou a ocorrer no ano passado alguns conflitos na comunidade mas o CV prevaleceu.
O suspeito exercia a função de soldado na comunidade na época do Terceiro Comando Puro (TCP) e que o chefe era o bandido conhecido como Anão.
Os expoentes da invasão do CV, segundo ele, foram os traficantes Boladinho e Lutador.
Ele disse que, há alguns anos, os integrantes do TCP brigavam internamente pelo poder no morro.
Boladinho, então, concluiu que não tinha condições de formar alianças com uns caras que mataram antigos aliados, optando por pular para o CV.
Ele ainda convenceu antigos aliados do TCP a colaborar no golpe de Estado, prometendo condições de gerência na comunidade, tendo convencido primeiramente o Lutador.
Também pularam para o CV Cavalinho, Canibal, Gustavinho, Betão, Bebel, Drogadão, Caio e Dinho ou PV.
O ataque do CV que consumou na tomada do morro teve o apoio do traficante Pedro Bala do Complexo da Penha bem como Cabeça do Sabão. Sendo que este último já esteve de frente no Estado por um pequeno período, enquanto era ADA, tendo verdadeira obsessão pela comunidade, ofertando armas e soldados para a guerra, em troca de participação nos lucros na favela.
O depoente contou que as comunidades do Arroz, Chácara e Estado juntas chegavam a vender aproximadamente R$ 250.000,00 por semana, sendo a Chácara a que mais lucra.
Disse também que Lutador e seus comparsas eram estigmatizados pelas covardias praticadas em desfavor de moradores ee usuários de drogas.
Contou que Lutador, desde a invasão, já matou com a própria mão, sem uso de arma, ressaltando que ele já foi lutador profissional, ao menos dois moradores. Matou também um “menor”, após se exceder na tortura.
O declarante disse que, com a invasão do Estado, buscou abrigo na Vila do João mas que toda sua família permaneceu no Estado, e foi ameaçada pelo Lutador.
Falou ainda que, apesar não querer se envolver mais com o Tráfico de Drogas, chegou a ser obrigado a participar da guerra para garantir a segurança de seus familiares que não possuem condições de deixar o Estado.
Ele contou ainda que o traficante Capilé de Acari autorizou o envio de soldados, armas e drogas do Acari para o Estado, em apoio logístico à guerra.