Confira agora detalhes de um crime bárbaro cometido por traficantes do Complexo da Serrinha, em Madureira,
A vítima foi Matheus Andrade de Oliveira, assassinado em outubro de 2024, e que teve o corpo decapitado pelos bandidos, que filmaram o crime e divulgaram nas redes sociais, fato que desagradou a cúpula da quadrilha. Cinco tiveram a prisão preventiva decretada, entre eles os líderes do tráfico na Serrinha, vulgos Lacosta e Coelhão.
O pai de Matheus disse que ele residia na casa no Morro do Fubá, em Cascadura, área dominada pela facção de drogas Terceiro Comando Puro (TCP.
O filho tinha o hábito sair em grupos de “Bate Bola” e possuía em seu telefone celular contatos de integrantes da facção Comando Vermelho, pois Matheus tinha conhecidos de infância que enveredaram no caminho do tráfico de entorpecentes, e por este motivo, ele ainda mantinha o contato destes homens na agenda de seu telefone;
Segundo o seu relato, Matheus havia aberto uma pizzaria chamada Brothers Pizzaria e Lanchonete, próximo à comunidade Jorge Turco, que atualmente é dominada pela facção Comando Vermelho.
O pai alertou o filho sobre o perigo de abrir um empreendimento em área dominada pelo tráfico de drogas, entretanto, Matheus não o escutou e seguiu em frente;
No dia 26/10/2024, o pai recebeu um alerta de um homem sobre um vídeo de um corpo espostejado que seria de Matheus, que teria sido executado pelos traficantes do Terceiro Comando Puro que dominam a área da comunidade do Fubá em Cascadura.
A partir daí, o pai e o amigo partiram para a comunidade do Fubá e logo que chegaram, se depararam com quatro traficantes, três deles portando fuzil e o outro uma pistola. O pai dconversou com dois deles que portavam fuzil e
Nesta conversa, o pai perguntou pelo seu filho, se ele havia sido levado e morto dentro da comunidade. Os traficantes negaram que alguém havia sido morto naquela localidade e impediram que o pai subisse o morro para falar com o dono;
A namorada de Matheus disse para o pai dele que ela havia sido feita de refém pelos traficantes do TCP desde às 19h do dia 25/10 até às 01h do dia 26. A moça reside na comunidade do Fubá e foi sequestrada no caminho de volta para casa e mantida em cárcere.
Os traficantes a mantiveram presa em um quarto dentro de uma casa localizada na comunidade do Fubá, e utilizaram o telefone celular dela para se comunicar com Matheus como se fosse a própria namorada dele;
Os traficantes tentaram combinar um encontro com Matheus se fazendo passar pela jovem. Ela relatou que escutou quando alguém passou um rádio para um dos traficantes, ordenando que a mesma fosse liberada;
Ela disse desconfiar que este foi o momento em que Matheus foi pego pelos traficantes. O rapaz estava em seu carro, um fiat Argo 1.0, cor preta, placa FZZ1J38, ano 2017/2018, Renavam 01132822707 quando foi sequestrado;
Ela contou ainda que há aproximadamente um ano, o barbeiro que cortava o cabelo do Matheus pediu ajuda a ele pois o filho dele havia entrado para a facção Comando Vermelho. O barbeiro pediu a Matheus algum contato dentro da facção, pois ele precisava interceder para que seu filho (que desconhece o nome) deixasse o CV;
Matheus passou o contato de alguém dentro do CV, e o barbeiro se dirigiu até este contato, e conseguiu que o filho deixasse o tráfico de drogas..
Pouco tempo atrás, este menino voltou para a comunidade do Fubá e se uniu à facção Terceiro Comando Puro daquela localidade; Matheus comentou algumas vezes que este menino “estava olhando torto” para ele. Além disso, Matheus continha contatos de traficantes do CV na agenda de seu celular, o que já é suficiente para que ele seja considerado X9 pelas “leis do tráfico de drogas”, podendo ter sido a motivação para o crime;
O amigo do pai da vítima disse que, na noite do dia 25/10 para o dia 26/10, começou a perceber que o status do Whatsapp de pessoas conhecidas começou a mudar para emojis chorando.
Descobriu o que estava acontecendo quando conversou com o compadre de Matheus que lhe disse que o mesmo havia sido “pego” pelos traficantes do TCP que dominam o morro do Fubá..
Ele foi com o pai de Matheus perguntar aos traficantes sobre o paradeiro do rapaz. Logo avistaram cerca de cinco ou seis traficantes, dois deles armados de fuzil; Os traficantes desviaram o olhar e disseram que não sabiam de nada..
A testemunha disse que ouviu dizer através de boatos que a ordem para a execução foi dado pelo dono conhecido pelo vulgo de “Lacoste e seu braço direito, vulgo Coelhão.
Disse acreditar que os traficantes do TCP consideraram Matheus como “X9”, pois ele tinha conhecidos da facção rival, Comando Vermelho, havia contatos de traficantes do CV na agenda do celular.
Ao que parece havia uma conversa no celular dizendo o que segue “se os rivais invadirem aqui, acaba essa bagunça”; Ap ser indagado sobre a identificação dos algozes de Matheus, o declarante alegou saber serem os traficantes do TCP, provavelmente do Complexo da Serrinha ou da comunidade do Fubá, porém, desconhece nomes e/ou vulgos;
O compadre de Matheus disse que sempre foi mais expansivo, gostava de sair durante o carnaval na turma dos “Bate Bola” de Cascadura, tinha muitos conhecidos, alguns deles traficantes pertencentes à facção Comando Vermelho, que eram moradores da região de Cascadura e após enveredaram para o mundo do crime, se unindo ao CV mas Matheus mantinha estes vínculos, inclusive na agenda do telefone celular;
Contou que no dia 25 de outubro de 2024, ele foi abordado por um entregador de Ifood, que conhece apenas de vista;. Este homeme sabia da ligação de amizade entre o declarante e Matheus, relatou o seguinte: “Pô cara, pegaram o Matheus na porta de casa, bateram nele e levaram ele no carro”;
Estes homens eram os traficantes do TCP do Morro do Fubá. O declarante seguiu em seu carro e logo mais adiante, foi abordado por outro homem de cor de pele branca, de cabelo liso, baixo, que falou exatamente a mesma coisa do entregador, que homens do TCP haviam pegado Matheus, e levado ele no próprio veículo;
De posse desta notícia, , o declarante decidiu ir para a sua casa, a fim de aguardar para ver se história era verídica; Que por volta de 01h30m, ele foi até o portão a fim de verificar se o carro de Matheus havia retornado. Ao chegar ao portão, foi abordado novamente por outro homem, que também não possui a identificação, e que confirmou que Matheus havia sido executado;
Depois, avisou o pai de Matheus e o aconselhou a não procurar os traficantes naquele momento, pois havia visto os criminosos bebendo e passando de moto a madrugada toda;
A prima de Matheus tinha muitos amigos e conhecidos, e adorava sair na turma de Bate-Bola da área da facção do Comando Vermelho (CV); Que acredita que há muitos criminosos neste grupo do Bate-Bola, muitos deles vão armados para os encontros; Que dentre estes amigos do Matheus havia integrantes do tráfico de drogas do CV, que provavelmente eram amigos de infância que enveredaram pelo caminho do crime organizado;
Disse que tem ciência de que Matheus cortava o cabelo com um homem e que o filho dele havia entrado para o CV há um tempo atrás que não sabe precisar. Se recorda que houve algum problema com o filho do barbeiro junto aos outros traficantes do CV e Matheus foi interceder pela vida dele junto aos referidos traficantes;
Após algum tempo, o filho do Barbeiro se juntou ao grupo de narcotraficantes que dominam o Morro do Fubá da facção rival ao CV, o Terceiro Comando Puro (TCP). Disse suspeitar pode ser que o filho do barbeiro tenha delatado Matheus aos traficantes do TCP como se ele estivesse atuando de “leva e traz”, o conhecido “X9”, tendo em vista a proximidade de Matheus com os traficantes do CV.
Disse desconfiar que a namorada da vítima, possa ter algo a ver com o ocorrido, pois no dia 26, logo após a execução do rapaz, a declarante esteve com ela na casa do pai de Matheus na e estranhou o fato dela ter sido sequestrada, mantida em cárcere privado por horas sob o jugo dos traficantes do TCP e depois ter sido liberada sem sofrer qualquer tipo de violência ou ameaç.
A própria namorada disse em conversa que teve com a declarante no dia 26/10 que os traficantes do TCP disseram para ela ir embora e seguir em paz, porque nada de mal iria acontecer com ela ou com a família dela;..
Uma outra testemunha disse que viu o vídeo do esquartejamento de Matheus na rede social e teve a confirmação de que o corpo já sem vida que estava sendo espostejado era ele mesmo.
FONTE: Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro