Relatório da Justiça capixaba apontou que a quadrllha liderada pelos irmãos Vera do Espírito Santo que é alvo de operação no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro tem como principal fonte de renda o comércio de drogas ilícitas, chegando a arrecadar uma receita na ordem de R$ 220.000,00 […] por mês, atuando em toda região da Grande Nova Almeida, bem como em outras regiões da capital, como os bairros de Itararé, parte do bairro Andorinhas, parte do bairro Santa Martha (região conhecida como Mangue Seco), Tabuazeiro (em especial o Morro do Macaco), Gurigica (em especial o Morro do Jaburu) e Cruzamento, no Município de Vitória.
Os irmãos ocupam a liderança máxima do grupo criminoso, atuando a partir do Estado do Rio de Janeiro, com alta predominância de permanência na região da Favela da Maré, área controlada pela organização criminosa “Terceiro Comando Puro” (TCP).
Além disso, restou apurado que o grupo trazia drogas do Estado do Rio, onde os “Irmãos Vera” residem, para o Espírito Santo, uma prova disso foi a abordagem de uma mulher, gerente do grupo, flagrada enquanto trazia drogas da Favela da Maré, [no] Rio de Janeiro, para o Morro do Macaco, em Vitória, a mando de Thyago.
Os bandidos também procuraram também ampliar a lucratividade. Trata-se da exploração do serviço de internet, por meio de “acordos” com provedores locais, bem como da venda de gás de cozinha, de modo semelhante, dando exclusividade a determinados fornecedores para atenderem determinados bairros, agindo como verdadeira “máfia” em suas regiões.
A prática consiste em integrantes do grupo criminoso abordarem pequenos empresários, proprietários de provedores de internet que atendem a determinados bairros, exigindo dos mesmos o pagamento de certa quantia mensal, em favor do grupo criminoso, para terem o direito de continuar ofertando o serviço na região. Os valores pagos mensalmente variam de empresa para empresa e são proporcionais à quantidade de clientes que o provedor possua.
Caso não concordem em recolher os valores mensais, as empresas são proibidas de operarem na região, o que faz com que os clientes de sua base passem a contratar as empresas que integram o grupo, fatos esses que serão melhor apurados em procedimento próprio.
O tráfico de drogas, na Grande Nova Almeida, é segmentado em setores, que possuem responsáveis (gerentes) pela operação e pontos de venda de drogas, como o abastecimento dos pontos e mercadorias, radiocomunicadores, escala de serviço dos pontos de venda, controle dos produtos vendidos, recolhimento do dinheiro proveniente das vendas e repasse, ao plantão subsequente, de mercadorias não vendidas. Esses gerentes também atuam em regra de escala de revezamento, de forma que haja pessoas com um certo grau de qualificação e gerência, que podem ser remanejados em outras regiões, conforme necessidade da gestão superior.
Os entorpecentes que abastecem a região são preparados em locais pré-estabelecidos, como as residências dos próprios gerentes, residências de colaboradores ou, em grande parte das vezes, área de mata. Após o preparo para a venda, os entorpecentes podem ser armazenados nesses mesmos locais.
Na medida em que as mercadorias terminam nos pontos de venda de drogas, a gerência aciona algumas pessoas para reabastecer pontos de venda, levando os entorpecentes de sua própria residência ou buscando-os em outras residências ou área de mata.
Toda a região é altamente monitorada por olheiros do tráfico, sendo as informações referentes ao trânsito de viaturas policiais enviadas por meio de grupos específicos em aplicativos de comunicação, como o WhatsApp. Embora todos os integrantes do extenso grupo criminoso alimentem esses grupos quando observam alguma movimentação suspeita, há pessoas que possuem a única função de atuar como informantes, permanecendo em determinados pontos da região e enviando informações a respeito da presença policial.
Há uma forte ligação entre os gerentes da região da Grande Nova Almeida com outros traficantes, que integram a mesma organização em bairros do Município de Vitória. Essa ligação confere aos gerentes no Município de Serra o sentimento de subordinação a determinadas pessoas em Vitória.
Os Bairros Itararé e Tabuazeiro (Morro do Macaco), na capital, são fonte de envio de entorpecentes para a Grande Nova Almeida, em Serra, mas não é possível afirmar a exclusividade no fornecimento. É provável que também haja entregas regulares de entorpecentes diretamente em Serra, sem a obrigatoriedade de serem recebidos em Vitória, para posterior envio à Grande Nova Almeida.
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Os entorpecentes vendidos pelo grupo criminoso nos bairros do Município de Vitória normalmente recebem um selo com a inscrição “TCP CAPIXABA”.
É bastante comum por parte dos integrantes do grupo criminoso liderado pelos Irmãos Veras” o uso de símbolos, selos, pichações e gestos, que designem as expressões “Tudo 3” e “TD3”, uma alusão à organização criminosa “Terceiro Comando Puro”.
Assim, como se vê, o grupo era marcado pela intrincada divisão hierárquica, bem como pela utilização de grande quantidade de armas de fogo, que eram usadas para dissuadir a ação de outros grupos, bem como para intimidar e controlar a sociedade no entorno.
Vale ressaltar que o grupo faz ampla utilização de menores em suas ações, tendo sido identificados F. de J.J. e C.T. da C. no decorrer das investigações.
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E ainda, o grupo fazia amplo uso de armas de fogo, tanto para proteção da boca quanto para aterrorizar a população em seu entorno, tendo inclusive sido deflagrada uma granada contra os militares quando do cumprimento de um mandado de busca e apreensão.