Um PM suspeito de envolvimento em um sequestro em 2023 em São Gonçalo está sendo submetido a conselho disciplinar que poderá decidir pela sua expulsão da corporação.;
No dia 5 de junho de 2023, por volta das 13h, na Rua Pastor Avelino de Souza, bairro Colubandê, o PM e um comparsa sequestraram a vítima R.R.V., com o fim de obter vantagem econômica indevida, no valor de R$ 50.000,00 como condição para a liberdade de uma mulher e como preço de resgate.
Consta nos autos que a vítima estava em frente à sua residência, no interior de seu veículo VW/FOX, cor prata, quando foi abordada por três indivíduos armados que estavam em um Renault/Logan, também cor prata.
Um deles, trajando uma farda da Polícia Militar, desceu do carro com arma de fogo em punho, identificou-se como policial civil e arrancou a vítima pelos cabelos de dentro do seu veículo, forçando-a a entrar no automóvel dos sequestradores.
Durante a ação, o agressor agarrou o pescoço da vítima, xingou-a, desferiu diversos socos em sua cabeça e rosto, e afirmou: “Você vai morrer agora!”.
A vítima foi obrigada a entrar em contato com seu pai e sua irmã, pelo número de WhatsApp para solicitar o pagamento da quantia exigida de R$ 50.000,00, sob pena de morte caso o valor não fosse pago ou caso seus familiares procurassem a delegacia.
Diante das ameaças, os familiares efetuaram uma transferência de R$ 25.000,00 via PIX, ). Além disso, a irmã da vítima, Renata, compareceu a um posto de gasolina no bairro Colubandê, onde entregou R$ 20.000,00 (vinte mil reais) em espécie a Paulo V.D.C. (preso em flagrante), após serem contatados por mensagens e ligações realizadas pelos criminosos.
Com o pagamento total de R$45.000,00 (quarenta e cinco mil reais), a vítima Roberta foi li-bertada às 20h, em frente à UPA de Santa Luzia, e se apresentou à 72a DP, fornecendo mais informações para auxiliar nas investigações.
Dois suspeitos foram presos em flagrante e denunciados nos autos n.o 0815730-98.2023.8.19.0004, em trâmite na 1a Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo/RJ.
Durante a prisão de um deles, foi apreendido um aparelho celular, que teria sido utilizado pelo comparsa.
A quebra de sigilo de dados foi autorizada pelo juízo competente, nos autos da ação penal mencionada, e as provas obtidas foram compartilhadas para subsidiar a investigação, visando à identificação de outros comparsas.
A análise dos dados extraídos do aparelho permitiu identificar outros envolvidos, entre eles um sargento da PMERJ. que, em associação com Paulo e Marcos, praticaram, em bando, o crime de extorsão mediante sequestro.
As conversas no WhatsApp, bem como as fotos e vídeos armazenados no aparelho, demonstram que o PM e outros envolvidos atuaram de forma coordenada e eficaz com os demais acusados.
Durante o sequestro, conforme depoimentos, foram utilizadas pistolas e fuzis para ameaçar gravemente a vítima e seus familiares.
Quanto ao PM, restou demonstrado que ele realizou ligações para Paulo no dia seguinte ao sequestro.
Em sede policial, apresentou versão inverossímil sobre o motivo do contato, alegando tê-lo conhecido fortuitamente enquanto realizava serviços elétricos em Maricá.
Ressalta-se que um dos sequestradores trajava farda da Polícia Militar, portava fuzil e participou diretamente da captura da vítima.