MARIO HUGO MONKEN
Investigações revelam como se formou a milícia do Tubarão, que hoje é uma das maiores rivais do maior grupo paramilitar do Estado do Rio, liderado por Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho.
Um dos responsáveis pela criação do grupo foi o miliciano Xandy, integrante original do Bonde do Zinho, que passou a rivalizar com ele costurando diversas alianças com outros milicianos que também possuíam o desejo em comum de fazer oposição a quadrilha do irmão do falecido Ecko.
Xandy passou a se encaixar no cenário da baixadafluminense, em bairros do município de Nova Iguaçu, conhecidos como Km32 e Km34, além de parte do município de Seropédica.
Tais regiões, por anos, encontram-se sob influência de organizações criminosas armadas, constituídas em forma de milícia privada, e
ao menos desde o ano de 2021, estavam sendo palco de conflitos entre os grupos liderados por Zinho e Tandera.
Tandera após meses de conflitos, sofreu uma série de baixas de material humano e bélico, levando sua organização,
a extinção.
Com a extinção do “Bonde do Tandera”, os territórios antes influenciados por ele, passaram a ser geridos em uma parte por Juninho Varão e outra por Tubarão, identificado como Tauã de Oliveira Francisco.
Tubarão intensificou suas ações em busca da influência nas localidades.Ele é considerado o executor das ações criminosas, cujo autor mediato é apontado como “Xandy”, que se encontra acautelado na penitenciária Bandeira Stampa.
Desta forma, “Tubarão” é apontado como atual líder operacional da milícia que atua em Seropédica e parte de Nova Iguaçu (Km32 e Km34), na Baixada Fluminense, autodenominada “Bonde do Tubarão”, que mantém conflitos frequentes com o “Bonde do Zinho”.
Outros dados apontam também para a aliança firmada entre milicianos do “Bonde do Tubarão” junto a traficantes da
do Terceiro Comando Puro (TCP).
Ocorrências policiais do ano de 2013 indicam que “Tubarão ainda adolescente, já integrava o tráfico de drogas em
Seropédica, fato que comprova seu conhecimento e sua ligação à região e à dinâmica do narcotráfico, facilitando seu
estabelecimento na localidade e sua aliança ao TCP.
Tal ligação a traficantes do TCP se fundamenta ainda por apontamentos de inteligência que indicam que o miliciano conhecido como “Boto”, identificado como André Costa Bastos também teria firmado aliança semelhante para reforçar seu grupo diante de invasões e ataques rivais.
Salienta-se que Boto e Xandy estão acautelados na mesma galeria de presos, na Penitenciária Bandeira Stampa, comprovando a associação entre os dois líderes milicianos.
O criminoso “Xandy, também conhecido como “Solinha”, foi alvo da “Operação Dinastia”, realizada em agosto de 2022, que levou ao cárcere mais de 10 (dez) integrantes da orcrim liderada por “Zinho”.
As investigações ocorreram a partir de dados extraídos do aparelho celular de Rodrigo dos Santos, o Latrell, elemento da alta cúpula da citada milícia.
Dados da citada investigação revelaram que, mesmo preso na penitenciária Bandeira Stampa, “Xandy tinha o papel de compilar e gerenciar o repasse de informações sobre a movimentação policial e sobre a região de conflito entre a milícia de “Zinho” e de “Tandera”, à época. “Xandy” também era responsável pelo recrutamento de novos informantes para expansão da rede de informações do grupo.
Interceptações flagraram a participação de “Xandy” em negociações sobre compra e venda de armas e munições para a
milícia de “Zinho”, bem como o repasse de fotos de armas e do dinheiro proveniente das extorsões a moradores e comerciantes.
Xandy foi apontado também foi como responsável pelas ordens que culminaram no incêndio de vans nos bairros de
Paciência e Cosmos, na Zona Oeste do Rio, área de influência do miliciano rival “Zinho”, fato ocorrido em 22MAR2023.
Em março recente, milicianos ligados ao grupo do “Zinho” teriam ingressado no Km32, mais precisamente na localidade
conhecida como “Guacha”, mantendo intenso conflito com criminosos ligados ao grupo do “Tubarão”.
Na data de 14 de janeiro de 2023, três corpos foram encontrados no bairro Incra, em Seropédica, fato investigado sob inquérito policial em andamento na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, e que levou ao indiciamento de “Xandy, Tubarão”, ” e outros integrantes do grupo miliciano.
Pelo exposto, sabe-se que “Xandy” inicialmente integrava a quadrilha liderada por “Zinho”, porém atualmente é considerado membro de relevância na hierarquia do Bonde do Tubarão apontado inclusive como autor intelectual na tomada de decisões do grupo paramilitar e um dos principais rivais de Zinho”.