Um relatório da Polícia Civil obtido pela reportagem revela como é a guerra do tráfico na Ilha do Governador.
No bairro, pode-se apontar a presença do tráfico de drogas de duas facções rivais: Terceiro Comando Puro (TCP) e Comando Vermelho (CV), que constantemente entram em conflito por tomada de território.
Há registros de ocorrência que narram ataques “surpresas” entre as facções, onde dois ou três elementos, passando-se por usuários, se aproximam da boca de fumo e entram em rápido confronto com finalidade de se apoderarem dos fuzis que são utilizados na “contenção”.
Como consequência e reação, uma “boca de fumo” na área da outra facção, sofre o mesmo tipo de ataque, ambas causando morte e feridos em sua maioria.
Tais ataques são pontuais e não visam imediatamente a tomada do território, mas sim, se apropriar das armas utilizadas pela facção rival, tais ações deixam feridos e mortos entre membros das facções.
O Terceiro Comando Puro (TCP) tem por domínio territorial, cerca de 80% do Complexo do Dendê e Morro do Boogie Woogie, que avança geograficamente por toda parte central da Ilha do Governador e por toda sua extensão.
O Comando Vermelho (CV) possui como domínio de território principal as comunidades: Comunidade do Barbante e Vila Joaniza, localizadas na entrada da Ilha do Governador, posicionadas aos redores das bases militares da Aeronáutica.
O traficante Chapola, preso no Estado de Minas Gerais, fpo apontado nas investigações como líder da facção criminosa local, com domínio territorial do complexo do Dendê, responsável pela exploração do crime de tráfico de drogas, extorsão, distribuição de sinal ilegal (gatonet) dentre outros.
Com a sua prisão, assumiu o comando o bandido vulgo Neves que tem como principais assessores Neguinho, Flamengo, Pepa, Bomba,
As comunidades Barbante e Vila Joaniza, localizadas na entrada da Ilha do Governador, possuem estreita ligação com as lideranças do Complexo da Maré, formando um pool na prática de crimes.
Com as análises das ocorrências, pode-se afirmar, que em sua maioria os crimes de Roubo de Veículo, Roubo com retenção de vítima e de carga, além do Tráfico de Drogas, são praticados por elementos destas comunidades, assim como, do Complexo da Maré, esta, tendo em vista as rotas de fuga facilitadas pelas vias Linha Amarela e Linha Vermelha.
Em sua maioria, os crimes praticados por esta facção, limitam-se territorialmente suas práticas até a Praça do Avião, localizada na Estrada do Galeão, provavelmente em razão do rápido retorno ou saída da Iha do Governador.
As investigações apontam o elemento de vulgo “Cachulé, atualmente evadido do sistema penitenciário, como sendo líder do tráfico de drogas destas comunidades.
Ambas as facções realizam a defesa de “seus territórios” fazendo uso de armas e barreiras físicas que impeçam a entrada da força policial, visando a manutenção e domínio na venda de drogas em toda sua área. As análises demonstram que tais territórios vem se expandido e tais facções a cada dia reforçam seu poderio bélico.
Na circunscrição desta unidade, notadamente pode-se verificar o aumento dos conflitos armados entre traficantes e policiais, assim como o aumento dos pontos de venda de drogas.
Há investigações em curso, demonstrando a existência do “disque-drogas”, serviço disponibilizado pelo tráfico para entrega delivery de drogas,
Em outro curso da investigação, identificou-se o uso de máquinas de debito e crédito em vários pontos de venda de drogas, cuja finalidade seria a lavagem de capitais dos lucros obtidos com a ações criminosas.
Observa-se também, que as “bocas de fumo” passaram a ser posicionadas nas entradas das comunidades, mais próximas a “pista” e não mais no centro ou no alto da comunidade, e estas protegidas por elementos fortemente armados. Toda força armada do tráfico, assim como o gerenciamento na venda de drogas, é comandada a “longa manus” pelos líderes locais, que nunca se expõem diretamente em tais conflitos, mantendo se em segurança e ocultos no interior da comunidade. Devendo citar, que mesmo quando encarcerados, mantêm seus domínios através de contatos e ordem enviadas por linhas telefônicas celulares.
Em razão das facções possuírem delimitação territorial, pode-se facilmente identificar a “propriedade” e origem das drogas apreendidas ou vendidas, bem como dos armamentos utilizados nos conflitos, ou seja, por possuírem natureza territorialista e sendo facções rivais, pode-se atribuir por região, o controle, gerenciamento e o poder de mando de cada um dos identificados.
Em conclusão, é possível afirmar que a venda, a estocagem, o uso dos armamentos, o posicionamento das “bocas de fumo”, o controle financeiro, assim como a aquisição de novas drogas a serem preparadas para a venda, somente é possível ocorrer em uma área delimitada, sob o comando e controle dos “líderes” locais