A Polícia Militar decidiu submeter a conselho de disciplina, que pode definir pela expulsão de seus quadros, de dois agentes públicos suspeitos de envolvimento no comércio ilegal de armas de fogo apreendidas em ocorrências policiais na cidade de Barra Mansa, no Sul Fluminense.
Um dos investigados chegou a tramar o assassinato de um colega de farda chegando a dizer ao homem que encomendou o crime que “missão dada era missão cumprida” e que “faltava pouco” e usou também a expressão ‘caixão fechado’ (leia mais abaixo)
Foram encontradas informações da participação dos policiais no esquema no celular de um outro envolvido na trama.
Os autos revelam que foi verificado que um dos militares conhecido como Batata possuía uma grande quantidade de munições e material para recarga de munições, reforçando os indícios de que ele comercializava, de forma clandestina e criminosa, armas de fogo e munições, conforme registro fotográfico.
Esse PM se valia do seu registro de atirador (Colecionador, Atirador e Caçador – CAC) para a realização da venda clandestina de armas de fogo e munições,
Exposição de armas a variados valores
Consta que no dia 25Ago19, por volta das 15h, o PM expôs a venda uma arma de fogo não identificada, oferecendo-a pelo valor de R$3.500,00, conforme mensagens trocadas com um comparsa via aplicativo WhatsApp. Igualmente, no dia 06Set19, esclarece que devolveu para um terceiro não identificado o “Nextel”, expressão utilizada para dissimular o termo arma de fogo, haja vista que no decurso das conversas, o militar indagou ao cúmplice se “Esse Nextel é preto ou cromado”.
No dia 26Jan21, por volta das 20h, o PM expôs a venda um carregador de pistola PT Ruger .40, modelo SR40, oferecenda pelo va-
lor de R$500,00 conforme mensagens extraídas do celular do próprio militar.
Já no dia 08Mai21, por volta das 00h, ele expôs a venda uma pistola 9mm, oferecendo-a pelo valor de R$7.750,00. Neste dia, um homem enviou mensagem para o agbente” dizendo que o “cara vai ficar com a 9”, complementando, “falou que quer ver amanhã”.
O PM então, indagou qual o preço o homem passou para o promitente comprador, e este responde “ele vai pagar 7.750, 250 meu”, o militar conclui a conversa com a seguinte resposta “Beleza”, “Marca para domingo”, de acordo com a conversa extraída do aparelho de celular do investigado.
Em 11Mai22, por volta das 00h:30min, o policial recebeu uma mensagem, que perguntava o que ele “tinha de bom pra rolo”.
O militar enviou e apaga a foto de uma arma de fogo, neste momento um homem elogiou e pergunta “quanto vale”, sendo respondido pelo militar “7500”.
Em seguida, o comprador indaga sobre o calibre e se a arma seria do PM” ou se teriam deixado com ele para a venda, sendo confirmado pelo policial que se tratava de uma pistola 9mm, a qual fora entregue a ele para que ele mesmo realizasse a intermediação da venda.
Cartela de munições
Entre os dias 18 e 24 de junho de 2021, o PM se valendo do seu registro de CAC (Colecionar, Atirador e Caçador), adquiriu duas cartelas de munições de calibre indeterminado, realizando, em seguida, a venda de tais munições, através da intermediação de um homem conhecido como Niltinho, este que havia encomendado a compra de tais munições.
Assim, no dia 18Jun21, “Niltinho”, entrou em contato com o militar perguntando se este não teria “bala” para vender, o militar responde que não dispunha, porém pede para que o nacional deixe a quantia de R$150,00 a fim de que ele pessoalmente realize a compra das munições.
Posteriormente, “Niltinho encaminhou as mensagens do comprador para o militar, restando clara a intermediação realizada por este nacional, informando que vai querer duas (cartelas).
No dia 19Jun21, o militar em tela pediu ao intermediário-que este separasse o dinheiro para comprar quatro cartelas, porém o comprador disse a Niltinho que ia querer apenas 02(duas) cartelas de munição, ficando acertado valor de R$300,00.
Por fim, no dia 24Jun21, “Niltinho” perguntou para o militar se a entrega das balas foi realizada, este responde positivamente, porém pontua a falta do valor de R$40,00.
Houve conversas sobre negociações de armas pelo PM ainda em as conversas nas datas de: 31Jul21, 02Ago21,04Set21, 09Set21, entre 29Set21 e 05Out21, 09Out21, 09Jan22, 24Jan22, 25Jan22, 28Jan22, 30Jan22 e em 23Mar22.
Roubo de arma e trama para homicídio
O outro PM envolvido participou de uma trama para subtrair uma arma que se encontrava no interior de um veículo “celtinha” que ficava estacionado na garagem na beira da rua.
Neste diálogo, o militar disse “abre sim” e que “qualquer coisa a gente quebra o vidro, pega e rala”, conforme conversa no aplicativo WhatsApp.
No dia 20Jun19, é possível verificar no diálogo travado entre um suspeito e o PM em que o agente recebeu a foto de uma arma longa, calibre 7.62mm e é questionado sobre o preço.
O PM também teria participado de um planejamento de um homicídio de um colega.
Consta no dia 06Mai19, o pedido do PM a um homem que havia encomendado o crime para que ele tenha paciência, prometen- do-lhe que o problema será resolvido, pois ele tem palavra de homem.
Ainda neste contato por troca de mensagens via WhatsApp, o sindicado pede ao homem que lhe venda uma cartela de munição.
Já no dia12Mai19, o homem enviou ao agente uma foto dele ao lado do alvo para o com a seguinte legenda: “foto antiga que encontrei com o ingrato, traidor.
Em resposta, o PM disse. “Jamais deixa de cumprir uma missão, pois missão dada é missão cumprida”.
Em outro diálogo, o policial voltou a pedir paciência dizendo-lhe “falta pouco” e pedindo para que aguarde para “ver o que vai acontecer”, diz ainda “caixão fechado”, deixando, assim, clara a pretensão de executar o colega de farda de forma violenta.
Em relação à prática de comércio ilegal de armas de fogo, é possível verificar que no dia 27Mar22, por volta das 17h, no município de Barra Mansa, esse segundo PM expôs a venda uma espingarda, oferecendo-a pelo valor de R$6.000,00, conforme mensagens extraídas do aparelho de celular do referido militar, divulgando foto da espingarda e o valor de venda para os seus contatos de WhatsApp.