Um dos chefes do tráfico na Favela da Rocinha, Leandro Pereira da Rocha, o Bambu ou Goiabada, foi condenado a oito anos de prisão pela sua atuação no crime na comunidade. Com ele, outros quatro também foram sentenciados.
A condenação decidida em agosto foi de um processo de 2018 resultante de uma investigação da Polícia Federal sobre o tráfico na Rocinha e Vidigal. Ao todo, foram 25 denunciados.
Sobre Bambu, ele passou a ocupar o posto de líder em substituição ao traficante Gênio, destituído em 2018 por ordem de Rogério 157, que tirou o comando da favela do traficante Nem, que era da ADA (Amigos dos Amigos)..
Leandro era muito citado pelos outros traficantes que estavam sendo monitorados, sendo que muitos desses eram próximos a ele e eram responsáveis por fazer a sua segurança.
Nessas conversas, os traficantes se referiam a Leandro pelos vulgos de Pai ou 2B.
A maioria das chamadas interceptadas do réu Leandro era realizada com sua esposa, as quais faziam referência a remessas de dinheiro que envia para ela guardar.
Em uma das interceptações, Pai foi citado como querendo informações sobre a movimentação de policiais na comunidade.
Em outra, foi mencionado que ele deu ordens para o posicionamento de traficantes com fuzil em um determinado ponto da favela.
Não foi fácil para Bambu se tornar líder na favela depois da troca de facção. Em uma conversa, ele reclamou com a esposa Luana que estava sendo hostilizado nas redes sociais por moradores que o acusavam de ter “mudado de lado.
As interceptações também apontaram que o acusado Leandro ficava na parte mais baixa da comunidade, enquanto o corréu John Wallace, vulgo Bravo, na parte alta.
As investigações apontaram que já naquela época, os traficantes subjugavam os moradores, que viviam com medo.
Alguns residentes colaboravam com a quadrilha e que outros apenas conviviam com aquela realidade, sem prestar qualquer auxílio.
Além disso, os traficantes do Vidigal e da Rocinha faziam uso ostensivo de arma de fogos, sendo a quadrilha da Rocinha uma das mais poderosas do Rio de Janeiro em termos de armamentos.
Grande parte disso se deve a Rogério que” adquiriu grande quantidade de fuzis e de pistolas, e que uma parte deste arsenal foi repassado para a facção Comando Vermelho.
Os traficantes contavam com um aparato de segurança e de olheiros muito grande, o que dificultava as incursões policiais, pois os criminosos ficavam sabendo com antecedência das operações e se preparavam para o confronto, além de se esconderem na mata que fica no entorno das comunidades.
Mototaxistas também prestavam auxílio, informando sobre o posicionamento policial.
As investigações indicavam que a liderança do “Nem da Rocinha”, sob o comando da facção ADA, tinha um viés mais pacífico em relação aos moradores.
Houve uma resistência por parte de alguns criminosos no que concerne à liderança de “Rogério 157” em razão de sua decisão de romper com o ADA e se aliar ao Comando Vermelho
Gênio, por exemplo, perdeu sua posição de destaque em virtude de sua resistência ao comando de “Rogério 157” por ser leal ao “Nem da Rocinha”.
Um traficante denunciado mas que não foi condenado disse que policiais exigiram dinheiro para não o levá-lo preso, ocasião em que ele estava sendo interceptado e telefonou para o celular de um dos seguranças de “Bravo” para tentar negociar o valor exigido pelos agentes. Esclareceu que “Bravo” não chegou a falar no telefone com ele, mas foi possível ouvi-lo ao fundo dando orientações, inclusive dizendo que não daria para ajudar o réu naquele momento