s chefões do tráfico do Morro do Dendê, na Ilha do Governador, vulgos Neves e Chapola tiveram as prisões preventivas decretadas pelo assassinato de Daniel Wesley Lima da Silva, ocorrido em 31 de dezembro de 2020.
Conforme consta nos autos, na data supracitada a vítima foi abordada e levada até o interior da comunidade Morro do Dendê por integrantes do tráfico de drogas da localidade onde, na presença dos denunciados “Neves”, “Chapola” e “Leozinho da Praia”, foi executada.
O cadáver da vítima foi encontrado em 06 de janeiro de 2021, dentro da Baia de Guanabara, no bairro Caju, de onde foi retirado esquartejado, sem cabeça e em avançado estado de putrefação.
Os denunciados “Neves” e “Chapola”, na função de líderes do tráfico de drogas das comunidades do Guarabu/Dendê, foram os responsáveis por dar a ordem de execução da vítima, bem como seu esquartejamento e posterior descarte na Baía de Guanabara.
O denunciado “Leozinho da Praia” participou da empreitada criminosa, sendo o responsável pela execução e esquartejamento da vítima.
O denunciado “Dudu Vascaíno” teve a função de “entregar” a vítima às lideranças do tráfico de drogas nas comunidades do Guarabu/Dendê, sob o argumento de que Daniel teria a intenção de “tomar um fuzil dos traficantes”, prestando aos demais denunciados informações acerca da identidade e localização da vítima para que essa fosse morta.
O crime foi praticado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, tendo em vista que esta foi amarrada e executada pelos criminosos no interior da comunidade do Dendê, sem que tivesse qualquer chance de defesa.
O crime foi praticado por motivo fútil e por motivo torpe, em razão de boatos de que a vítima teria a intenção de “tomar um fuzil dos traficantes”.
Os bandidos ocultaram o cadáver da vítima, jogando-o, esquartejado, na Baía de Guanabara, sendo os despojos localizados apenas no dia 06 de janeiro de 2021, dentro da Baia de Guanabara, no bairro Caju, 06 (seis) dias após o seu desaparecimento, sem cabeça, em avançado estado de putrefação.
Uma testemunha disse
afirmou que, no dia 31/12/2020, por volta das 16h00min, Daniel, após terem ido juntos ao Supermercado Mundial, a deixou na casa dos pais dele, local aonde estavam residindo temporariamente, próximo a Comunidade Boogie Woogie e foi trabalhar.
Daniel trabalhava com uma Kombi fazendo o transporte de passageiros no o trajeto do ponto do Supermercado Mundial do Cacuaia, passava pela Comunidade do Guarabu e ia até o Shopping Ilha Plaza;
Afirmou que como Daniel estava demorando muito pra voltar, ficou com raiva e acreditou que estivesse sendo sacaneada por ele; estando chapado de maconha com outra mulher.
Disse que haviam brigado no Natal e, na ocasião. os traficantes deram um esculacho nele.
Ela falou para uma amiga no Whatsapp que Daniel havia dado o papo errado mas não explicou o motivo sob alegação que teve e tem muito medo de se comprometer, pois acredita que o caso envolve o tráfico de drogas da região sob o domínio do Terceiro Comando;
Depois falou que tal afirmação se referia ao fato de que em meados de dezembro Daniel chegou em casa falou “cheguei lá no ponto(Ponto de Kombi do Mundial) e disseram pra mim voltar porque os caras de lá queriam me pegar”;
Perguntada, afirmou que o motivo possivelmente teria sido o fato de Daniel ter brincado com um colega dizendo “você tem coragem de pegar aquele fuzil lá?!”;
Perguntada se ele poderia ter dito isso com raiva após ter tomado um esculacho, afirma que não sabe.
Falou também que após esse fato Daniel disse que tava desenrolando com os traficantes que era um mal entendido, que teria falado apenas por brincadeira.
Se lembrou que Daniel ficou um tempo sem trabalhar, possivelmente com receio desse fato;
Outra testemunha disse que soube por moradores da localidade que antes do homicídio de Daniel estava na via, bebendo no Comunidade do Guarabu, momento em que passou um traficante “baixo” (pequena estatura), portando um fuzil, quando Daniel disse: “Ele (traficante) é tão pequeno que não dá conta de segurar o fuzil. Que dá pra tomar o fuzil!” ;
Alega alega que o nacional conhecido como “Dudu Vascaíno”, que trabalha como motorista de Kombi, itinerário Cacuia-Dendê Q
Disse que tomou conhecimento de que Dudu contou ao Chefe do Tráfico de Drogas do Guarabu, Mario Henrique Paranhos de Oliveira, vulgo “Neves”, que Daniel queria tomar o fuzil de um dos seus homens;
Soube que Neves pediu a Dudu que tirasse uma foto de Daniel e que isso foi feito e solicitou a Leozinho para matar Daniel.
Segundo seu relato,l no mesmo dia, Leozinho matou seis homens e disse acreditar que “Leozinho” é o executor da facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP);
Leozinho foi morto no início de fevereiro 2021, conforme RO 901-00148/2021;
Segundo a testemunha, Chapola chamou Leozinho para um churrasco na caixa d`gua do Dendê, e “Chapola” deu um tiro nas costas de “Leozinho”, por estar roubando dinheiro da “boca”;
Falou que Daniel foi pego dentro de um bar, no interior da Comunidade do “Guarabu” por traficantes, por volta das 19h e
Contou que quando Daniel foi capturado pelos traficantes, deixou o seu telefone com a companheira.
Falou ainda que sua filha esteve frente a frente com o chefe do tráfico após o homicídio de Daniel e perguntou se ele morreu porque teria feito alguma coisa;
A testemunha disse temer pela vida de sua filha Gisele que reside na Comunidade Boogie Woogie.
No dia 08/02/2021, estava na praia da Freguesia, em um quiosque, quando aproximou-se um homem que não conhece e disse que a depoente que não chorasse mais não que o responsável pela morte de Daniel já estava morto;
Disse que recebeu uma ligação de uma pessoa da localidade que confirmou que o autor do homicídio do seu filho de vulgo ” Leozinho” havia sido morto;
Contou também que soube que no final de dezembro de 2020, que Daniel “tomou uma surra” de traficantes do Boogie Woogie, por ter brigado com a mulher
Não soube dos comentários de que Daniel teria dado um soco no rosto de um traficante
Acrescentou que o motivo da morte da vítima é que alegaram que ele era ladrão e que ele queria roubar um fuzil, ficou uma má fama na localidade e pessoas que conheciam testemunha as bloquearam nas redes sociais;
Explanou ainda que esteve de frente com “Dudu Vasca[no”, ao lado do mercado mundial da Cacuía e indagou-o se a sua consciência não doía por ter tirado a foto do seu filho para levar para os traficantes matar o seu filho;
Dudu Vascaíno disse que a declarante estava ficando doida e que ele não fez nada disso. A testemunha respondeu que foi você sim e sabe o que fez quando Dudu Vascaíno ficou assustado.
Uma terceira testemunha disse que cerca de dois dias antes da morte de Daniel começaram a surgir boatos que ele estava andando armado, durante o transporte de passageiros.
Começaram também a falar que Daniel queria tomar um fuzil dos traficantes do morro do Dendê. Esses boatos começaram entre os motorista de Kombi, porém todos sabem que foi “dudu vascaíno” quem levou ao conhecimento dos traficantes do TCP (Terceiro Comando Puro) que Daniel queria tomar um fuzil do tráfico.
Dudu Vascaíno tinha boa relação com os traficantes por ser “cria” do morro, e já ter sido envolvido com atividades criminosas ligadas ao tráfico de drogas;
O depoente disse acreditar que “dudu vascaíno” ficou com raiva porque ele deixou de trabalhar para ele;
Falou que todas pessoas que trabalhavam em frente o Mercado Mundial, tanto os comerciantes, quanto os motoristas de kombi sabiam que Daniel estava andando armado, que ele nunca escondeu de ninguém isso nunca escondeu de ninguém;
Ele relatou que, no final do ano de 2020 bateram na porta de sua casa. Que eram cerca de oito homens armados, que estavam em dois carros, todos portando fuzis; Que disseram ao declarante que o “Mano” estava chamando;
Que o declarante entrou em um dos carros e foi para a rua Boa Vista, que é conhecida por todos na comunidade do Dendê, como rua onde os traficantes executam suas vítimas;
Que ao chegar na rua Boa Vista, estavam no local os principais líderes da facção criminosa TCP (Terceiro Comando Puro) da Comunidade do Dendê, os elementos que atendem pelos vulgos: “neves”, “chapola” e um outro elemento que atendia pelo vulgo de “Léo da praia.
Léo da Praia”, já falecido, era conhecido como responsável por cortar os corpos das vítimas; Que naquele momento o declarante notou que Daniel já estava com os pés e mãos amarrados; Que “dudu vascaíno” não estava no local
No momento da chegada do declarante, os traficantes já estavam vasculhando o telefone de Daniel Que “neves” perguntou se o declarante estava envolvido com DANIEL contra o tráfico de drogas;
Segundo ele, Neves e outros traficantes que o declarante não sabe identificar ficaram por cerca de 2 horas vasculhando seu telefone, olhando fotos, e verificando conversas; Que em um dado momento “neves” disse que o declarante não iria morrer, tendo então o liberaram.
Ele saiu do local tendo Daniel ficado amarrado em poder dos traficantes. Não viu ele sendo morto.
No dia seguinte, começaram a surgir boatos que Daniel estava sumido.
Uma semana após o ocorrido, a testemunha deixou a comunidade do Dendê com medo de ser morto pelos traficantes; Conseguiu emprego em uma obra e nunca mais retornou para a comunidade.