A investigação da Polícia Civil que resultou na deflagração ontem de uma operação contra a a lavagem de dinheiro da facção crminosa Comando Vermelho aponta que o dinheiro obtido com o tráfico da organização” no Rio de Janeiro seria lavado por intermédio de depósitos bancários em favor de contas tituladas por pessoas jurídicas localizadas em regiões de fronteira do Estado do Amazonas.
As pessoas jurídicas beneficiadas seriam fictícias ou reais, mas que emprestariam suas contas para a passagem do dinheiro sujo, valor dissociado de sua atividade-fim, de forma a ocultar sua origem.
Os traficantes Mano Kaio e Silvinho seriam líderes do Comando Vermelho do Amazonas no Rio de Janeiro.
Rafael, Manoel, Ednelson, Felipe e Luciana seriam traficantes colaboradores depositantes dos valores oriundos do tráfico.
Antônio, Raimundo, Alcides, André Luiz, Andre Luis, Maria de Fátima, Antônio Carlos, Patrick, Francisco, Simone, Valmir, Tatiane e Kássia seriam donos ou gestores das empresas destinatárias dos depósitos.
Pablo e Flor seriam destinatários finais dos valores.
Joseane, Maria do Socorro e Lilian seriam familiares colaboradores ou “laranjas”.
Mano Kaio seria fugitivo da Justiça do Estado do Amazonas e estaria escondido na Comunidade “Nova Holanda”, aderindo ao tráfico local.
Teria se utilizado de terceiros para a dissimulação da origem do dinheiro oriundo do tráfico. Sua participação e liderança estão indiciadas pela quebra telemática retratada, exemplificativamente, com fotografias indicando que ele seria líder do tráfico armado local.
A quebra telemática de sua companheira teria revelado movimentação de altas quantias, além de fotografias que indiciam o papel de liderança de Kaio no tráfico e o elo do casal nas atividades.
Dados retratados às da denúncia indiciam a complexidade das operações realizadas por ambos
Silvinho também usaria terceiros para a prática do crime de lavagem.
Rafael seria outro intermediário nos depósitos dos valores, tendo, em tese, adquirido veículos em valores muito acima de sua capacidade financeira.
Há planilhas de transações financeiras indicando movimentações suspeitas de vultosas quantias.
Ednelson também teria realizado inúmeros depósitos em prol de pessoas jurídicas e outras contas vinculadas aos envolvidos. As transações dele foram superiores a R$ 170.000.
A empresa de Alcides recebido depósitos em valores superiores a R$ 640.000,00 de traficantes.
Os dois Andrés (um deles policial) atuariam igualmente, como gestores de empresas destinatárias de depósitos oriundos do tráfico, cobrando uma taxa de 2% por essa atividade, dividida entre os dois.
Luciana teria sido responsável por 10 (dez) depósitos em espécie oriundos de Rafael e Ednelson.
Patrick seria responsável por empresa sediada em Cascavel/PR, destinatária de depósitos realizados por traficantes fluminenses.
Simone utilizava de empresa de colchões, também com sede em Cascavel/PR, para fazer movimentações bancárias atípicas.
Os depósitos em espécie na empresa gerida por Pablo chegariam a valores superiores a R$ 2.724.000,00. Kássia teria, inclusive, emprestado seu nome para que ele comprasse motocicleta,
Joseane, companheira de Mano Kaio, auxiliaria na transmissão de ordens de seu marido, bem como especificaria as contas participantes do esquema de lavagem, contando com transações financeiras atípicas
A empresa de Antônio e Maria do Socorro teria movimentado, em cinco meses, valores superiores a R$ 3.000.000,00.
Dibh seria depositante de valores, tendo realizado ao menos dois depósitos em espécie em prol de pessoas jurídicas implicadas, em tese, no esquema criminoso.
A investigação aponta indícios da prática de graves crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro, tendo como crimes antecedentes o tráfico interestadual de drogas e sua associação.
A apuração aponta para mais de 20 envolvidos e uma complexidade do esquema de lavagem de dinheiro com múltiplas transações financeiras, envolvendo cifras milionárias, utilização de várias pessoas jurídicas distintas, em diversos estados federados, como Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Amazonas, além do envolvimento de cidadãos estrangeiros e líderes do tráfico com atuação nacional (ao menos nas regiões sudeste, sul e norte)