Relatório detalha a cisão ocorrida dentro da facção Guardiões do Estado GDE e sua relação com os sucessivos crimes de homicídio na região metropolitana do Ceará.
No relatório, os policiais consignaram que algumas lideranças da GDE se organizaram e decidiram abdicar dessa facção para estabelecer uma aliança com facção carioca Terceiro Comando Puro – TCP, que é rival do Comando Vermelho e aliada do Primeiro Comando da Capital.
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Ainda de acordo com o documento, três faccionados que ocupavam posição de liderança foram até a capital fluminense para efetivar tal aliança, sendo eles: “Boladão”, “Bacurau”/”Argentino” e “Véi”. Bacurau foi preso recentemente no Complexo da Maré.
Ocorre que essa atitude desagradou outros membros que se posicionaram contrariamente à nova coalizão e consideraram esse comportamento um verdadeiro “golpe de estado contra a GDE”.
Por tal motivo, instalou-se um conflito interno, emque vários faccionados tiveram suas mortes decretadas, dando início a uma série de homicídios nas áreas de atuação dos envolvidos.
Assim, considerando que “Boladão” é uma das lideranças do Lagamar, foi nesse contexto que, na tarde do dia 18 de fevereiro de 2023, um grupo de infratores pertencentes ao grupo liderado por José Paulo, vulgo “Preto”, invadiu a parte do Lagamar sujeita ao comando do líder dissidente e assassinaram de forma brutal os “meninos do Boladão.
De acordo com o mesmo relatório, a Polícia Judiciária identificou pelo menos cinco salves divulgados pelos criminosos em redes sociais, coma decretação dos citados líderes: (…)
Corroborando as informações propagadas nos “salves”, foram colacionadas imagens extraídas de vídeos postados em redes sociais nos quais “Boladão” e “Argentino” (então líder da GDE no Jangurussu) aparecem como “decretados”:
Foi assim comprovada a ordem de execução dos dissidentes da GDE, dentre os quais “Boladão”.
A polícia analisou as mortes de quatro pessoas no conflito _ Yuri, Eduardo, Cauê e Aírton.
A companheira de Yuri confirmou que o vitimado pertencia à facção GDE e já tinha ouvido comentário de que ele trabalhava para a pessoa conhecida pelo apelido de “Boladão”, relatando que o companheiro vendia drogas no lado do Lagamar que fica mais próximo ao Bairro Aerolândia. A testemunha confirmou ainda que soube que a Yuri havia feito uma viagem para o Estado do Rio de Janeiro.
A mãe de Yuri também afirmou ter conhecimento de que seu filho era batizado na facção criminosa Guardiões do Estado e que ouviu comentários de que todas as vítimas pertenciam a mesma facção.
Além disso relatou que, algum tempo antes de falecer, a vítima teria comentado com ela que “”Preto’ estava com maldade nele”, sem ter dado maiores detalhes.
Por fim, a testemunha foi indagada, tendo respondido: “Tipo me fazendo medo neh?” em seguida falou: “Tá bom! Não quero falar mais não” e complementou “Depois desse acontecido minha vida virou um inferno” Uma outra testemunha confirmou que “Boladão” era um “ex-patrão” da região do Lagamar e que havia passado a fazer parte de outra facção. Informou que as vítimas eram envolvidas com facção e venda de drogas. Afirmou que na comunidade todo mundo comenta sobre os nomes das pessoas envolvidas, mas não falam com as autoridades por medo de morrer