A investigação da Polícia Federal sobre a quadrilha dedicada ao tráfico internacional de armas e munições para fornecer a traficantes, milícias e grupos de extermínio do RJ do qual fazia parte o ex-PM Ronnie Lessa tem escutas telefônicas onde um dos membros, são as conversas travadas entre Negão, Ursou ou Gordo e um e indivíduo identificado apenas como Henrique Montador, que mantém contato com traficantes que compram armamento do grupo.
No papo, Gordo cobrava valores devidos pela venda de armas e informa sobre a previsão de chegada de novas peças.
Em conversa interceptada legalmente, Gordo ainda comentou que ia falar com o “homem” (chefe do bando, vulgo Careca) sobre a possibilidade de mandar “coisas diferentes”, como “Getreizinho” (alegadamente um fuzil com ponta azul) mostrado em foto enviada por Montador.
A quadrilha era responsável por trazer ilegalmente armas de grosso calibre, escondidas em mercadorias trazidas dos EUA para o Brasil.
Os membros eram de vulgos Gio, Kiki, Careca, Negão (Urso ou Gordo), Alex, Ilma Lustoza e Ronnie Lessa.
Além de armas, o bando traficava peças de armas, acessórios e munições dos EUA para o Brasil.
Após descrever operações fraudulentas de importações ocorridas entre os anos de 2014 e 2019, a investigação destacou que a célula atuante no Brasil armazenava o material bélico em um entreposto situado na Vila Isabel (casa da investigada Ilma Lustoza de Oliveira) com o fim de vendê-lo para traficantes de drogas da Maré e do Morro dos Macacos, milicianos e grupos de extermínio no Rio de Janeiro.
Alex integrava a célula da organização estabelecida no Rio de Janeiro auxiliando seu irmão Negão no recebimento das peças, munições e acessórios das armas enviadas dos Estados Unidos para o Brasil, e ainda na montagem, usinagem, venda e distribuição do armamento em território nacional
A denúncia descreve ainda que membros da organização criminosa detentores tinham a função de montagem das peças remetidas, valendo-se para tanto de impressoras 3D,máquinas perfurantes, com o uso de brocas e softwares específicos, capazes de realizar com perfeição furos no bloco principal (lower receiver) que integravam os armamentos, como, por exemplo, os do fuzil AR-15″, o que revela a possível capacidade do grupo investigado produzir parte do material bélico em solo brasileiro.
Há também informações de que, tão logo desembaraçadas as mercadorias, o grupo levava o material bélico para a casa de uma das pessoas investigadas (Ilma Lustoza) onde ficavam estocadas, ao passo que Alex e seu irmão Negão ou Gordo supostamente negociavam as mercadorias, fazendo depósitos fracionados inferiores a R$ 10.000,00 (dez mil reais), em várias agências bancárias, para pagar os vendedores estabelecidos nos Estados Unidos, evitando com isso chamar a atenção para suas atividades criminosas