Relatório policial explica como funciona o tráfico de drogas nas comunidades do Parque União e da Nova Holanda, redutos da facção criminosa Comando Vermelho no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio.
No Parque União, o líder é Jorge Luiz Moura Barbosa, o Alvarenga,
Enteado de José Evaristo Resende, o Zé Gordo, conhecido sequestrador e assaltante de banco nos anos 90, um dos grandes
líderes do CV, Alvarenga herdou o império daquele que o criou desde jovem.
Ele costuma promover bailes funks na comunidade sendo certo que que com essas festas o criminoso consegue incrementar a venda de material entorpecente.
Alvarenga controla o Parque União há mais de uma década, O criminoso, nascido no conjunto de favelas, nunca foi preso.
É considerado foragido desde 2006, quando passou a responder o primeiro processo criminal por tráfico de drogas.
Contando com pelo menos 23 anotações no banco de dados do portal da segurança, “Alvarenga” possui em seu desfavor pelo
menos outros nove mandados de prisão preventiva.
Os demais integrantes da quadrilha se reportam e seguem suas orientações referentes à compra e venda de drogas, incluindo valores, forma de venda e de acondicionamento, local, arregimentação de mão-de-obra e definição de funções na empresa criminosa, conquista de território então explorado pela quadrilha rival, aquisição de armamento e munições, definição de punições para os desafetos ou
qualquer pessoa que descumpra suas ordens ou possa, de qualquer forma, ser um obstáculo para a realização do tráfico de drogas e demais delitos a ele conexos.
Determina, ainda, as regras de trânsito de veículos e posturas no Parque União.
Alvarenga é associado a figura de um tubarão. Imagens do tubarão constam, inclusive, em diversos fuzis, quase que como uma “marca registrada”.
Seu gerente geral era Mário Bigode, morto em confronto com a polícia em 2022. Ele, eventualmente, substituía o líder e repassava as orientações a serem cumpridas aos chamados “gerentes de firmas”. Ele era associado ao personagem Super Mário.
O relatório ainda aponta como soldados Naldo, Léo GTA, Gordinho, Bicuí e Buda.
Na Nova Holanda, o líder era Rodrigo da Silva Caetano, o Motoboy que, segundo relatos, teria deixado a comunidade pressionado por supostas dívidas com a facção. Ele herdou o comando de Amabílio. Motoboy tem pelo menos 13 mandados de prisão e. 64 anotações criminais, a maioria por crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, roubo, homicídio e latrocínio.
Quem estaria a frente hoje da Nova Holanda é Luiz Carlos Gonçalves de Souza, vulgo LC, mas Motoboy era cultuado.. Seus subordinados o chamavam de “pai” e “patrão”. Seu aniversário rendia inúmeras postagens nas redes sociais.
Outras figuras importantes do tráfico na Nova Holanda são JD (gerente geral) Barriga (atuante no roubo de carga), Jovem (gerente), Ninho (gerente), Milinho (roubo de carga), Geléia (roubo de carga).
Segundo o relatório, a região, hostil às forças de segurança, é totalmente conflagrada, mormente pelos constantes conflitos armados com a facção rival, sobretudo na divisa com a comunidade da Baixa do Sapateiro, dominada pela facção rival Terceiro Comando Puro (TCP).
Fazem parte da rotina da comunidade os tiroteios envolvendo traficantes e policiais e traficantes das facções rivais.
O ingresso nestas regiões pelas forças de segurança só é possível com aparatos especiais, tais como blindados e aeronaves, tamanho o arsenal dos marginais da lei.
Em perfis de redes sociais dos criminosos, há exibições de armas de grosso calibre, capazes de derrubar aeronaves e romper blindagens de veículos especiais, com nome de cantoras populares, uma referência ao barulho que fazem (no sentido de que “cantariam” muito):
São comuns as festas do tráfico, algumas delas até muito famosas, a exemplo dos bailes funks nas duas comunidades do CV .” com a participação de artistas populares. Essas festas servem para promover e patrocinar as atividades de tráfico de drogas.
Veja a letra de um proibidão dos traficantes da Nova Holanda. A postagem é de uma “música” (famoso “proibidão”)
com os seguintes dizeres:
“Na relíquia do MB, agora Motoboy, o mano LC, mas o nosso estatuto aqui nada mudou, estamos aí para matar ou morrer, defendendo o favelão, com toda disposição, fazendo a segurança dos moradores e honrando a nossa facção; (…
Traficantes foram flagrados em reportagem televisiva circulando armados pela Nova Holanda, entre eles o próprio Motoboy,
Parque União e Nova Holanda são comunidades com acessos estratégicos do ponto de vista do recebimento de grandes quantidades de drogas, armas e munições, bem como do acolhimento de quadrilhas de roubadores de cargas e carros. Além de estarem localizadas estrategicamente, os líderes de tais comunidades contam com poder bélico que dificulta demasiadamente a atuação policial no território.
Diante das inúmeras rotas e da difícil fiscalização pela segurança pública nos territórios de entrada e saída de armas e drogas no estado do Rio de Janeiro, a rota marítima vem sendo investigada já que beiram as comunidades, haja vista a localidade ser um importante entreposto para o tráfico no Rio.
No Parque União, foi feita em 2019, uma das maiores apreensões de drogas e armas da história do Rio, fizeram a maior apreensão de armas e drogas da história do Estado do Rio. No total, foram apreendidas 31 armas, das quais 23 eram fuzis e 75 granadas, além de vasta munição para diversos calibres e 8,5 toneladas de drogas.
Havia também a associação com criminosos de outros estados, como Silvinho, integrante do CV em Manaus e fornecedor de skunk colombiano para os traficantes cariocas.
Silvinho espalhou seus homens pela Penha (Mano Kaio, Jogador) e Nova Holanda (Ednelson, Rafinha e Playboy).
Em março deste ano, foi preso o líder máximo do CV em Sergipe, vulgo Ramster, que estava escondido no Parque Rubens Vaz, parte integrante do complexo de comunidades que compõem o Parque União e Nova Holanda.